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sábado, 9 de novembro de 2013

As populações indígenas do Brasil até 1500




Autor: Itacir José Santim



Estima-se que até a chegada dos portugueses existiam cerca de três milhões de pessoas nas terras que hoje é o Brasil e suas diferenças eram imensas. Atualmente, usa-se a classificação linguística para estudar os povos indígenas do Brasil. Distribuição dos principais povos Tupi – Tupinámbá (Bahia), Tupiniquins (dominaram a costa do Espirito Santo) Guarani – Mbya, Caiua, Nhandeva, Patos, carijós, Arachanes etc. Jê – Tapuías que designavam os Caruíbas e os Cariri, Aimorés ou botocudos em Minas Gerais, Xocleng e Kaingang no sul do Brasil. Aruaques – Terêna (MT), Paresi (RO) Dos povos que os portugueses mais contataram, os tupi-guarani controlavam grande parte do território desde o Maranhão até São Vicente. O Tupinambá era o principal grupo na Capitania da Bahia, enquanto ao sul os Tupiniquins dominavam até a costa do Espírito Santo, embora sempre estivessem sob ameaça dos Aimorés (Botocudos). A organização tupinambá Os tupinambás viviam em aldeias de 400 a 800 indivíduos distribuídos em grandes unidades familiares de 4 a 8 malocas alongadas. As responsabilidades na organização eram divididas segundo o parentesco de linhagem paterna, sexo e idade. Essas duas últimas definições eram mais usadas para definir privilégios e responsabilidades durante a captura de inimigos e no ritual de antropofagia. A economia tupinambá era de subsistência e de autoconsumo. Não se realizava muitas trocas entre as aldeias. Feijão, milho, diversos tubérculos e mandioca, transformada em farinha, faziam parte da alimentação deles. Os Tupinambás praticavam a coivara. Aos homens cabia o trabalho de abrir clareiras e derrubar as árvores maiores. Incendiava-se a vegetação rasteira e aproveitava-se suas cinzas como adubo. As mulheres plantavam colhiam, encarregavam-se dos artesanatos, de cuidar dos filhos e preparavam os alimentos. Os homens pescavam e caçavam. Os tupinambas e seus vizinhos praticavam uma economia de uso, não de troca, suprindo suas necessidades sem a preocupação de produzir excedentes. Organização política em geral Liderança por chefe ou xamã e os guerreiros; Redes estreitas por parentesco e alianças; Esses grupos eram nômades. Importância do chefe. Além das situações de guerra, era dever do líder determinar o deslocamento de uma facção, escolher o terreno para a nova aldeia, supervisionar a construção das malocas e selecionar o terreno para horticultura, além de demonstrar exemplo a todos como começar a trabalhar antes de todos. Em cada maloca também havia um líder, limitando a autoridade do chefe que ficava sujeita ao consentimento dos seguidores. Os xamãs. Eles juntos do líder tinham o papel de guardar as tradições, ser intermediários entre o sobrenatural e os humanos, interpretar sonhos e proteger a sociedade local contra ameaças externas, como espíritos malignos. Também decidiam quando era o melhor momento de guerrear. Antropofagia Antropofagia e sacrifícios causaram muita controvérsia no século XVI, porém ela constituía a base das relações interaldeias. As batalhas frequentemente congregavam guerreiros de diversas unidades locais. Nas vitórias, reuniam-se para comemorar e na derrota para reconstruir suas aldeias. O ritual de antropofagia era aceito por todo mundo, incluir pelo prisioneiro. Ser devorado era uma honra. Preso, o prisioneiro era levado à aldeia, lá bem tratado, pintado, podia ter mulheres, depois morto, conzido, limpo e comido. O executor, também tinha uma preparação e depois de matá-lo adicionava o nome do inimigo ao seu. Os Tupinambás viam no ritual uma espécie de vingança pelos seus ancestrais e essas sociedades indígenas, como antes dito, viam honra nele, conforme Hans Staden relatou. 

Reflexão sobre a antropofagia indígena e a praticada pela Igreja Católica.
Uma observação pessoal. Nem todos os grupos praticavam o ritual antropofágico. É preciso compreendê-lo dentro da cosmologia e dos meios que regiam as sociedades nativas antes da invasão portuguesa e espanhola nas Américas, pois só assim pode se evitar a criação de preconceitos. Ela é parte de um ritual religioso. Não comiam gente por gosto ou por terem fome, mas apenas em cerimônias religiosas ocasionais para adquirir as qualidades da vítima. Continuando o pensamento, a própria Igreja Católica mantém desde sua fundação por Constantino em 325 um ritual antropofágico, a chamada Eucaristia, ou seja, comer o corpo de Deus, correção, o corpo de Jesus Cristo (ele não é Deus, mas seu filho) para adquirir algumas de suas qualidades. Isso é bem próximo do que algumas sociedades indígenas praticavam. Se é horrível pensar em comer carne humana, saiba que os católicos também o fazem, mesmo que simbolicamente, mas o que incomoda e o simples fato de imaginar, mas as pessoas que frequentam a Igreja Católica nunca refletiram sobre isso e levam o ritual da Eucaristia como algo mecânico e aceitam passivamente, sem questionar a prática, por talvez querer viver a fé assim como esses indígenas ou por continuarem achando que dogmas não devem ser questionados, quando isso é uma necessidade e muitos por ventura precisam ser quebrados.
 
 Referências
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2009.
 
 BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: Das Cavernas ao Terceiro Milênio – Da Formação da Europa Medieval à Colonização do Continente Americano. 2° Ed, São Paulo: Moderna, 2006. 
 
 GAMBINI, Roberto. Espelho índio. São Paulo: Axis Mundi: Terceiro Nome, 2000. 
 
 MELLATI, Júlio Cézar. Indios do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1989. 
 
 MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: indio e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
 
 STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Porto Alegre: LPM, 2008. 
 
SCHWARTZ, Stuart B.; MOTTA, Laura Teixeira. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.