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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um antecedente da "Independência" do Brasil na visão de Maria Graham: Conflito entre as Juntas Governativas de Recife contra a de Goiana

Conflito entre as Juntas Governativas de Recife contra a de Goiana
Autor: Itacir José Santim 

Maria Graham nasceu em Pepscastle, perto de Cockermouth, na Inglaterra, em 19 de junho de 1785 e viveu até 1842. Ela era filha do comissário do Almirantado Britânico vice-almirante George Dundas. Recebeu boa educação e tornou-se hábil conhecedora em literatura inglesa e estrangeira, arte e uma excelente desenhista. Seu primeiro livro de viagens surgiu após a viagem à Índia feita com o pai em 1808. No ano seguinte, casou-se com o Capitão da Marinha Thomas Graham. Pode-se afirmar que foi uma das viajantes beneficiadas com a abertura dos portos brasileiros permitida por D. João VI. Em 1821, a bordo da Fragata Dóris capitaneada pelo marido ela, como professora de literatura de uma turma de guardas-marinha, vem pela primeira vez ao Brasil, desembarcando em Pernambuco, onde o governador Luís do Rêgo sentiu dificuldades em recebê-la, devido ao sítio de Recife pelas forças que apoiavam a Junta Governativa de Goiana. O bloqueio efetuado por elas tornou necessário que o Capitão Graham enviasse uma missão para negociar a liberação de víveres ao navio e graças a isso sua esposa conseguiu deixar para a posteridade uma viva descrição sobre a junta revolucionária estabelecida em Goiana. A segunda visita ocorre em 1822 após retornar do Chile.
Os antecedentes do conflito. Revolução Liberal em Portugal. Em 24 de agosto de 1820, constituíram-se na cidade do Porto as Cortes que exigiam a promulgação de uma constituição liberal nos moldes da espanhola, cujo juramento o Rei D. João VI deveria prestar antes de ela ser aprovada pela assembleia e o seu retorno imediato ao Reino.
Brasil. Pernambuco. A notícia dos acontecimentos em Portugal causou expectativas entre as elites agrárias pernambucanas que viam nela a possibilidade de maior autonomia à província e passaram a desconfiar do Rio de Janeiro como um defensor do Antigo Regime. Em Pernambuco, o governado Luís do Rêgo Barreto, tendo observado a situação como um militar experiente que participou das guerras napoleônicas, decidiu reconhecer as autoridades das cortes lisboetas e sua constituição, conforme o decreto régio, assim a 3 de março no Recife ele reuniu as autoridades locais, a tropa e o povo a fim de efetuar o juramento. Quatro dias depois, a contragosto, o rei embarca de volta a Portugal.
O governador depois promoveu uma eleição a um conselho consultivo composto por pessoas que o apoiavam e no fim do mês nomeou a Junta Constitucional Governativa que só se reportaria a Lisboa, conforme os decretos das Cortes de 24 de abril. Esses acontecimentos aumentaram os descontentamentos em Pernambuco, cuja memória da Revolução de 1817 persistia e as execuções do ano anterior agravaram a situação, o que fez o governador conduzir cautelosamente a nova política, inclusive conciliando os presos dela soltos na Bahia após a formação da nova junta governativa de lá. Enquanto, isso silenciosamente formava-se a resistência contra esta denominada de Junta de Recife, cuja liderança coube a Francisco de Paula Gomes dos Santos, um rico plantador que perdeu tudo por ter atuado no conflito citado acima e participaram da organização da conspiração realizada no engenho de Cangahu Felipe Mena Calado, escrivão português do Ceará, Manuel Cavalcanti de Albuquerque, um dos irmãos Cavalcanti, ambos soltos da prisão da Bahia, e Joaquim Martins da Cunha Souto Maior, dono da propriedade.
