Postagem em destaque

Missão nas Estrelas Teste

Mostrando postagens com marcador naves. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador naves. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Poliana Gabriela Santim: Missão nas Estrelas

Livro O Encontro Final à venda na Amazon

 A revista narra as viagens da nave interestelar Horizontes da Terra sob o comando do Capitão Ender W Shin que está a serviço de uma aliança interplanetária política e tecnocientífica e militar criada após dois conflitos, um com os escorpianos e outro contra Império Zark, durante o primeiro avanço humano para as estrelas. A nave permanece baseada numa estação ao redor da estrela Alfa Centauro implodida para a construção do primeiro buraco negro artificial transitável conectado ao sistema solar. Ela patrulha o setor, visita planetas, executa operações contra piratas, realiza expedições científicas em cooperação internacional, auxilia a construir novos portais, em viagens diplomáticas e de primeiro contato.

As histórias abordam questões atuais que envolvem o imperialismo tecnocientífico e cultural/ideológico/religioso do Ocidente, além dos temas ambientais e sociais relacionados ao consumo descontrolado de recursos naturais e econômicos. As narrativas serão em forma de óperas espaciais na linguagem dos quadrinhos. Assim, a fim de construir os elementos usarei analogias. A galáxia como o mundo e cada planeta um país, por exemplo. Os personagens são ambíguos. Buscando explorar e solucionar conflitos em uma época que a humanidade topou com poderosos adversários, a Horizontes impõe-se em favor dela. Dentro do universo fictício e fantástico, em um contexto análogo à guerra fria com corrida armamentista, espacial e jogos de aliança, há quatro culturas técnicas que formam uma coalizão chamada Liga Interestelar estabelecida contra a ascensão de um Império Galáctico. Tentarei explorar conceitos antropológicos e as teorias culturais. O relativismo, por exemplo.          Os primeiros grupos de personagens importantes são os humanos, os escorpianos, os quandianos e os cinderianos, os quais vivem em sistemas solares próximos entre si, possuem culturas próprias, afinidades e diferenças. Cada grupo desenvolveu seus meios de acesso ao espaço interestelar em épocas, contextos e motivos diferentes. Em comum, a economia. Seus governos estão classificados como Repúblicas, Democracias e Monarquias considerando as diversas variações internas de organização política.

            Escolhi seguir alguns conceitos para estabelecer uma estrutura de narrativa literária. As estórias operam segundo funções alegóricas, metafóricas e metonímicas. Dessa forma, a galáxia Via Láctea é metonímia da Terra, a expansão humana pelo espaço metáfora do imperialismo e os mundos extraterrestres alegorias dos países submissos.

            A busca pelo exótico, a abertura de novos mercados, a procura de recursos naturais para aplicar em inovações, a colonização, ou melhor invasão pelo Ocidente, guerras no exterior, surgimento de novos tipos de monopólios e tecnologias como o automóvel e o aeroplano são aspectos marcantes do imperialismo europeu na segunda metade do século XIX às duas guerras mundiais no XX. Reflete atualmente os monopólios tecnológicos e científicos de empresas como Microsoft, Adobe, Google, os quais implementam um imperialismo sem política, nacionalismos e que domina até o centro imperial. Ele promete uma liberdade desterritorializada em que o Estado parece impotente e cuja ausência é muito sentida e desejada. Significa a promessa de um Estado Único, planetário e diversificado.

            Nas histórias em quadrinhos, eu escolhi adotar como uma representação metafórica deste desejo de Um Estado as ideias de uma aliança para a exploração e colonização do espaço em forma do Consórcio de Exploração do Espaço composto por países associados. Sua sede administrativa encontra-se em Genebra, enquanto seu parlamento situa-se no Rio de Janeiro. Cabe a esta organização coordenar a prospecção, colonização e a exploração cósmica, além das relações com culturas técnicas estelares pelos países membros. Observe que eles não foram extintos, mas os Estados Nações tradicionais coexistem com relativa diminuição de seus poderes soberanos, os quais foram redistribuídos e uma parcela deles entregue a ela. Isto apresenta uma alegoria do liberalismo político em um mundo cuja globalização encontra-se consolidada e o espaço apresenta-se como a última fronteira.

            O desenvolvimento da tecnologia hiperespacial pelo Consórcio exigiu a busca de novas fontes energéticas, o melhoramento da exploração das atuais e a construção de uma infraestrutura que permite o estabelecimento de interações físicas seguras como viagens interestelares e o abastecimento rápido das estelanaves. Surgem as primeiras hipervias, espécie de “autoestradas” planejadas para ligar grandes distâncias usando buracos negros de diferentes categorias. Construir estas “estradas” cósmicas tem gerado grandes impactos ambientais e sociais nas culturas cujos sóis secundários são usados para gerar uma singularidade gravitacional estável ao trânsito entre as duas extremidades delas. Os construtores humanos afirmam serem elas “o progresso chegando através do hiperespaço.” As culturas tradicionais enxergam-os como os demolidores de estrelas os quais estabelecem fronteiras que modificam totalmente as vidas delas. Muitas vezes elas são deslocadas a um outro planeta porque o dos nativos é destruído pela implosão estelar, usando a mesma afirmação. “É o progresso.”

            Nesse quadro, eu acrescento o conceito de missão segundo os sentidos laicos e religiosos, mas aqui antes focalizo no primeiro. Esta é a antiga ideia etnocêntrica de “civilizar, levar a civilização, aos povos atrasados.” Também escolhi usar o conceito humanidade significando etnia, evitando a convencional definição de espécie biológica, ou por possuir diferentes aspectos morfológicos que é dada aos grupos de personagens extraterrestres os quais desenvolvem culturas técnicas. Influenciou-me a antropologia e a história cultural a isso.

            Enquanto os humanos avançam ocupando e explorando estrelas e seus planetas, eles estão contaminando os nativos com doenças solares e contaminam-se com as xeno solares. Não obstante o Consórcio, preocupado com a saúde de sua população viajando por entre as estrelas, envia expedições com médicos cientistas, exobiólogos e xeno antropólogos para conhecer e catalogar os agentes epidemiológicos e as populações nativas dos exoplanetas de interesse humano. Metáfora do imperialismo a qual lembra que os europeus, americanos e atualmente chineses executam projetos para si mesmos.

            O combate à varíola protegeu os europeus que invadiram as terras das zonas tropicais. A África, América e Ásia foram territórios mapeados e divididos entre as potências. Na segunda metade do século XIX eles passaram a ser fisicamente ligados entre si de forma cada vez mais rápida. Relembro as ferrovias e as rodovias cujas passagens delas só podem ocorrer se os grupos habitantes abandonarem os seus locais de origem e houver segurança aos construtores. Segurança pelas armas e a aplicação de vacinas aos nativos.

            Ao transpor isso na literatura especulativa cada grupo significa um planeta com sua diversidade. O desejo pelo exótico como expressado por europeus e americanos através das grandes feiras internacionais também pode ser transposto, usando a ideia de exposições interestelares.

 

A Terra e o seu Consórcio Solar

Os humanos vivem por quase todo o sistema solar sendo os Planetas Terra, Marte, Vênus e os Satélites Selênia, Titã e Europa mais populosos. Na Terra, vivem dezesseis bilhões de pessoas. Vigora um sistema descentralizado envolvendo Repúblicas dos tipos democráticas e parlamentares com divisão de poderes que cuidam das questões locais e uma grande assembleia com um Secretário-Geral eleito para cuidar das relações interestelares chamada de Consórcio Solar, o qual também lidera a chamada Liga Interestelar em um ciclo revezamento de dez anos. Dentro dele, há grupos políticos, econômicos e sociais que lutam por hegemonia e poder durante a expansão das atividades humanas extrassolares. Os demolidores de estrelas e construtores de portais planejam interligar toda a galáxia por rodovias hiperespaciais. Seu projeto afeta diretamente culturas estrangeiras cujo espaço de seus sistemas são distorcidos e os sóis implodidos. Há ainda os movimentos surgidos durante os estabelecimentos de comunicação com extraterrestres contrários a essas relações. Desse modo, ocorrem conflitos internos envolvendo xenofobia, especialmente com os escorpianos, seguidores do alimianismo, os quais tiveram seu mundo devastado pelas forças do Consórcio.

