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sábado, 20 de julho de 2013

Uma Breve História do Computador e da Internet

Uma Breve História da Informática
Antes de falar do significa do termo cibercultura é necessário historicizar sobre o surgimento da informática que transformou as relações humanas. O computador pessoal (Personal Computer ou PC) foi uma invenção que se transformou ao longo de décadas de pesquisa por parte de governos e de empresas privadas. Inicialmente, os computadores foram fabricados para propósitos militares e científicos. O ENIAC, primeiro computador moderno, usado pela Marinha dos Estados Unidos desde 1947 era tão grande que exigia milhares de válvulas, ocupava uma grande sala e fazia muito barulho. Outro conhecido na época foi o Colossos usado durante o fim da Segunda Guerra Mundial para desencriptar os códigos alemães graças aos esforços do matemático Alan Turing e de seus colegas, um dos fatores que garantiram a vitória dos aliados contra o Eixo.
Nesse período, os primeiros computadores não eram muito confiáveis, pois demandavam muita energia e superaqueciam, mas isso foi mudando com a invenção do transistor em 1947 após os sucessos dos experimentos da física de supercondutores realizados pela Bell Laboratories. Seus projetistas foram John Bardeen, Walter Brattain e William Shockley. Esse componente era fabricado a partir do germânio que depois Gordon Teal substituiu por silício e denominado de “chip”, nome que rapidamente se popularizou. A empresa que passou a fabricá-lo com a nova matéria-prima foi a Texas Instruments em 1954. A miniaturização das peças a partir do surgimento do circuito integrado, um chip de silício com 2250 transistores miniaturizados, possibilitou o desenvolvimento de computadores mais potentes e mais baratos, porém isso demorou para acontecer. O barateamento do chip RAM (memória de acesso randômico) tornou-se evidente quando a Intel o introduziu no mercado em 1970 graças ao seu fundador Robert Noyce que notou a possibilidade desse componente estimular a tecnologia digital em detrimento da analógica.
A história do surgimento da memória data por volta de 1940, mas a inserção da memória de núcleo magnético nos computadores só aconteceu em 1953 graças a Forrester. A primeira linguagem de programação interna foi inventada pelo engenheiro alemão Konrad Zuse que a chamou de Plankalku, porém ele foi esquecido e os inventores mais lembrados foram John Backus que criou a FORTRAN (Sistema de Tradução de Fórmula) e Bob Taylor e Alan Kay da Xerox fundada em 1970 que inventaram o mouse.
É curioso que os primeiros computadores vendidos no mundo ainda em 1950 eram britânicos, porém suas empresas não prosseguiram com o seu desenvolvimento pela falta de garantias oferecidas pela escala do mercado norte-americano. Cabe lembrar que esse era o período mais tenso da guerra fria, portanto tanto americanos como os soviéticos priorizaram o desenvolvimento de suas máquinas para realizar trabalhos em sistemas militares como orientações de sistemas de mísseis e avançar com os programas espaciais e navais. Em 1964, o Japão também entrou na corrida para construir seu computador e com o transistor a Sony lançou a primeira televisão transistorizada e o walkman, alterando o modo de ouvir música e influenciando as invenções futuras como o telefone celular.
O filósofo Pierre Lévy em Cibercultura (1999) abordou o desenvolvimento do microprocessador, citando a lei de Gordon Moore, cofundador e presidente da Intel, que afirmou haver um o número de transistores colocados em um chip dobraria a cada dezoito meses, aumentando assim a velocidade de processamento de dados e a capacidade de armazenamento. Quando se tornou possível miniaturizar os componentes usados na fabricação dos computadores através do silício e o microchip foi inventado empresas como a Atari, a IBM e a Apple Macintoch passaram a comercializar os primeiros computadores pessoais. Foi entre o fim da década de 1970 e início de 1980 que eles se popularizaram. O autor destacou sucintamente os progressos tecnológicos que garantiram o surgimento da informática, a presença de seus componentes em todos os equipamentos eletrônicos automatizados, o advento da comunicação móvel por celulares etc.