Luís do Rêgo havia se negado a promover uma eleição para a Junta Governativa aumentando a oposição e passando a ser alvo de uma tentativa de assassinato à bala cometida em 21 de Julho por João Souto Maior que fracassou e fez aumentar a repressão pelo governo lega.
Em 29 de setembro de 1821, seiscentos homens compostos da milícia, de desertores da companhia de caçadores e de outras forças nativas, sob o comando do Tenente-coronel de milícias Manuel Inácio Bezerra de Melo invadem a Câmara Municipal de Goiana proclamando o fim do governo de Luís do Rêgo e estabelecendo naquela localidade, perto da fronteira com a Paraíba, um governo provisório até haver condições de estabelecer uma junta constitucional na capital.
Na noite de 21 de setembro, antes do desembarque de Maria Graham, os opositores atacaram Olinda ao norte e Afogados ao sul, mas foram rechaçados pelas forças realistas e depois aconteceu um novo ataque em 1° de outubro ao segundo local citado, tendo causado a mesma consequência anterior. Na manhã desse dia, a Junta de Recife dirigiu um manifesto à de Goiana oferecendo-lhe a paz e reiterando que Luís do Rêgo estava pronto a se demitir, ademais ela insinuou que o governo contava com apoio das fragatas inglesas e francesas ancoradas em Recife, porém segundo a viajante e esposa do Capitão da Dóris, a tripulação só tinha ordens de atuar na proteção da propriedade inglesa na cidade. Enquanto nas outras províncias, as eleições de juntas enfraqueciam o poder da elite local que dependia do apoio dos militares acontecia o oposto em Pernambuco governado por um, cuja capacidade administrativa reduzia-se.
Maria Graham teve a oportunidade de se encontrar com os membros da Junta de Goiana, devido ao bloqueio efetuado por seus membros que impediu o retorno de roupas pertencentes ao navio de guerra britânico e o embarque de mantimentos. Ao seguir até o quartel deles, ela encontrou na cavalgada uma deputação paraibana que ia propor condições a Luís do Rêgo. Na sede, escutou um longo discurso do secretário Filipe Mena Calado da Fonseca que expôs a injustiça do governo em relação ao Brasil, aos pernambucanos em particular e do governador português, justificando, assim, a constituição da junta adversária. O discurso lembrou-a dos manifestos carbonários italianos. Em seu diário datado de 1821, questionou se o governador não poderia ser chamado de rebelde por infidelidade ao rei. Os membros da Junta de Goiana alegavam não querer prejudicar D. João VI e estavam cientes do que dizia o decreto das cortes.
Sem uma alternativa para a vitória, a Junta de Recife decidiu dialogar. Em 05 de outubro, na povoação de Beberibe, aconteceu o encontro entre a deputação paraibana representando a Junta de Goiana com Luís do Rêgo e seus membros. Eles acordaram em deixar Recife sob o comando do governador e o restante com os goianos até a eleição de uma nova. Segundo, registra a viajante ambos os lados deveriam passar a ter representantes no conselho e parte igual na administração, os opositores deveriam retirar as tropas invasoras e permitir que o governador cuidasse dos negócios militares até chegar novas ordens de Lisboa.