 

Planeta Scorpiae e os escorpianos

Os escorpianos tinham uma monarquia planetária absoluta baseada em seu próprio sistema religioso a qual foi derrubada pela ação de humanos interessados no uso de um de seus sóis para construir um buraco negro transitável. Subordinadas a ela e independentes a partir da ocupação humana através do Consórcio Solar, existem centenas de monarquias teocráticas e assembleias locais, segundo um rígido sistema de estamentos que impede a mobilidade social e obriga ao nativo exercer as mesmas funções de seus progenitores. As legislações são estabelecidas segundo os textos sagrados da religião dominante, os quais também regulam as relações com as culturas e espécies extraplanetárias. Eles são uma espécie guerreira apegada à manutenção de suas tradições e à Religião Alimianista, antecessora do Universalismo. Eram clientes do chamado Império Zark até o surgimento da nova ideologia religiosa. As ações belicosas de Zark causaram várias ondas de dispersão escorpiana pela galáxia. Ocuparam o Quarto Planeta do Sistema Scorpio 1-A.



 

O Mundo Quand e os Quadianos[1]

Os quandianos formando a cultura mais antiga do setor passaram de uma monarquia eletiva e parlamentar a uma tecnocracia quase absoluta a qual funciona através de uma assembleia técnica e uma grande rede interligando diversos sistemas informáticos, de comunicação e máquinas para gerenciar o planeta com reduzida interferência dos nativos, chegando a controlar a procriação. Eles já foram grandes navegadores, mantendo domínio de um quarto da galáxia até o início da crise demográfica, conflitos com novas potências como Zark, os escorpianos e os pretendentes da Terra. Biologicamente, eles são uma espécie sexuada, porém culturalmente são assexuados, havendo um único gênero e dependentes da fertilização artificial e de úteros cibernéticos. Desde o predomínio de uma sociedade industrial e individualista, onde valia a competição e a concorrência profissional as mulheres quandianas começaram gradativamente a desistir da reprodução o que levou ao Estado procurar solucionar tecnologicamente o problema da continuidade geracional.

Ao longo de milhares de anos o sexo tornou-se um tabu e poucos vestígios sobraram do período. Somente os membros restantes da última dinastia imperial podem manter relações sexuais entre si, procriando de modo natural. Ninguém pode ter contato com ela, pois é considerada impura por causa do sexo. No passado, os reis e rainhas foram grandes opositores ao programa de concepções estatal por convicções religiosas, passando a ser repudiados pela sociedade que ao longo dos séculos ritualiza a posição monárquica renegando a comunicação física com eles. Apesar disso, as princesas continuam servindo de matrizes à construção e manutenção dos ciber úteros e, assim, ressignificam o tabu da sexualidade através de rituais. Contudo, nenhum estrangeiro consegue permissão a uma audiência com os monarcas e/ou seus nobres da isolada corte, os quais vivem cercados e cuidados por robôs e androides no interior do planeta. Isso causa dificuldades e embaraços nas relações interestelares, onde a maioria das culturas são polis sexuais.

Morfologicamente, Quand é um sistema composto por um planeta central com a união artificial a partir do seu equador aos eixos de rotação outros dois planetas. Com essa ligação ergueram-se duas grandes torres opostas diametralmente cortando o centro do planeta mãe para formar uma rede de supertrens que conduzem pessoas de um corpo a outro. As atmosferas são compartilhadas entre si e formam uma fina camada de gases envolto. Há um oceano congelado quase todo o tempo no planeta central. Seus continentes acomodam as  metrópoles e a população, cuja maioria vive no subsolo, inclusive nos satélites. A principal e atual preocupação além da demográfica é a conservação do conhecimento adquirido sobre a galáxia na infoteca quântica, a qual possui registros de muitos mundos e culturas extintos há mais de um milhão de anos.

 

O Planeta Cinder e a Confederação das Luas Associadas de Cinder

Os Cinderianos vivem nas luas e estações orbitais de seu gigante gasoso cheio de anéis. O excesso de ferro deu-lhes o tom avermelhado à pele. Seu sol está nos estágios de evolução finais o que os obriga a se afastar aos planetas exteriores. Eles são comerciantes, armadores, hábeis construtores e financistas, os quais sincronicamente com a Terra e  Scorpiae competiam no avanço ao espaço interestelar. Enviaram expedições antes de os humanos irem ao espaço à Nuvem de Magalhães, mas a redução demográfica os fez descontinuar e buscar sócios às empresas. Operam uma grande frota de cargueiros, naves coletoras e mineradoras.

Cinder é uma federação de vários satélites do gigante gasoso denominada Confederação das Luas Associadas de Cinder. Desse modo, há assembleias deliberativas em cada um de seus satélites naturais e uma geral com um 1° Ministro cuja preocupação é a manutenção da organização da estrutura planetária, do comércio interestelar, diplomacia e segurança. A sociedade tem um governo liberal, o qual ora se alterna entre intervencionistas e centralizadores no controle do Parlamento do Estado.

 

Os Iruans ou Iruanos

           No sistema binário Éris há dois planetas onde suas sociedades estabeleceram uma complexa rede de relações sociais e culturuais representadas na forma de símbolos e práticas como o comércio, o qual é regulado por valores não materiais. Os planetas Yvi B e Yvi A são ocupados pela cultura Iruan. Os mundos estão divididos e controlados por dois clãs, um de linhagem matriarcal e outro patriarcal. O primeiro o qual vive em Yvi A possui uma economia de subsistência, é autossuficiente em quase tudo, excetuando na tecnologia de salto que nunca foi desenvolvida. Realizam comércio com Ivy B apenas de forma simbólica. Não existem relações monetárias, embora muitos procurem resolver carências materiais por ele e assim demonstrem apreço a Ivy B. Para ambos os mundos a vida é regulada pelos dois sóis, Nhamandu e Kuaray Iru, o Sol maior e o seu companheiro, ambos venerados como símbolos geradores de luz, calor e vida. Há um ritual de casamento homoafetivo que representa isso. Vigora nos casamentos de Yvi A a polissexualidade onde uma mulher deita-se com vários homens para ter filhos com características diferentes. Em Yvi B vigora a monogamia e os filhos são estimulados a competirem pelas mulheres e a acumular bens materiais e imateriais. A cada eclipse dos sois ambos enviam naves espaciais para realizar comércio, intercâmbio e negociar casamentos. Yvi B tem tecnologia de salto e negocia adesão à Liga Interestelar e a abertura comercial.

 

O Império Zark

Zark é um império estelar multicultural governado por uma monarquia consuetudinária de linhagem patriarcal. O Imperador é soberano por direito divino. É o chamado governante temporal. Ele divide o poder com líder religioso, o Pai da Igreja Universal. Com o auxílio de ordens religiosas chamadas Companhias conquistam planetas. Quando não é possibilitada a dominação pela fé usa-se a Armada composta de frotas do governo central, de províncias, reinos e planetas clientes. O mundo capital de Zark é desconhecido. Sua capital é regularmente transferida para facilitar a administração.

 

Ideologias ou Religiões dos escorpianos e do Império Zark:

 

1-O Alimianismo

 

A crença de um único Deus. Religião monoteísta. Acredita-se que o Criador escolheu os escorpianos para servirem de emissários e executores das ordens divinas. Acreditam que possuíam no passado um corpo humanoide com aspectos de escorpião: pinças e aguilhão que atormentavam as espécies de outros mundos. O primeiro patriarca Alímia estruturou a história e as leis da sociedade em um diagrama cósmico: as escrituras. Acusados de assassinato do filho do Criador Yeshua foram expulsos e amaldiçoados, perdendo os aspectos divinos. (Esta última frase representa o momento da ruptura com o tradicionalismo, talvez influenciada por culturas estrangeiras que trouxeram o messianismo.) Nos diagramas há os códigos morais, penais e modos de organizar a sociedade. Um exemplo é a interdição de casamentos e relações interespécies, pois o sexo serve à procriação e nelas não há descendentes. O casamento além de sagrado é uma forma de aliança e relação comercial. O marido, anualmente, deve pagar o dízimo ao pai da esposa que o divide e repassa parte a ela e outra à igreja.

