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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Lembranças ao voltar para casa

Autor: Itacir José Santim
O ônibus vindo de Porto Alegre parou ao lado da rodoviária situada na avenida principal de Muçum, pois não há box e nem espaço para um, o que causa transtornos ao transito de carros. Regina desembarcou tranquilamente e sorriu contente ao ver uma velha amiga lhe esperando. Elas se abraçaram. Depois de cinco anos morando na capital, tendo concluindo com honras a graduação em História, voltava para casa a fim de assumir o cargo de professora na escola em que tinha estudado. Da praça, a música atraiu as garotas.
A praça estava repleta de barracas e um grande palco havia sido montado sobre o “lonão” da avenida principal. Acontecia a Semana Farroupilha, maior evento tradicionalista da região. Mulheres de vestido de prensa e homens de pilcha dançavam um fandango naquele instante, enquanto um público atento assistia. Pelo acampamento, muitas rodas de chimarrão tinham se constituído e de mãos a cuia passava. Regina, ao ver tudo, demonstrava seu encanto através de risos e palavras denotando saudades.
-Gostaria de vir de noite e rever os outros também.
-Vamos marcar.
À noite, as garotas reviram os velhos amigos e divertiram-se. Elas conheceram alguns rapazes que demonstraram estar afins, mas Regina manteve-se indiferente. Uma triste lembrança surgiu em sua mente. Ícaro. Lembrava-se vagamente, pois, por algum motivo, essa memória foi suprimida. Conheceu-o fez dez anos no mesmo evento.
-Aline, eu vou embora.
-Por quê?
-Não me sentindo bem e amanhã tenho de trabalhar.
-Entendo. Tenha uma boa noite.
...
O primeiro dia de aula. Regina foi bem acolhida, conheceu o Projeto Político Pedagógico e ouviu da sua colega e ex-professora Mariane de História as atividades realizadas até aqueles dias. Isso devia passar segurança, mas não aconteceu. Sozinhas, antes da primeira aula, elas conversaram. Mariane quis demonstrou preocupação:
-O que passa nessa sua cabecinha, Re?
-Lembrei-me do Ícaro e de tudo que aconteceu. Talvez fosse melhor não ter voltado. Sinto-me com medo.
-Aqueles dias passaram e não há mais nada com que se preocupar, a não ser com suas turmas. Você gostava dele, foi bom, mas em nossas vidas as pessoas são passageiras. Quiçá você não conheça alguém tão incrível amanhã?
A sirene soou. Lá, na primeira sala de aula do primeiro prédio, ela estava estática, com medo de abrir a porta e enfrentar o outro lado. Alunos cheios de energia loucos para aprender e outros teimosos, resistentes, esperavam-na. Ela fechou os olhos e pensou estar indo para outro lugar, até que a professora Mariane tocou-a e fê-la voltar à consciência.
-Entre. -Disse a professora Mariane.
Os alunos demonstraram boa receptividade. Regina inovava nas aulas com suas ideias e instigava a curiosidade neles. Passaram dias, semanas e meses. Ela se habituou ao trabalho, apaixonou-se pela profissão e começou a sentir segura. Uma ilusão para outra história não contada.

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