Foi a partir de 1974 e de 75 que os primeiros computadores pessoais surgiram com os lançamentos comerciais da Radio Elettronics e da Popular Eletronics, porém os modelos que se popularizaram foram Apple I e II que tinham capacidade de realizar várias tarefas. Depois foi a vez da IBM inserir o seu primeiro computador pessoal no mercado em 1981. Antes de a Microsoft ser fundada por Bill Gates aos 19 anos de idade, os computadores, tanto pessoais como profissionais, existentes no ano de 1984, cerca de meio milhão de máquinas no mundo, eram incompatíveis entre si e todos rapidamente se tornavam obsoletos. Os desevolvedores como Bill Gates descobriram que a chave para aumentar o uso deles e difundi-los ainda mais eram os programas. Nesse ano, a IBM encomendou um sistema operacional à recém-fundada Microsoft e seu fundador viu nisso a chance de enriquecer criando um programa que pudesse ser usado para controlar as operações da maioria dos computadores. A Microsoft conseguiu se tornar a maior empresa do mundo a partir da venda do Windows em todas as partes do mundo e o “PC” começou a se socializar. Nesse sentido, não se pode deixar de fora também o Unix elaborado em 1991 e serviu de base para os sistemas operacionais conhecidos como Linux, cuja arquitetura é usada também para controlar outras ferramentas.
Em 1995, a Microsoft lança o navegador Internet Explorer para competir com o Netscape Navigator, iniciando assim uma disputa por quem dominaria a navegação pela Internet moderna que recém havia sido estabelecida. Esses feitos garantiram a conclusão da estruturação da informática e a interconexão mundial através do ciberespaço, onde, conforme Lévy (1999), constituiu-se a inteligência coletiva, graças a organizações de comunidades virtuais. O próximo item desenvolverá resumidamente a história da Internet e o conceito de ciberespaço.
Uma Breve História da Internet
William Gibson foi o primeiro escritor a usar o termo “ciberespaço” em seu romance de ficção científica Neromancer, um universo cheio de redes digitais que representava a nova fronteira econômica e cultural e onde aconteciam as batalhas entre as multicionais. Alguns heróis conseguiam entrar fisicamente nesse mundo. Os conceitos foram usados na trilogia de cinema Matrix em 1999, mas ainda nos anos 80 os criadores de mídia digitais e usuários adotaram o nome. Porém, a história da internet é mais antiga.
A primeira rede que se pode chamar de pré-internet foi estabelecida entre 1968-69 com o apoio financeiro do governo dos Estados Unidos através do Departamento de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa (ARPA) fundado em 1957 como uma resposta ao lançamento do primeiro satélite Sputnik. Inicialmente, a Arpanet era uma rede que compartilhava informações entre universidades e outras instituições de pesquisa. A ideia do Pentágono era conseguir construir uma rede que pudesse transmitir informações em segurança, mesmo se toda a infraestrutura de comunicações fosse destruída por um ataque nuclear. Em 1975 ela foi renomeada como Darpa e as mensagens de e-mail passaram a ser base das comunicações. Surgiu nesse período a Fundação Nacional de Ciências (NFS) que usou uma linguagem familiar para trocas de informações entre pesquisadores distantes, constituindo a Rede de Pesquisa da Ciência da Computação (CSNET). Em 1985 a Darpa foi ligada a essa rede. Faltava a infraestrutura comercial nos Estados Unidos, a qual a NSF não se interessava e não tinha condições de financiar. Cogitava-se ainda no final de 1970 de estender a rede para o mundo todo. Nessa década, enquanto as mensagens de e-mails circulavam apenas no meio acadêmico o símbolo @ foi introduzido e em 1986 surgiu a abreviação “com” para comércio, “mil” para forças armadas e “ed” para educação.
A maior contribuição para a criação da Internet não veio dos Estados Unidos, mas de um laboratório europeu de pesquisas nucleares, o CERN situado na fronteira da França com a Suíça. Em 1989 Tim Berners-Lee imaginou a World Wide Web que não teria proprietário e seria livre e ganhou um grau honorário da Universidade Aberta da Grã-Bretanha que iniciou o ensino a distância, o qual a nova ferramenta depois de décadas viria auxiliar. De fato, graças a ela foi possível o desenvolvimento de hiperlinks, o destaque de palavras ou símbolos dentro de documentos que servisse para clicar e manutenção da rede aberta sempre, conforme explicaram Asa Briggs e Peter Burke (2004). Os sites proliferaram-se com a invenção e o acesso foi simplificado.