 

1.1 A Origem Mítica dos Escorpianos[2]

 

A cultura escorpiana tem cerca de duzentos milhões de anos segundo os cientistas do Consórcio Solar, porém os líderes religiosos do alimianismo consideram ela tão antiga quanto o universo.

Diz o primeiro livro escrito por Alímia que os escorpianos faziam parte do Exército de Defesa da Criação fundado durante a onda de dispersão de luz vinda de Deus. Logo que as primeiras espécies começaram a dominar os seus planetas, o Criador fez um corte transversal do universo e enviou-os. Desfeito o acesso ao hiperespaço, os escorpianos passaram a percorrer a galáxia a fim de se informar de sua população, observá-la, implementar a legislação divina e executar as punições contra quem não a seguisse depois de conhecê-la.

Eles haviam adquiridos todas as propriedades inerentes ao universo as quais seus corpos permitiam. De aparência humanoide com aspectos de escorpião. Garras e pinças em lugar de pés e mãos. Uma cauda anelada com um aguilhão na extremidade capaz de atormentar, ferir e matar. O terror das populações.

O líder desse exército chamava-se Luzir, o primeiro dos generais, criado da primeira onda da criação. Era o mais alto da hierarquia e subordinava-se diretamente ao Criador, “Senhor de todas as galáxias.” Ele O escutava, assistia na manipulação do universo a partir do hiperespaço, supervisionava as tropas, pensava nas estratégias e retransmitia as ordens. Escolheu o planeta a fim de hospedar os divinos soldados.

Aquele planeta selecionado era de um sistema perto de outro com uma cultura agressiva que avançava invadindo outros distantes mundos graças ao domínio do conhecimento de acesso e navegação hiperespacial. Ela já sabia fazer, mover, desmontar, remontar e reconfigurar planetas inteiros, por isso Luzir denominou-os de “Construtores de Planetas.” Deus ordenou ao exército destruí-los, pois esta espécie negava-se a adorar o Criador e tinha ambições proibidas. A civilização formava um império bem diversificado com os arienianos, humanos, cinderianos, quandianos, quelonianos, e outras dezenas de povos que congregaram para conquistar o universo. Sob o comando de Luzir, esses gigantes abomináveis foram destruídos, mas, por causa da piedade do nobre general, os acusadores não cumpriram toda a ordem. Ele salvou os sobreviventes e enviou-os a outros planetas.

Deus rebaixou seu primeiro general e enviou-o para a patrulha de planetas. O Acusador Jariel era um líder impetuoso. Ele já havia condenado à extinção mil planetas. Ao visitar o mundo dos humanos orbitando uma estrela pequena, aconteceu o início da discórdia. Aquela espécie praticava muitas guerras, não tolerava seus semelhantes de outras regiões e prejudicava o mandamento divino para procriar, fazendo sexo entre iguais e com outras espécies. Após orbitá-lo, reconhecer o planeta e visitar povoados dos quais a população negava-se recebê-los, o líder enviou sua legião para destruí-lo. O antigo general discordou. Ele tinha aliados a seu favor. O outro comandante também. Em órbita as estelanaves de Luzir e Jariel enfrentaram-se. Na superfície, as localidades visitadas tornaram-se bases para a batalha. Logo, os soldados dos dois partidos perceberam a impossibilidade da vitória sem a aniquilação do universo.

Então, Deus interveio fazendo um corte transversal do universo e retirou os soldados leiais às ordens divinas. Os partidários de Luzir permaneceram nele. Eles tinham sido condenados a viverem como os mortais que vigiavam e puniam. Esta foi a queda, segundo narram os textos do alimianismo do 1° Cinclo e a tradição oral escorpiana.

 

 

 2-Universalismo

 

Crença monoteísta com aspectos politeístas, ou seja, algumas pessoas podem ser promovidas a Santos, intermediários. Acreditam que um Messias, filho de Deus, chamado Yeshua foi enviado para salvar à galáxia. Por muito tempo viveram escondidos nos dutos de estações espaciais e subsolos rochosos de planetas, luas e asteroides. Depois, a monarquia de Zark oficializou a Religião e graças isso ela se expandiu como o império. Seu líder é o segundo imperador, considerado pai da galáxia e eleito para o governo espiritual, apenas. Considera-se-a um ramo do alimianismo e Alímia o primeiro profeta patriarca da nação dos Acusadores. Usa algumas de suas escrituras.

Religião, Política e Estado inter-relacionam-se. As províncias chamam-se dioceses acompanhadas de suas subdivisões. Os governadores chamados cardeais e bispos. Suas ações de conquistas aos locais creditados como sagrados e ocupados por culturas diversas como a escorpiana denominam-se cruzada estelar. O poder hegemônico é dividido entre escorpianos, arienianos e humanos.

 

Personagens

1. Capitão Ender W Shin:



 

Nascido em um vilarejo rural da Terra, onde sua família cultivava cereais como soja e   arroz. Logo que completou seus dezoito anos alistou-se na força espacial para escapar dos trabalhos agrícolas. Influenciado por seu mentor da academia, o Professor Michio Akira, físico hiperespacial, passou a se interessar pelos voos interestelares através do salto em fase experimental naquela época. Após sua formação serviu em naves de pesquisa e diplomáticas. Ender convenceu o governo quandiano após os conflitos com escorpianos a uma parceria a qual envolveu expedições estelares com naves quandianas e a construção da “ponte” ligando o Sistema Solar a Alfa Centauro. Ele participou dos primeiros conflitos contra Zark. Preocupou-se com estudos acerca de problemas dos saltos interestelares e a navegação hiperespacial, ajudando, assim, a aperfeiçoar o sistema de marcação multidimensional de coordenadas. Recebeu o comando do VAH/FMA-01 Horizontes que está cedida a serviço da Liga Interestelar para patrulhas contra pirataria, expedições científicas, diplomáticas e auxílio na expansão da rede hiperespacial. Sem filhos, esposa ou esposo, vive solitariamente, excetuando nos momentos de contato com seus subordinados a maioria do tempo. Possui cento e quinze anos com uma aparência mais jovem por causa dos efeitos relativísticos. Gosta de literatura sendo apaixonado por A Odisseia e Os Lusíadas. É um homem diplomático. Aprecia vinho e reuniões com poucas pessoas. Atualmente, também se encontra imerso nos debates sobre impactos ambientais e culturais causados pela construção das novas pontes Einstein-Rosen[3] e nos primeiros contatos com outras culturas extrassolares a fim de estabelecer relações de intercâmbios, comércio, aumentar o número de aliados e reduzir a influência do Império Zark.

 

2. Comandante Alan Thirty

 

           É o Imediato da nave Horizontes, filho de um ex-oficial mentor de Ender Shin. Sempre privilegiado pela posição de seu pai, Alan ascendeu rapidamente na Armada.  Aprendeu a cultivar desde a juventude o extremo terracionalismo[4] até se envolver em ativismo político contra a presença de estrangeiros dentro dos mundos do Consórcio e a presença de outras espécies com culturas técnicas na Terra. Gosta de futebol sendo fã do Monte Olimpo de Marte. Tem uma paixão por história e arqueologia as quais foram desestimuladas pela família em detrimento da formação militar. Graças a isso, ele se tornou amigo da historiadora, arqueóloga e xeno-antropóloga Elisabete Tânis. Por um tempo a garota  foi sua obsessão e, por isso, forçado a se afastar. Hoje, em campos e posições distintas, ocasionalmente eles dialogam. Ele é ousado, corajoso e às vezes impulsivo. Disciplinado, segue fielmente os regulamentos, porém ele distingue o tratamento dado a humanos e estrangeiros. De família tradicional católica, é um homem conservador e contrário às influências do alimianismo praticado no Sistema Solar desde o início da imigração escorpiana, contudo o expansionismo tem o estimulado a tolerar já que eles são aliados. Aos trinta anos é casado com uma marciana chamada Danielen e pai de uma filha que nasceu durante a estada dele na Horizontes. Alan passa a maior parte do tempo no espaço assim como outros estelanautas o que dificulta assistir ao crescimento da filha e um relacionamento com a esposa que pensa no divórcio e voltar a morar definitivamente em Mare onde vem surgindo um movimento separatista.