Referências:
CARVALHO, Marcus J. M. Cavalcantis e cavalgados: a formação das alianças políticas em Pernambuco, 1817-1824. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.18, n.36. 1998. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S01020188199 8000200014&lng=e n&nrm=iso >. Acesso em: 28 out. 2012.

COSTA, Emília Viotti. Da Monarquia à República: Momentos Decisivos. 1a ed, Editorial Grijalbo, São Paulo, 1977.

GRAHAM, Maria. Diário de uma Viagem ao Brasil. Edusp, São Paulo / SP, 1990. (Coleção Reconquista do Brasil)


domingo, 28 de julho de 2013

Missão nas Estrelas II Curiosidades e aguardem o próximo episódio

Enquanto preparo o novo episódio, aqui estão algumas curiosidades da série de contos que comecei na minha adolescência e agora reescrevo para dividir com vocês.
A Viagem da Espaçonave Horizontes antes de ser reescrita chamava-se de O Novo Reino e foi o episódio que começou com a série. O leitor vai questionar a numeração das narrativas que escolhi. Para ela, decidi considerar os episódios O Império Estelar e A Ameaça do Horizonte como únicos, embora sejam duas histórias e escritas com um ano de diferença.
Nessa história, tivemos o retorno do personagem Ender Shin. Envelhecido e já no posto de Almirante da Armada Espacial, ele recebe ordens para voltar a capitanear a nave Horizontes, construída em segredo faz noventa e cinco anos na cronologia da série e encontrar um planeta onde haveria uma civilização com poder o suficiente para derrotar Zark. Como o alienígena, comentou: “Vieram atrás de um milagre”. Podem achar estranho, mas foi isso mesmo. O achar que conseguindo encontrar uma espécie de deus as coisas poderiam ser resolvidas num passo de mágica. Essa ideia surgiu-me enquanto eu reescrevia a estória e fazem parte das mudanças durante o processo de reescrita. A ideia original era que Ender Shin procuraria por esse sistema por uma civilização que se aliasse à Liga Interplanetária e pudesse derrotar Zark através de um conflito em conjunto.
A ideia de Império vem de Star Wars, porém em muitas narrativas de Sci-Fi vários impérios galácticos foram criados. A origem da concepção, segundo um livro de crítica literária para Ficção Científica está na inspiração de autores no reinado da Rainha inglesa Elisabeth I e suas políticas imperialistas. O mais conhecido na literatura deve ter sido o Império Galáctico que ruiu nos fantásticos e emocionantes episódios da série Fundação do Isaac Asimov. A concepção e origem de Zark na série Missão nas Estrelas ainda não foi totalmente desenvovida.
Bem, voltando a tratar da narrativa. Ela se passaria em outra galáxia e cinco bilhões de anos antes de nossa existência. Tinha escrito: “...o universo tem apenas dez bilhões de anos” e não quinze ou vinte como nossos astrofísicos teorizam, conforme observações de estrelas antigas. Preferi transferir tudo para a Via Láctea.
O setor de Épisilon Eridani. A estrela encontra-se há 10,5 anos-luz. É uma anã alaranjada e foi pesquisada na procura por vida inteligente através da radioastronomia em 1960. Decidi ao reescrever colocar o cenário Estrela de Mira nessa região. É preciso imaginar um cubo e colocar estrelas em seu interior, sugiro, para melhor compreender. Isso corresponde a um setor, divisão usada na série pela Liga Interplanetária ao mapear a galáxia para facilitar a navegação.
O Império Zark, mesmo depois de sua repentina aparição em A Ameaça do Horizonte e noventa e cinco anos depois ainda é incompreendido, pois não defini suas características principais ainda, excetuando uma profunda relação com a Civilização Escorpiana que apareceu nas narrativas anteriores e é a espécie do General Kalar. Nesse episódio, além desse personagem podem ser vistos em duas ilustrações a bordo da nave Horizontes.
O salto interestelar mais rápido q ue a velocidade da luz não pode ser executado devido à limitações impostas pelo universo, cuja explicação encontra na Teoria da Relatividade Especial. Nenhum corpo pode ser mais rápido que a velocidade da luz. Bem, mas não há nada fisicamente que impeça viajar a velocidades próximas dela. Eu, por necessidades da trama na série, decidi que pela quinta dimensão, dentro dos buracos de vermes as espaçonaves como a Horizontes excederiam esse limite. Na trama as leis que regem o hiperespaço diferem um pouco das do universo físico, o qual temos consciência. Isso se chama de tecno baboseiras. Concepções ou conceitos científicos inventados por escritores de Ficção Científica para reger a trama e impor ou exceder limites impossíveis para a realidade.
A título de curiosidade, essa foi a segunda vez que a nave Horizontes apareceu como cenário e a primeira vez demonstrando a sua utilização. Nos próximos dois episódios, ela não mais aparecerá. O estrago foi tão grande que passará meses no estaleiro para reparos. Os desenhos dela foram praticamente refeitos literalmente, principalmente o da cena em que ela passa pela frente do sol e é interceptada pela nave discoide. Escaneei a nave do quinto episódio que está sendo escrito e ao apagar os elementos problemáticos e refazer os traços antes de colorizar inseri o novo elemento. As ilustrações originais foram feitas a lápis em 2002 e todas são em preto e branco. Aqui está o desafio que espero conseguir continuar.