Novas Tendências Culturais e Educacionais
Com as tecnologias digitais da informação, a novas tendências culturais e estilos artísticos surgiram. O filósofo francês Pierre Lévy discutiu sobre a arte produzida pela cibercultura que surgiu a partir de 1980. Ele disse que com o surgimento da digitalização um novo estilo musical surgiu, a música eletrônica. Ele a define e explica como se faz a sua produção. A mixagem e o sampling são os processos usados. Normalmente, pega-se uma música já pronta e substitui-se os sons produzidos pelos instrumentos musicais por eletrônicos, produzidos por computador, limitando a originalidade e a criatividade, pois não se está criando música nova, mas transformando a atual. O autor destacou que as mudanças nos estilos musicais aconteceram, conforme novas técnicas foram surgindo. Isso ficou evidente com as gravações eletrônicas que permitiu a dublagem por muitos intérpretes.
O filósofo falou do autor como peça importante para dar sentido à obra ao concluí-la. Juridicamente, a questão da propriedade da obra virtual é um problema ainda sem consenso a ser solucionado pelo Estado, pois a jurisdição depende do local onde se encontra o servidor. Aqui cabe destacar que a obra virtual pode ser um acontecimento, uma imagem e sua construção continua indefinidamente, porém a originalidade torna-se questionável.
A rede tornou-se um espaço livre de comunicação. Pensando no Direito, ela poderia ser considerada, metaforicamente, uma “terra sem lei”, onde tudo pode porque não haverá punição. Lévy citou Bill Gates que afirmou na possibilidade de o ciberespaço virar um grande mercado planetário e conjecturou no surgimento do verdadeiro liberalismo. Hoje, após a concretização dessas previsões, sabe-se que os dados estando num servidor nacional a legislação vigente no país pode ser aplicada.
O filósofo também descreveu sobre as novas formas de educação surgidas após o advento da virtualidade. A Educação Aberta à Distância (EAD). A questão é a qualidade do saber nessa modalidade de ensino. Usar somente os meios informáticos de pesquisa e ensino, sem aulas presenciais, garantiria a formação de futuros bons profissionais? Nos últimos anos, aqui no Brasil, tem se visto a proliferação de cursos EAD, pois são mais baratos e a universidade não precisa investir em uma grande infraestrutura cara, garantindo mensalidades mais baratas.
Ele também respondeu às indagações sobre a substituição do velho pelo novo. Existe o medo de que a ascensão da comunicação pelo ciberespaço substitua o contato humano direto. Lévy afirmou categoricamente que isso não acontecerá. Como ocorreu durante todo o desenvolvimento tecnológico de larga escala, novas formas de pensar e interagir surgiram, mas as pessoas nunca deixaram de se encontrar por isso. Afirmou também que as viagens aumentaram ainda mais. Observando algumas pessoas mais jovens, pode-se hipotetizar que muitos contatos ficaram mais superficiais, por causa das comunicações instantâneas e das redes sociais, mas a explicação disso talvez se encontre nos excessos deles que causem danos às sinapses do cérebro.
Conclusão
A internet, assim como o primeiro computador digital surgiu de uma decisão militar dos governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial, visando combater a Alemanha de Hitler e posteriormente a União Soviética.
Os computadores e a Internet certamente aumentaram nossa capacidade de ação e de comunicação, facilitaram as pesquisas com provedores como o Google, tornaram possível conhecer novas pessoas e fazer novas aprendizagens, mas reduziram a autonomia individual, permitiram maior dependência tecnológica, sacrificaram os modos de pensamento que requeriam reflexão, introspecção e contemplação capazes de sustentar a criatividade, conforme entrevista de Nicholas Carr à Revista Galileu em 27 de outubro de 2010, ademais fazendo uma reflexão pessoal, deixaram muitas pessoas mais preguiçosas. Pensando nisso, pode-se concluir que essas ferramentas são uma faca de dois gumes.


Referências:
BRIGSS, Asa; BURKE, Peter. Uma História Social da Mídia: De Gutenberg à Internet, Rio de janeiro, Jorge Zahar Editor, 2004.

LÉVY, Pierre. Cibercultura, São Paulo / SP, Editora 34, 1999.

LÉVY, Pierre. O Que É Virtual, São Paulo / SP, Editora 34, 1996.



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