 

3. Tenente-Comandante Marcos Ambrósio Tetra

 

           Marcos Ambrósio Tetra é o oficial engenheiro chefe da nave Horizontes. Ele coordena as atividades de manutenção e atualização dela. É especialista no sistema de propulsão a jato Bussard e nos reatores hiperespaciais acionados com antimatéria. Nasceu em um vilarejo camponês do sul da Alemanha onde aprendeu a conserta máquinas agrícolas para os vizinhos e a pilotar pequenas aeronaves como carros e aviões antigos. Estudou engenharia estelanáutica e como engenheiro tornou-se oficial da Armada Espacial vinculada ao Consórcio de Exploração do Espaço. Tem cinquenta e oito anos, sendo trinta nela. É sisudo. Gosta de ter o controle sobre os subordinados. Consegue projetar e construir equipamentos variados em pouco tempo.

 

4. Tenente-Comandante Elizandro Manuel Pontes

          

           Piloto ou timoneiro da nave Horizontes nascido no Brasil. Ele também exerce as mesmas funções em missões de planessagem com naves de serviço. Antes de se alistar, jogou profissionalmente futebol pelo Monte Olimpo que disputa a primeira divisão do Campeonato Marciano e a Taça Zeus, mas sua fortuna dissipou-se por sua ostentação com mulheres, festas, processos de paternidade, drogas e contrabando o que lhe causou a expulsão do futebol. Depois passou a pilotar cargueiros na rota Sol-Próxima Centauri até o ingresso na Armada do Consórcio. Estudou espaçonáutica e especializou-se no estudo da Armada Zark enfatizando os  supercruzadores e as sondas de ataque dela.

 

5. Tenente-Comandante Carla Janaina Rodrigues

 

           Carla passou sua infância e adolescência quase inteiras acompanhando os pais em expedições interestelares focadas na exobiologia e medicina. Eles foram responsáveis por catalogar e definir os tratamentos para várias doenças extraterrestres que infectaram humanos.[5] Apoiados pelo Consórcio preocupado com a contaminação humana por epidemias extrassolares, empregaram uma longa expedição pela galáxia de forma que a filha conseguiu conhecer muitas culturas sempre dentro do humano centrismo.[6] Recém formada, depois da primeira revolta separatista marciana, a Dra. Rodrigues ingressou na divisão médica estelanáutica da Armada. Nela, desenvolveu interesse por bioengenharia e cibernética conseguindo criar e aperfeiçoar em poucos anos variadas próteses biônicas. Passou a compor a tripulação da Horizontes durante a desocupação militar do Consórcio em Scorpiae.

É a oficial médica e exobióloga da nave. Suas tarefas estão voltadas para salvar as vidas de espécies diversas. Ela atua ao mesmo tempo como pesquisadora. Sensível, ocasionalmente emotiva, observadora e atenciosa para com as pessoas próximas, tem sua racionalidade está entrelaçada às emoções. Possui um filho adolescente vivendo com os avós já que é divorciada e o pai encontra-se em outro sistema também.

A médica já se envolveu em um conflito com nativos escorpianos quando ela cuidava do caso de uma criança cuja doença era incurável pela medicina local. Negligenciando as tradições religiosas do alimianismo e as regras dos líderes sacerdotes locais que proíbem aceitar cuidados médicos de estrangeiros, nestes casos humanos, Carla salvou a paciente. Isto lhe rendeu conflitos na Horizontes com Ender Shin e Thirty, mas eles desconsideraram uma corte marcial e perdoaram-na.

 

6. Ten-Cmdt. Gileade



É o oficial de segurança da Horizontes. Ele é escorpiano e foi resgatado por oficiais da Armada do Consórcio na última grande guerra civil de vinte e cinco anos atrás. Sua família reluta em aceitá-lo de volta, pois ele optou por servir à Armada.

 

8. Dra. Elisabete Tânis



Xeno-antropóloga voltada para pesquisa de civilizações interestelares e de pré-salto crítica ao Consórcio. Usa de abordagens como observação participante ao estruturalismo.  Ela é lésbica.

 

9. Patriarca Eliade.

 


Há cinquenta anos o Patriarca Eliade faz a ponte entre os escorpianos e as forças de ocupação. É um dos principais sacerdotes líderes da Religião Alimianista. Eles as recebeu no templo e conviveu com elas garantindo que o povo obedecesse as leis estabelecidas do exterior como a desintegração da unidade imperial central e a manutenção dos serviços religiosos conforme a tradição. Tornou-se um amigo e um guia da cultura escorpiana a Ender Shin durante o período de serviço no planeta. Eliade lidera a assembleia dos “Sacerdotes da Luz” que legisla e regula a vida da população. É um estudioso da tribo dos Lumitas e membro do clã dos Juízes. Sua posição dentro da tribo que administra as funções do templo possibilitou-lhe o privilégio do “passaporte eclesiástico” para viajar a qualquer sistema planetário sem depender das comitivas tribais lideradas por um agente imperial antes da queda da monarquia e no momento um comercial estrangeiro escolhido pelo Consórcio Solar e a Confederação das Luas Associadas de Cinder. É um erudito em filosofia e teologia, sendo autor de “A Era da Expiação: perspectivas para a consumação do universo e o retorno ao Criador.”

8. General Calebe Altair Kalar



 

           Calebe Altair Calebe é o príncipe da última dinastia do império escorpiano há cinquenta anos. Ele lidera o clã dos Guerreiro desde a deposição e a condenação do imperador. Exilou-se em Quand durante as cinco décadas de ocupação até retornar a Scorpiae. Reconhece a autoridade das forças de ocupação da Liga Interestelar a partir da intermediação de Eliade, mas coloca-se em posição contrária a ela. Kalar coordena a resistência planetária contra a presença militar humana e a influência do Consórcio Solar. Ele defende uma  corrente tradicional do alimianismo que divide a sociedade em estamentos análogos a classes operárias e ligados à origem hereditária do líder masculino da família. Culpa os humanos pelas atuais condições de seu mundo e a queda da monarquia. Vem tentando buscar aliados e financiar a resistência.

Calebe é um escorpiano melancólico, pois sua sociedade mudou e ele não consegue aceitar. Perdeu sua família cujos pais foram condenados e executados pela Liga. A partir deles aprendeu a seguir o alimianismo cuja ideia religiosa diz que os escorpianos descendem dos anjos expulsos do paraíso. Ele vive esta crença e deseja que a população nativa retorne aos modos tradicionais de vida conforme os textos sagrados. É um dos antigos alunos de Eliade sendo conhecedor profundo e influenciado pelos trabalhos de teologia e filosofia que tratam da resignação e a esperança de reencontrar Deus que restabelecerá os escorpianos como os promotores do universo. Interpretando as narrativas religiosas ao seu modo, Calebe acredita ter encontrado um meio de antecipar o encontro a fim de restabelecer os poderes de anjos acusadores, reagrupar o Exército de Proteção da Criação e lançá-los contra os infiéis da galáxia, focando-se no primeiro momento contra os humanos que ocupam Scorpiae e a Liga Interestelar apoiadora da ocupação. Calebe quer restaurar a sociedade pré-ocupação, reconhece o sofrimento de seu povo e executa ações extremas por isso até o momento em que se alia a Zark.

Encontrou no Império Zark um aliado potencial devido a ligações culturais como o “universalismo” sendo a ideologia e religião reformuladas do alimianismo segundo a crença e a narrativa de um messias galáctico morto e ressuscitado. Ele foi convertido e tornou-se um Yeshuan Novo depois de um ataque coordenado por sua resistência contra a convenção do Tratado de Sirius realizada em Quand. Servindo ao império, ele auxiliou no processo de expansão invadindo planetas com culturas técnicas pré-industriais e na implantação de novas tecnologias baseadas nos conhecimentos quandianos da época em estudou naquele mundo. Suas realizações garantiram-lhe a concessão pelo Supremo Sacerdote do Universo (o Papa) de sistemas planetários no setor Gibraltar e o reconhecimento do direito divino para governar Scorpiae e promover a yeshuanização dos povos do Setor Sírius. Kalar é um bom estrategista tanto nos campos militar, político e religioso. É resoluto e impassível, por isso ele busca conselhos do sacerdote Lariel. Isto resume algumas características do personagem.