Aos leitores minha gratidão.
Aceito críticas e sugestões de bom grado. Elas podem ser feitas pelo e-mail da página de créditos.

http://universofantasticodeijsantim.blogspot.com.br/2013/01/missao-nas-estrelas-ii-viagem-da.html

sábado, 20 de julho de 2013

Uma Breve História do Computador e da Internet

Uma Breve História da Informática
Antes de falar do significa do termo cibercultura é necessário historicizar sobre o surgimento da informática que transformou as relações humanas. O computador pessoal (Personal Computer ou PC) foi uma invenção que se transformou ao longo de décadas de pesquisa por parte de governos e de empresas privadas. Inicialmente, os computadores foram fabricados para propósitos militares e científicos. O ENIAC, primeiro computador moderno, usado pela Marinha dos Estados Unidos desde 1947 era tão grande que exigia milhares de válvulas, ocupava uma grande sala e fazia muito barulho. Outro conhecido na época foi o Colossos usado durante o fim da Segunda Guerra Mundial para desencriptar os códigos alemães graças aos esforços do matemático Alan Turing e de seus colegas, um dos fatores que garantiram a vitória dos aliados contra o Eixo.
Nesse período, os primeiros computadores não eram muito confiáveis, pois demandavam muita energia e superaqueciam, mas isso foi mudando com a invenção do transistor em 1947 após os sucessos dos experimentos da física de supercondutores realizados pela Bell Laboratories. Seus projetistas foram John Bardeen, Walter Brattain e William Shockley. Esse componente era fabricado a partir do germânio que depois Gordon Teal substituiu por silício e denominado de “chip”, nome que rapidamente se popularizou. A empresa que passou a fabricá-lo com a nova matéria-prima foi a Texas Instruments em 1954. A miniaturização das peças a partir do surgimento do circuito integrado, um chip de silício com 2250 transistores miniaturizados, possibilitou o desenvolvimento de computadores mais potentes e mais baratos, porém isso demorou para acontecer. O barateamento do chip RAM (memória de acesso randômico) tornou-se evidente quando a Intel o introduziu no mercado em 1970 graças ao seu fundador Robert Noyce que notou a possibilidade desse componente estimular a tecnologia digital em detrimento da analógica.
A história do surgimento da memória data por volta de 1940, mas a inserção da memória de núcleo magnético nos computadores só aconteceu em 1953 graças a Forrester. A primeira linguagem de programação interna foi inventada pelo engenheiro alemão Konrad Zuse que a chamou de Plankalku, porém ele foi esquecido e os inventores mais lembrados foram John Backus que criou a FORTRAN (Sistema de Tradução de Fórmula) e Bob Taylor e Alan Kay da Xerox fundada em 1970 que inventaram o mouse.
É curioso que os primeiros computadores vendidos no mundo ainda em 1950 eram britânicos, porém suas empresas não prosseguiram com o seu desenvolvimento pela falta de garantias oferecidas pela escala do mercado norte-americano. Cabe lembrar que esse era o período mais tenso da guerra fria, portanto tanto americanos como os soviéticos priorizaram o desenvolvimento de suas máquinas para realizar trabalhos em sistemas militares como orientações de sistemas de mísseis e avançar com os programas espaciais e navais. Em 1964, o Japão também entrou na corrida para construir seu computador e com o transistor a Sony lançou a primeira televisão transistorizada e o walkman, alterando o modo de ouvir música e influenciando as invenções futuras como o telefone celular.
O filósofo Pierre Lévy em Cibercultura (1999) abordou o desenvolvimento do microprocessador, citando a lei de Gordon Moore, cofundador e presidente da Intel, que afirmou haver um o número de transistores colocados em um chip dobraria a cada dezoito meses, aumentando assim a velocidade de processamento de dados e a capacidade de armazenamento. Quando se tornou possível miniaturizar os componentes usados na fabricação dos computadores através do silício e o microchip foi inventado empresas como a Atari, a IBM e a Apple Macintoch passaram a comercializar os primeiros computadores pessoais. Foi entre o fim da década de 1970 e início de 1980 que eles se popularizaram. O autor destacou sucintamente os progressos tecnológicos que garantiram o surgimento da informática, a presença de seus componentes em todos os equipamentos eletrônicos automatizados, o advento da comunicação móvel por celulares etc.