          

Espaçonaves do Consórcio Solar

 

1. Veículo de Acesso Hiperespacial – Foguete a Jato de Matéria antimatéria (VAH-FJMA) 01 – Horizontes

 


A primeira classe de estelanaves construída para o Consórcio de Exploração do Espaço do Sistema Solar (CEESS). Ela é seccionada em três partes funcionais. Possui um sistema misto de propulsão. Quatro propulsores de jato do tipo Bussard impulsionam a espaçonave interestelar de quase novecentos metros de comprimento, atingindo 99% da velocidade da luz. Um reator supernova acionado por antimatéria gera a energia negativa necessária ao salto interestelar após um passeio cósmico de doze horas. Projetada para ser autossuficiente a nave usa quatro coletores para recolher de fontes de hidrogênio a pequenos meteoritos que são armazenados para consumo e depois se tornam plasma ejetado a alta velocidade pelas naceles. Três módulos compõe a espaçonave. O primeiro análogo ao desenho de um submarino possui a ponte de comando, alojamentos, laboratórios e quatro hangares com acessos laterais e ventrais. Há quatro dissipadores e dez silos multifuncionais. No segundo, há quatro ancoradouros com anéis de atracação compartíveis com diversas naves e estações, propulsores auxiliares e a sala de controle da engenharia. No terceiro, o reator supernova, os anéis de armazenamento de antimatéria e tanques internos de deutério/trítio. Nele, há as quatro asas dispostas equidistantes, formando uma cruz, em cujas extremidades há os propulsores a jato e os primeiros tanques de combustível. Canhões de dissipação colocados nos coletores bussard removem os átomos carregados eletricamente e outros obstáculos durante os voos. Duzentos e quarenta tripulantes divididos para trabalhos em três turnos de oito horas. A Liga Interestelar classifica a classe dessa espaçonave como Projeto-01.

 



[1]     O objetivo é ao longo do tempo trabalhar com a ideia de a cultura superar a evolução biológica e fazer desaparecer as linhas de demarcação entre os sexos e os gêneros aplicando a técnca.

[2]     É o primeiro conto sobre o alimianismo. A estória da queda.

[3]     Buracos negros transitáveis aqui do tipo Shwarzschild com um horizonte de eventos que deve ser circundado.

[4]     Análogo ao nacionalismo da extrema direita.

[5]     No século XIX, os europeus pesquisaram tratamentos de doenças tropicais para se proteger na América Latina, África e Ásia, segundo E. J. Hobsbawm em A Era do Capital e A Era dos Impérios.

[6]     Análogo ao etnocentrismo. 

Uma nova descrição

Esta é a quarta versão da proposta de criar uma série chamada Missão nas Estrelas. A primeira versão escrita em cadernos foi para o blog Universo Fantástico de I. J. Santim, contando com quatro contos. Há um quinto que a minha conjuntura atual não permite editar e um sexto não terminado. Posteriormente, tentei desenvolver a primeira revista de quadrinhos Missão nas Estrelas: Planeta Brasa, a qual só desenhei vinte e seis páginas. Depois, abandonei para fazer uma outra história cuja proposta uso para a atual. Desenhei algumas páginas em papel.

Antes os trabalhos eram creditados a I. J. Santim. Sou mulher transsexual que retificou o nome, logo os créditos também se alteraram para Poliana Gabriela Santim. Evitarei explicar sobre disforia de gênero e identidade de gênero. Eu reiniciei o projeto após a saída da faculdade. Não pude me formar e até a presente data estou sem meu diploma de licenciatura em história, pois fui expulsa de casa com minha namorada. Vivia numa família que resistiu a aceitar-me. Agora, expulsa pela segunda vez do abrigo, pois não consigo aceitar a disciplina local, viajaremos para São Paulo. No tempo livre, escrevi o roteiro e faço os esboços no Illustrator. Assim, escrevi cinquenta argumentos para Missão nas Estrelas. Abordo aqui a revista n. 1 chamada de “A Ocupação”. Por ora, estou desenhando a primeira página. Há uso de estereótipos árabes. Não nego. Também há influência do Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia.

A história começa após uma ocupação humana de cinquenta anos no planeta Scorpiae. Pensei na guerra da Síria, a qual os noticiários pararam de divulgar por conta da pandemia de Covid-19. A população escorpiana foi prejudicada e teve sua cultura modificada por causa da presença humana. Calebe Kalar é um ex-príncipe que se junta a facções extremistas da religião daquela cultura chamada de alimianismo. Ele não é um vilão. Contudo sua organização age de forma irracional, afetando a vida dos escorpianos para atingir a expulsão dos humanos do planeta. É a metáfora de uma organização terrorista atual que se declara a antítese do Ocidente. Comumente, elas são ineficientes a menos que tenham apoio de governos estrangeiros como Rússia e Estados Unidos. No caso de Calebe, o Império Zark oferece o apoio por partilhar da filiação de sua própria religião. O Alimianismo é a metonímia do Judaísmo/Islamismo e o Yeshuísmo do Cristianismo. Cada uma tem suas próprias correntes e brigam entre si.

Ainda desenhando a primeira página, estou explorando matizes aquareláveis e que transmitam calor, lembrando que Scorpiae tem dois Sóis. Uso o trabalho para aprender a mexer no Adobe Illustrator. Vejo alguns vídeos explicativos para colorir também. Logo, a primeira tarefa que faço é desenhar os traços. Estou aprendendo pinturas em camadas. Por conseguinte, posso esboçar os traços com a caneta, lápis ou vetores numa camada e pensar em outra, consoante a figura 1. Há personagens usando véu ou turbante, pois o profeta Alímia ordenou que as escorpianas cubram as cabeças ao sair de suas casas. Isto será trabalhado na revista de número 2. Os prédios de tendas vistos nas primeiras páginas vendem os vegetais e animais para sacrifício no templo de Alímia. A Dra. Tãnis comprou uma planta para ser queimada pelo sacerdote e ouviu a recomendação de que ela devia levar também uma ave. Os judeus ofereciam sacrifícios de animais e vegetais no templo. No Antigo Testamento da Bíblia, Deus de Israel é bastante carnívoro. Ele xingou Caim por ofertar os frutos da Terra e agraciou Abel. Sabemos como a história termina: o primeiro homicídio do mundo. Enfim.



 

Os humanos da Terra não são totalmente mocinhos nesta série. As histórias passam-se em um futuro onde os países terrestres uniram-se em um esforço internacional para explorar o Sistema Solar e as estrelas. Assim, nasceu o Consórcio Solar formado pelos Planetas Terra, Marte, Vênus e os Satélites Selênia, Titã e Europa mais populosos. Na Terra, vivem dezesseis bilhões de pessoas. Vigora um sistema descentralizado envolvendo Repúblicas dos tipos democráticas e parlamentares com divisão de poderes que cuidam das questões locais e uma grande assembleia com um Secretário-Geral eleito para cuidar das relações interestelares chamada de Consórcio Solar, o qual também lidera a chamada Liga Interestelar em um ciclo revezamento de dez anos. Dentro dele, há grupos políticos, econômicos e sociais que lutam por hegemonia e poder durante a expansão das atividades humanas extrassolares. Os demolidores de estrelas e construtores de portais planejam interligar toda a galáxia por rodovias hiperespaciais. Seu projeto afeta diretamente culturas estrangeiras cujos espaços de seus sistemas são distorcidos e os sóis implodidos. Há ainda os movimentos surgidos durante os estabelecimentos de comunicação com extraterrestres contrários a essas relações. Desse modo, ocorrem conflitos internos envolvendo xenofobia, especialmente com os escorpianos, seguidores do alimianismo, os quais tiveram seu mundo devastado pelas forças do Consórcio. Contudo, estas são informações da terceira versão do projeto reutilizadas aqui.