Foi a partir de 1974 e de 75 que os primeiros computadores pessoais surgiram com os lançamentos comerciais da Radio Elettronics e da Popular Eletronics, porém os modelos que se popularizaram foram Apple I e II que tinham capacidade de realizar várias tarefas. Depois foi a vez da IBM inserir o seu primeiro computador pessoal no mercado em 1981. Antes de a Microsoft ser fundada por Bill Gates aos 19 anos de idade, os computadores, tanto pessoais como profissionais, existentes no ano de 1984, cerca de meio milhão de máquinas no mundo, eram incompatíveis entre si e todos rapidamente se tornavam obsoletos. Os desevolvedores como Bill Gates descobriram que a chave para aumentar o uso deles e difundi-los ainda mais eram os programas. Nesse ano, a IBM encomendou um sistema operacional à recém-fundada Microsoft e seu fundador viu nisso a chance de enriquecer criando um programa que pudesse ser usado para controlar as operações da maioria dos computadores. A Microsoft conseguiu se tornar a maior empresa do mundo a partir da venda do Windows em todas as partes do mundo e o “PC” começou a se socializar. Nesse sentido, não se pode deixar de fora também o Unix elaborado em 1991 e serviu de base para os sistemas operacionais conhecidos como Linux, cuja arquitetura é usada também para controlar outras ferramentas.
Em 1995, a Microsoft lança o navegador Internet Explorer para competir com o Netscape Navigator, iniciando assim uma disputa por quem dominaria a navegação pela Internet moderna que recém havia sido estabelecida. Esses feitos garantiram a conclusão da estruturação da informática e a interconexão mundial através do ciberespaço, onde, conforme Lévy (1999), constituiu-se a inteligência coletiva, graças a organizações de comunidades virtuais. O próximo item desenvolverá resumidamente a história da Internet e o conceito de ciberespaço.
Uma Breve História da Internet
William Gibson foi o primeiro escritor a usar o termo “ciberespaço” em seu romance de ficção científica Neromancer, um universo cheio de redes digitais que representava a nova fronteira econômica e cultural e onde aconteciam as batalhas entre as multicionais. Alguns heróis conseguiam entrar fisicamente nesse mundo. Os conceitos foram usados na trilogia de cinema Matrix em 1999, mas ainda nos anos 80 os criadores de mídia digitais e usuários adotaram o nome. Porém, a história da internet é mais antiga.
A primeira rede que se pode chamar de pré-internet foi estabelecida entre 1968-69 com o apoio financeiro do governo dos Estados Unidos através do Departamento de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa (ARPA) fundado em 1957 como uma resposta ao lançamento do primeiro satélite Sputnik. Inicialmente, a Arpanet era uma rede que compartilhava informações entre universidades e outras instituições de pesquisa. A ideia do Pentágono era conseguir construir uma rede que pudesse transmitir informações em segurança, mesmo se toda a infraestrutura de comunicações fosse destruída por um ataque nuclear. Em 1975 ela foi renomeada como Darpa e as mensagens de e-mail passaram a ser base das comunicações. Surgiu nesse período a Fundação Nacional de Ciências (NFS) que usou uma linguagem familiar para trocas de informações entre pesquisadores distantes, constituindo a Rede de Pesquisa da Ciência da Computação (CSNET). Em 1985 a Darpa foi ligada a essa rede. Faltava a infraestrutura comercial nos Estados Unidos, a qual a NSF não se interessava e não tinha condições de financiar. Cogitava-se ainda no final de 1970 de estender a rede para o mundo todo. Nessa década, enquanto as mensagens de e-mails circulavam apenas no meio acadêmico o símbolo @ foi introduzido e em 1986 surgiu a abreviação “com” para comércio, “mil” para forças armadas e “ed” para educação.
A maior contribuição para a criação da Internet não veio dos Estados Unidos, mas de um laboratório europeu de pesquisas nucleares, o CERN situado na fronteira da França com a Suíça. Em 1989 Tim Berners-Lee imaginou a World Wide Web que não teria proprietário e seria livre e ganhou um grau honorário da Universidade Aberta da Grã-Bretanha que iniciou o ensino a distância, o qual a nova ferramenta depois de décadas viria auxiliar. De fato, graças a ela foi possível o desenvolvimento de hiperlinks, o destaque de palavras ou símbolos dentro de documentos que servisse para clicar e manutenção da rede aberta sempre, conforme explicaram Asa Briggs e Peter Burke (2004). Os sites proliferaram-se com a invenção e o acesso foi simplificado.