Assistam: Comentários sobre Missão nas Estrelas





quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Missão nas Estrelas II - A Viagem da Espaçonave Horizontes (Capítulo I - IV)



Capítulo I

Em algum lugar muito distante na nossa galáxia, numa época conhecida na História como o Período Negro de um Sistema Solar confinado pela maldade de alguns de seus habitantes. Nele, a vida humana tinha surgido há trezentos milhões de anos, juntamente com outras espécies que igualmente atingiram a civilização. Dali, parte nossos personagens.

Ano: 2585. Cidade das Estrelas. Órbita do terceiro Planeta. Dérlans.

O transporte espacial conduzindo o Almirante Ender Shin da superfície do planeta entrava na área orbital da maior metrópole fora da atmosfera já construída.
-Almirante, estamos nos aproximando da colônia. -Comunicou o Sr. Tetra.
-Já faz um bom tempo que eu não venho mais aqui. Contato?
-Positivo, Almirante e já temos permissão para atracagem. Depois, embarcaremos em outro transporte para a área de ancoragem da Armada.
-Ninguém pensa que eu resolvi depois de tanto tempo voltar à ativa.
-É verdade, Senhor.
Um leve solavanco confirmou o engate da nave em uma das câmaras de vácuo.
-Nós chegamos.
 
Ao leitor e a quem não me conhece ainda, sou o Almirante da Armada Espacial e ex-combatente da grande guerra contra os escorpianos Altabar Ender W Shin.
-Acompanhe-me, Senhor.
De um alto falante, escutou-se uma voz feminina e metálica:
-Atenção. Último transporte para a superfície partindo em quinze minutos. Última chamada para o transporte à Terceira Lua.
-Lá está o nosso transporte. -Apontou o Sr. Tetra. -Vamos embarcar.
-Gimm. -A escotilha abriu.
-Controle, aqui é o Transporte 2852 solicitando permissão para desatracar.
-2852 permissão concedida.
Os propulsores acenderam, a nave rapidamente deixou o ambiente interno do porto espacial e colocou-se nas vias entre os prédios orbitais interligados por longas tubulações que serviam de caminhos para veículos internos e pedestres.


-Capitão, nós vamos ter de diminuir a velocidade., pois temos um cargueiro em nossa frente.
-Passe por baixo, eu vejo a saída. -Respondeu o Almirante que voltava a capitanear uma nave.
-Giamm!
Raspando, a pequena nave espacial passou sob o cargueiro e ambos continuaram seus rumos ininterruptos.


Depois das duas grandes guerras, a contra Iscorpi e depois a invasão de Zark, o Terceiro Planeta começou a mudar de forma tecnológica e econômica. A legislação sobre a imigração extraplanetária depois da invasão de arienianos que não conseguiram deixa r o sistema solar tornou-se mais rígida, porém eles tiveram de ser tolerados por questão de solidariedade.
-Almirante, estamos nos aproximando do Cruzador Horizontes.
-Estamos atrasados.
-No horário. Aqui é o Capitão Tetra para nave Horizontes. Solicito permissão para atracar.
-Aqui Horizontes. Solicitação concedida. Desacelerem e prepare-se para transferir o controle da nave para nossa torre.
Um minuto depois, a pequena nave de asas entrava no hangar sob o controle dos controladores de tráfego da Horizontes e baixava seus trens de pouso. Enquanto isso, a nave Horizontes acelerava a fim de deixar a órbita do planeta. As luas planetárias pareciam próximas umas das outras e o sol surgiu entre elas.


II
A escotilha do hangar fechou e ele foi repressurizado. De pé, perto do transporte estava o Primeiro Oficial Sr. Thirty à espera de seu antigo Capitão.

-Almirante, é uma honra revê-lo.

-Estou aqui como Capitão para reassumir o comando da nave.

-É uma excelente notícia, Sr!

-Os motores já foram carregados para o nosso salto interestelar?

-Carreguei-os antes de ir buscá-lo, mas preciso realizar um teste antes. -Respondeu o Sr. Tetra.

-Quero que a nave acelere até a velocidade da luz, imediatamente.

O mais rápido que as naves estelares do Terceiro Planeta conseguiam chegar eram os 300 000 Km/s que a luz percorre no vácuo. O Cruzador Horizontes havia sido a primeira nave estelar construída pela civilização derlaniana para atingir as estrelas sem depender do apoio de terceiros. Quando ela converge ao hiperespaço sua velocidade aumenta incrivelmente. Para missões de exploração em outros planetas, grandes naves de serviço projetadas para voos dentro de atmosferas estão estacionadas no hangar principal. Nessa nova missão, a República Planetária e a Liga Interplanetária decidiram enviar a espaçonave para tentar comprovar a veracidade de uma lenda antiga sobre a formação de um Reino Estelar pela civilização humana que havia colonizado o sistema solar. Infelizmente, Zark também enviou uma expedição e poderá destruir o suposto planeta se chegar antes.

Pelos corredores laterais, enquanto caminhavam até a ponte de comando o agora novamente Capitão Ender Shin e o Comandante Thirty dialogaram sobre quando saltariam ao hiperespaço e estranhas perturbações descobertas ao redor da estrela que eles visitariam.
-Capitão, nós atingiremos a velocidade necessária para o salto em trinta minutos e esperamos que o Sr. Informa nossas novas coordenadas.
- ...
-Há algum problema?
-Não, exatamente. Descobri uma oscilação estranha na estrela Mira que é o nosso destino e seus quatro planetas. Há rumores vindos dos planetas de Zark que lá existe um mundo com uma civilização técnica desenvolvendo-se, porém os adversários negam-os.
-É uma possibilidade remota, pois nossas sondas nunca revelaram nada, porém Zark sempre mente e seu governo enviou quatro cruzadores estelares para aquele setor.
-Quatro?! Muitas naves grandes para um setor sem ninguém. Estranho.
O Capitão chamou a ponte de comando pelo interfone:
-Ponte?
-Aqui é a ponte.
-Ordens para efetuar o salto.
-Entendido. Iniciando sequência de convergência ao hiperespaço.
A nave tremeu. Ouviu-se o som dos motores e sentiu-se uma grande explosão de energia.
-Giamm! Giiibrrrrrr!


 
Instantes depois na ponte de comando, Ender Shin informava em seu diário o rumo e o destino da espaçonave:
-Traçamos curso para o Sistema Planetário Mira situado no setor de Épsilon Eridani, onde conforme nossas ordens faremos uma busca exoplanetária.
-Estamos conseguindo manter o atalho estável e nossos campos de contenção impedindo o contato da matéria exótica com o casco da nave, mas...
-Problemas, Comandante?
-Monitoramos uma comunicação hiperespacial para um encouraçado de Zark e possivelmente seja a nau do Imperador. Possivelmente, estão realizando manobras...
-Se fosse manobra de treinamento para combate as transmissões estariam sendo realizadas pelo espaço comum e comunicações pelo hiperespaço simuladas por computador. Acho que Zark está vindo em nossa direção ou indo ao mesmo destino, conforme suspeitamos.
O velho Almirante tinha poucas dúvidas sobre essa questão e temia, como qualquer bom comandante, um enfrentamento logo que saltassem ao espaço normal novamente. 