Novas Tendências Culturais e Educacionais
Com as tecnologias digitais da informação, a novas tendências culturais e estilos artísticos surgiram. O filósofo francês Pierre Lévy discutiu sobre a arte produzida pela cibercultura que surgiu a partir de 1980. Ele disse que com o surgimento da digitalização um novo estilo musical surgiu, a música eletrônica. Ele a define e explica como se faz a sua produção. A mixagem e o sampling são os processos usados. Normalmente, pega-se uma música já pronta e substitui-se os sons produzidos pelos instrumentos musicais por eletrônicos, produzidos por computador, limitando a originalidade e a criatividade, pois não se está criando música nova, mas transformando a atual. O autor destacou que as mudanças nos estilos musicais aconteceram, conforme novas técnicas foram surgindo. Isso ficou evidente com as gravações eletrônicas que permitiu a dublagem por muitos intérpretes.
O filósofo falou do autor como peça importante para dar sentido à obra ao concluí-la. Juridicamente, a questão da propriedade da obra virtual é um problema ainda sem consenso a ser solucionado pelo Estado, pois a jurisdição depende do local onde se encontra o servidor. Aqui cabe destacar que a obra virtual pode ser um acontecimento, uma imagem e sua construção continua indefinidamente, porém a originalidade torna-se questionável.
A rede tornou-se um espaço livre de comunicação. Pensando no Direito, ela poderia ser considerada, metaforicamente, uma “terra sem lei”, onde tudo pode porque não haverá punição. Lévy citou Bill Gates que afirmou na possibilidade de o ciberespaço virar um grande mercado planetário e conjecturou no surgimento do verdadeiro liberalismo. Hoje, após a concretização dessas previsões, sabe-se que os dados estando num servidor nacional a legislação vigente no país pode ser aplicada.
O filósofo também descreveu sobre as novas formas de educação surgidas após o advento da virtualidade. A Educação Aberta à Distância (EAD). A questão é a qualidade do saber nessa modalidade de ensino. Usar somente os meios informáticos de pesquisa e ensino, sem aulas presenciais, garantiria a formação de futuros bons profissionais? Nos últimos anos, aqui no Brasil, tem se visto a proliferação de cursos EAD, pois são mais baratos e a universidade não precisa investir em uma grande infraestrutura cara, garantindo mensalidades mais baratas.
Ele também respondeu às indagações sobre a substituição do velho pelo novo. Existe o medo de que a ascensão da comunicação pelo ciberespaço substitua o contato humano direto. Lévy afirmou categoricamente que isso não acontecerá. Como ocorreu durante todo o desenvolvimento tecnológico de larga escala, novas formas de pensar e interagir surgiram, mas as pessoas nunca deixaram de se encontrar por isso. Afirmou também que as viagens aumentaram ainda mais. Observando algumas pessoas mais jovens, pode-se hipotetizar que muitos contatos ficaram mais superficiais, por causa das comunicações instantâneas e das redes sociais, mas a explicação disso talvez se encontre nos excessos deles que causem danos às sinapses do cérebro.
Conclusão
A internet, assim como o primeiro computador digital surgiu de uma decisão militar dos governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial, visando combater a Alemanha de Hitler e posteriormente a União Soviética.
Os computadores e a Internet certamente aumentaram nossa capacidade de ação e de comunicação, facilitaram as pesquisas com provedores como o Google, tornaram possível conhecer novas pessoas e fazer novas aprendizagens, mas reduziram a autonomia individual, permitiram maior dependência tecnológica, sacrificaram os modos de pensamento que requeriam reflexão, introspecção e contemplação capazes de sustentar a criatividade, conforme entrevista de Nicholas Carr à Revista Galileu em 27 de outubro de 2010, ademais fazendo uma reflexão pessoal, deixaram muitas pessoas mais preguiçosas. Pensando nisso, pode-se concluir que essas ferramentas são uma faca de dois gumes.