III
 
-Giiibrrrrrr!
Os quatro propulsores do enorme cruzador de Zark novamente expeliam trilhões de toneladas de plasma tão quente quanto o de qualquer estrela amarela. A nave colocava-se numa órbita mais próxima do sol de Mira e, assim, desviava da investida de outra nave, cujos propulsores recentemente haviam sido desligados e seu movimento acelerado era mantido por inércia.
-Cruzador Alfa vamos repetir a manobra.
-Entendido General Kalar e alertamos sobre o risco de colisão com nossa proximidade. -Respondia por rádio o Capitão da outra nave.
-Temos uma comunicação do Imperador. -Informou o Oficial de Comunicações.
-Abra um canal.
-General Kalar.
-Imperador que honra em falar com Vossa Maioria.
-Desde a grande guerra que derrotou a civilização escorpiana e derrubou o escudo que isolava o seu sistema você tem prestado grandes serviços ao Império e agora confio-lhe uma nova missão. Impedir uma nave da Liga de penetrar nesse sistema solar e vasculhar seus planetas. O Senhor já os enfrentou antes e deverá sair vitorioso. A nave enviada é a Horizontes. Um cruzador obsoleto e que suas armas aposentá-lo-ão.
O Imperador lembrava-se que há noventa e cinco anos Zark de certa forma havia sido o maior aliado dos escorpianos, espécie a qual o General pertence e invadido o sistema solar, sede da Liga Interplanetária, a fim de dominar todas as civilizações técnicas e estabelecer um império escorpiano favorável a Zark. Houve, para isso, o apoio de alguns partidários da Monarquia dos “aguilhões”. O projeto fracassou e a ação seguinte de ataque primeiramente ao planeta dos escorpianos não passou de um ato de vingança por esse governo estar apoiando os fugitivos arienianos.
A voz do Imperador era lenta, gélida e grave. Ele pronunciava sílaba por sílaba de cada palavra proferida a fim de ter certeza que seus subordinados compreendessem bem suas ordens antes de implementá-las. Indicava também um formalismo exacerbado.
-Estamos concluindo uma manobra nesse momento.
-Um bom disfarce para esconder o que descobrimos e nossas pretensões.
-Claro. -Encerrou-se a comunicação.
-General a Horizontes acaba de saltar e está desacelerando usando os propulsores convencionais.
-Abrir frequência de comunicações e transferir potência aos propulsores.
Novamente, a grande nave discoide movia-se. O cruzador Horizontes entrava em órbita da estrela Mira, enquanto acertava uma nova trajetória para o terceiro planeta do sistema. Único mundo com algumas condições para suportar vida, porém nenhuma sonda enviada a ele confirmava a lenda de haver uma civilização técnica e capaz de trazer os mundos em guerra de volta à paz.



O alarme informando a aproximação de uma nave hostil sibilou intensa e continuamente por todos os compartimentos. Toda a tripulação rapidamente dirigiu-se para suas devidas estações de trabalho e aguardaram novas instruções. Ender Shin encontrava-se no escritório e seu Imediato estava no comando. Por interfone:
-Ponte para o Capitão.
-Qual o problema Comandante?
-Um cruzador estelar Zark está se aproximando e seu comandante exige nossa mudança de destino e de trajetória.
-Ignore. Mantenha o curso e nossa trajetória atuais.
-Tchiamm! Bumm! Aaaah!
-Tripulação para postos de combate. Tente levantar nossos escudos. Indo para a ponte.
A Horizontes recebeu um duro golpe. O ataque foi repentino, mas o casco conseguiu absorver boa parte da energia. De repente, acontece um segundo.
-Tchiamm! Tchiamm! Bumm! Bumm!
-Escudos de energia perdendo força e mudando fonte para energia de reserva!
O cruzador inimigo aproximava-se e a Horizontes acionava seus quatro propulsores em reversão para se afastar. Ender Shin havia entrado na ponte de comando. Os oficiais estavam nervosos e temerosos. Aquela nave era muito poderosa. Não daria para derrotá-la. Ele, sorridentemente, falou:
-Eu conheço esses cruzadores! Seus propulsores consumem a maior parte da energia dos motores e quando estão acelerando as armas irradiantes tornam-se mais fracas. Armar os quatro emissores principais e esperem aquela nave acelerar. Engenharia acelerem em reverso.
-Mas, Capitão?!
-Confiem em mim.
-Agora! Fogo!
Os propulsores do cruzador Zark expeliram uma grande quantidade de plasma. Ele virou e disparou uma rajada de energia radiante ao mesmo tempo que a Horizontes. Ambas as espaçonaves foram atingidas.
-Tchiamm! Tchiamm! Bumm! Bumm!
O casco inferior de proa da Horizontes estava em chamas. Uma seção da nave inimiga também e ela afastava-se. Tinha de evitar a destruição.
 
Enquanto isso, o cruzador que participava da simulação de combate anteriormente havia surgido do outro lado do sol de Mira e desacelerava. Suas escotilhas superiores abriam-se, mas no momento nada saía de dentro dos orifícios.
-O casco da nave inimiga tem um rombo e seus escudos foram danificados.
-Foi uma excelente manobra.
-Sugiro usar os emissores da proa e concluir com a destruição da nave.
-Concordo. Artilharia fogo!
-Tchiamm! Bumm! Bumm!
A batalha havia sido vencida e agora a Horizontes libertava-se de uma grande ameaça para explorar o sistema solar e encontrar o planeta perdido. Seus eficientes sensores podiam rastrear planetas mesmo há muitos bilhões de quilômetros distante da área de influência gravitacional do Sol de Mira.
IV

Nave do Império Zark
 
-General, aqueles malditos destruíram nosso cruzador! -O arieniano emissário do Imperador e Imediato do General kalar lamentou com fúria. Aconteceu o imprevisto. A poderosa espaçonave discoide foi destruída por falha estratégica.
-A tripulação daquela nave pereceu por incompetência, porém devemos considerar que o Capitão da Horizontes participou da Grande Guerra que começou aniquilando as bases escorpianas no Terceiro Planeta.
-Quais nossas novas instruções?
-Eu estou preparando uma coisa nova. Uma armadilha para tomar aquela nave. Daremos inicialmente espaço a ela. Lembre-se que não podemos arriscar nosso objetivo com ações imprudentes.
-Vamos distrai-los, isolá-los e enviar uma força de desembarque.
-Parece algo difícil de se realizar.
-Difícil, mas não impossível.


À noite, mais por convenção da tripulação, o Capitão e seu Imediato tiveram um pouco de sossego durante um tranquilo jantar, onde puderam dialogar sobre algumas atitudes recentes tomadas por parte da esquadra inimiga que aparentemente se afastava do Sistema de Mira.
-Almirante, as transmissões que rastreávamos pararam e todas as naves da frota de Zark parecem ter desaparecido do sistema. Eu estou considerando que a Liga errou ao considerar a lenda como algo possível e que Zark pretende usar esse setor como base de operações para expandir o seu império. Teríamos, então, um reino de terror.
-Acha possível que Zark esconde uma base aqui?
-Sem dúvida, Almirante. Esses Zark há um século apoiaram os escorpianos para evitar o fim do nosso isolamento e falharam.
-Eu estive na guerra, assim como você, mas a história tem distorções. Agora, eles querem recomeçar com isso. Ah, mas se nesse sistema houver algo que valha nossa proteção não deixarei que Zark tome par si.
Nesse instante, tão prazeroso pela comida apetitosa à mesa, eles não consideravam a possibilidade de a Horizontes ser emboscada. O vinho cinderiano tinha um gosto que fazia o Comandante Thirty segurá-lo na boca por até um minuto. O jantar acabou. Eles voltaram ao comando.
-E ai?
-Tem alguma coisa errada aqui. -Murmurou pensativo o Comandante Thirty.
-Estranho, pois há pouco tempo os sensores indicavam haver várias naves por aqui e se tivessem saltado...
-Teríamos descoberto. -Interrompeu o Capitão Shin. O piloto da nave ao proferir essas palavras essas palavras estava certo.
-Camuflagem? -Argumentou o Comandante Thirty.
-Talvez.
-Ou escondida em algum lugar.
-Em qual? Não há lugar para esconder naves gigantes.

-Devemos contatar o nosso planeta?
-Temos ordens para manter silenciosos os canais hiperespaciais e considero que o que ocorreu pode não se repetir, pois pela Convenção Galáctica uma nave de exploração como a nossa não pode ser atacada.
-Não pode, mas fizeram e motivo eles possuem.
-Preparem o lançamento das sondas para os planetas e vamos usá-las para encontrar as naves inimigas.
Uma nave na tela de radar do console de navegação e um alarme interromperam a reflexão.
-Tam! Tam! Tam! …
-Acho que não é mais preciso, Almirante.
-Alerta Vermelho! Todos para seus postos de batalha! Thirty mande preparar uma nave de serviços para lançar na direção da oscilação que você rastreou quando houver uma oportunidade de distração.
-Sim, Capitão.
-Quero comunicação com aquela nave.
-Temos os canais abertos. Um General imperial comanda.
-Polarize a tela.
-Aqui é o Capitão Ender Shin da nave Horizontes.
Quando a imagem do escorpiano surgiu, Ender Shin surpreendeu-se:
-General Kalar! Éramos... bons amigos desde...
-Há quanto tempo Ender!

O general gravemente prosseguiu:

-Eu serei direto ao assunto. Se vocês não alterarem seu destino e a trajetória da nave, nós não teremos piedade alguma. Atacaremos.

-Virou bandido agora? O que o fez mudar de lado?

-Vocês provocaram destruindo uma nave. Agir da mesma forma e com a mesma intensidade é justificável.

-Discordo.

-Sua resposta?

-Não!

-Atacaremos.

-A transmissão foi encerrada da nave do General. -Informou o Imdediato.

-Capitão, há mais dois cruzadores colocando-se próximos de nós. Estavam ocultados na atmosfera de um planeta gasoso. O esconderijo perfeito.

-A nave do General está energizando suas armas dianteiras.


Enquanto isso, a nave de serviços decolava do hangar principal, cujas portas vagarosamente havia iniciado a abertura.

-Trilhos energizados. Acionando propulsores de impulso.

-Giiiiiibrrrrrr!

-Acelerando.

-Giamm!

A pequena nave aerodinâmica estava no espaço.

-Droga! -Exclamou o piloto por rádio. -Torre, temos um cruzador sob nós.

-Tchiamm!

Na frente da primeira nave, um rastro flamejante cruzou e bateu no costado da Horizontes que estremeceu.

-Brrrrrrr!

Os alarmes interiores dificultavam que os oficiais falassem e escutassem.

-Relatório Comandante.

-Rombo no casco, escudo danificado e perdemos metade da nossa força de propulsão.

-Eles sabiam que lançariamos uma nave. -O Capitão assombrou-se com a possibilidade. -Pode haver um espião a bordo.

-Invasão no hangar.

-Alerta de invasão. Toda equipe de segurança alerta. Intrusos no hangar. -A voz feminina e metálica continuava a falar esse aviso.

Por interfone, o Imediato ordenou:

-Todas as alas temos condição nível três.


O General Kalar esperou uma nave ser lançada para rapidamente enviar suas forças iniciar a abordagem da Horizontes. Os invasores começaram a desembarcar e eram duramente reprimidos pelos soldados da segurança. Uma nave invasora foi atingida por um membro do grupo de combate em gravidade zero.

-Tchiumm! Bumm!

-Abaixem-se!

-Tchiumm.

-Nunca entre sem permissão na minha nave! -Exclamava um dos soldados.

...


O salto interestelar já não podia mais ser realizado. Parte da tripulação preparava-se para se dirigir às áreas de fuga e o Capitão teve a ideia de usar um aparelho ainda em fase experimental para transportar cargas a fim de viajar ao planeta, cujos sensores confirmavam a existência. Ele considerou a nave perdida e não desejava mais recuperá-la, mas completar a missão e salvar a tripulação.
-Conseguiram contato com a equipe de exploração?
-Nada ainda.
-Acompanhe-me.
Ender e Thirty deixaram o comando. Pegaram um elevador em meio à correria de oficiais e à luta corpo a corpo que se aproximava. Felizmente, ela permanecia no hangar principal. Os invasores, por ora, encontravam-se impotentes a bordo.
-Estamos conseguindo deter os soldados no hangar, mas não sei até quando. O General está no hiperespaço há duas horas daqui.
-Comandante, evacue a tripulação da nave se a invasão não puder ser controlada e eu vou completar a missão. -Cruzou uma porta.
-Mas, Almirante?!
O compartimento onde os dois achavam-se estava sendo usado como local de testes a uma nova invenção da Liga Interplanetária.
-Almirante, o Senhor pretende usar o teletransporte quântico?
-Sim.
-Mas, ele só é experimental e apenas para o transporte de cargas, não de pessoas.
-Se o computador armazena na memória a configuração de uma caixa de suprimentos, ele também fará o mesmo comigo.
-Não é seguro, pois o Senhor pode ser reintegrado sem vida.
-Risco válido pelo bem de nosso planeta.
-Escaneie-me e ative.
-Sim, Senhor.
O teletransporte aconteceu, enquanto isso os invasores moviam-se para a ponte de comando. Haviam cabos elétricos soltos do teto, paredes rachadas e queimadas, principalmente no hangar, feridos quedados esperando ajuda médica e oficiais continuando a luta. Era preciso evitar a dominação da ponte de comando e da sala de máquinas. O Imediato após concluir o transporte de seu Capitão voltou ao comando.

-Senhor, o cruzador que enviou a força de abordagem está se afastando.

-Reverter motores, afastar e preparar para disparar o que resta de energia nas armas da proa.
Um planeta pequeno, de atmosfera avermelhada e com nuvens escuras muito quentes, escondido entre as órbitas de dois mundos gasosos gigantes foi o lugar onde Ender Shin rematerializou-se. Ali, um estranho alienígena recebeu-o. A lenda, então, seria verdadeira? Haveria uma raça capaz de impor o fim da tirania de Zark?

-Capitão Ender Shin?

-Fala minha língua! Ótimo!

-Preciso encontrar uma nave que pousou aqui e...

-Sua nave pousou perto de um vulcão ativo e resgatamos sua tripulação. A propósito seja bem vindo ao Planeta Negro. Estamos em meio a um processo de metamorfose planetária aqui, adaptando o planeta para receber habitantes.

-Achamos que poderíamos encontrar aqui uma civilização técnica mais avançada que a qual eu pertenço do Terceiro Planeta ou de qualquer membro da Liga Interplanetária e a solução para nosso conflito com Zark.

-Só há uma base de pesquisa e a nossa nave aqui. -Respondeu o alienígena enquanto caminhavam. -Hum. Vieram atrás de um milagre. Zark tornou-se uma ameaça real a todo esse setor, porém meu governo pode detê-lo e proteger esse setor.

Eles entraram nas instalações de pesquisa. O anfitrião pertencia a uma civilização que vive em Épsilon Eridani. Ender Shin não viu nada que o impressionasse como havia imaginado. Ali, ele encontrou a tripulação da nave de serviços enviada para explorar o planeta.

-Capitão!

-Vejo que todos estão bem e alegro-me!

-Encontramos uma nave Zark na órbita e nosso novo amigo afastou-a.

-Eles queriam este mundo como base para expansão pelo setor, mas não contavam que este sistema pertence a Épsilon Eridani e que nosso governo enviaria uma missão para expulsá-los e garantir a posse definitiva desse mundo.

O alienígena ativou a tela de um computador e disse:


-Sua nave causou sérios danos a um cruzador de Zark e parece estar com pouco danos. Enquanto isso, as outras naves da frota inimiga estão se afastando do sistema e saltando numa área fora do alcance de nossos sensores.

-Isso me alivia.

A imagem captada foi o último ataque com os quatro emissores de radiação desintegradora da proa da Horizontes. A nave inimiga foi despressurizada e precisou ser abandonada. O General Kalar, seu comandante, tinha escapado.

Tempo depois, Ender Shin e a equipe de exploração decolaram na nave de serviço consertada pelos colonizadores daquele mundo que passava por uma mega transformação artificial e voaram para a Horizontes que passava por seus primeiros consertos e manobrava para deixar o sistema de Mira, porém demoraria dias até sua capacidade de salto ser restaurada. Nele, talvez, um novo aliado houvesse sido encontrado. Ali, Zark nunca mais ousaria invadir!


Não é justo escrever fim quando haverão outras aventuras.



No próximo episódio:

Zark faz um bloqueio contra naves da Liga e planeja dominar um mundo com uma civilização em desenvolvimento. Pelo menos, isso era o que se pensava até Ender Shin desembarcar com sua tripulação e descobrir algo novo, inesperado.