Referências:
BRIGSS, Asa; BURKE, Peter. Uma História Social da Mídia: De Gutenberg à Internet, Rio de janeiro, Jorge Zahar Editor, 2004.

LÉVY, Pierre. Cibercultura, São Paulo / SP, Editora 34, 1999.

LÉVY, Pierre. O Que É Virtual, São Paulo / SP, Editora 34, 1996.



domingo, 9 de junho de 2013

O Sermão de uma Amiga

Escrevi por motivos pessoais, para refletir um acontecimento pessoal e divido-o com vocês. Imaginei uma conversa com uma nova amiga. A ela dedico e a quem eu me desentendi também. 

O Sermão de uma Amiga

Já não havia mais felicidade nos olhos dele. Sentia-se cansado, desiludido e por um motivo considerado fútil para a maioria das pessoas mais próximas e íntimas. No sofá, com o chimarrão a uma mão e um caderno colocado à direita, ele lançou um olhar sem graça para fora da janela de sua casa. O barulho, ou melhor, rugido do trem vindo e desacelerando antes de chegar à pontezinha fez o jovem rapaz sair de seu devaneio, de sua fuga para evitar pensar na realidade re em que o perturbava fazia meses. Sua nova amiga, que o havia socorrido naquele dia infeliz perguntou com uma voz doce e demonstrando preocupação:
-O que houve? Tu ainda estás pensando nela?
-Sim, e fiz analogias. -Respondeu melancolicamente ele.
Baixou sua cabeça e pensou que aquele seria o momento de contar uma história não contada e quiçá refletir sobre si mesmo. A garota, dezenove anos, ajudá-lo-ia a fazer isso. Naquele instante, o vento soprou pela janela e uma mecha dos longos e brilhantes cabelos loiros dela caiu sobre seus olhos. Ele sorriu. Achou graça quando ela os afastou e ficou encabulada com aquele olhar repentino.
-O que foi?!
Houve constrangimento. Ela era linda, principalmente quando surgia a imagem de a garota estar acariciando um gatinho de estimação sobre a barriga dela. Fazer o quê? Porém, ele afastou os pensamentos íntimos de sua mente e passou a cuia a ela. Lá fora, os vagões continuavam a passar, o que lhe fez lembrar do título de sua cidade: “Princesa das Pontes” e da inutilidade daquela ferrovia ao município.
-Tu vais me dar outro sermão?
-De fato. Ela já lhe falou sobre a “opção sexual” dela e tu tens de entender a necessidade do afastamento. Tu a cansaste, talvez ela te odeie e sinta aversão, mas e daí? Todos passam por desilusões amorosas e a única coisa que aquela menina havia te garantido era a amizade, mas cobraste demais, demonstraste egocentrismo, possessividade, roubaste o espaço dela e falhaste no respeito. Ela te deu algo bom, sem exigir nada e fizeste o oposto. Isso odiável, mas servirá como uma escola, a qual precisas inserir-te.,
As últimas palavras pareceram consoladoras, mas não aliviava a sensação de perda e de que jamais voltaria a se apaixonar. Tinha surgido um novo temor. Se novamente sentisse o mesmo por outra menina e ela não recebesse bem seus sentimentos. Lembrou-se vagamente de uma das aulas de uma disciplina da graduação quando estudou sobre Freud e num debate tornou-se consciente da existência de um padrão inconsciente que orienta a atração. Era o que queria contar, relacionando com uma paixão boba de escola. Preferiu não contar e escutar o último conselho.
-Buscar apoio psicológico e psiquiátrico te fará bem, mas melhor ainda é que tu comeces a sair, continue a ler teus livros, beba e escreva. Diários ajudam. Ah, e se voltar a falar dela, você apanha!
Ele sorriu. O mate que a garota bebia não tinha mais espuma, nem vapor, porém o gosto amargo e suave continuava. Ao devolver, ela lançou um sorriso cômico. Talvez nunca cumprisse a ameaça, mas seria melhor não esperar para ver. O assunto, assim, foi concluído. O trem distanciava-se e escutava-se um barulho que gradualmente diminuía. Pelo bairro, paralelo à ferrovia, os pássaros voando, pousados sobre os postes e perambulando sem permissão pelos telhados cantavam alegremente.

Autor: Itacir José Santim