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Sinopse:
Terror e suspense acompanham esta aventura espacial inédita. Um ônibus espacial da NASA ruma para a Estação Espacial Internacional, mas durante sua viagem acontece uma explosão a bordo e a tripulação precisa abortar a missão e tentar voltar para a Terra antes que mais incidentes aconteçam. O tempo corre, o oxigênio pode terminar e se houver uma nova explosão nem mesmo um resgate de outra nave poderá salvar os astronautas. O espaço é muito perigoso.
Epílogo:
Vinte e um de agosto, a NASA começa os preparativos para o lançamento da estação orbital, um projeto inédito feito por meio de consórcio com a parceria de vários países e coordenado por norte americanos e russos, inimigos mortais durante a Guerra Fria. Às sete horas da manhã, um poderoso foguete transporta ao espaço orbital os módulos principais do gigante complexo orbital. Este foi o início.
I
Dois meses depois, um grupo de sete astronautas, incluindo um russo, preparam-se para viajar à estação orbital a bordo do Ônibus Espacial Endeavar.
Eram oito horas daquela linda manhã de Sábado no Cabo Canaveral (Flórida), quando todas as estações de controle começavam a alinhar suas antenas na direção que o ônibus espacial percorreria até entrar em órbita. Meses antes, a espaçonave Endeavar havia tido problemas em seus motores, o que causou a desistência de executar uma missão por duas semanas. Após corrigir a falha, o veículo começou a ser preparado para a primeira expedição à estação espacial, mas, dessa vez, o mau tempo obrigou ao controle abortar novamente o lançamento. E agora, é pra valer!
A movimentação era grande na base de lançamento de Cabo Canaveral. Na sala de controle, os técnicos informavam a cada minuto o tempo decorrido até o lançamento da espaçonave. “Vinte minutos para o lançamento e contando.”
-Endeavar, aqui é o controle, responda por favor.
-Aqui é a Endeavar falando. -Respondia por rádio o Major Alan Donaldson.
-Vocês estão prontos?
-Positivo controle, prontos para decolar.
Os tripulantes da Endeavar receberam anos de treinamento intensivo na NASA para a essa missão, a primeira deles, excetuando o cosmonauta russo que havia voado duas vezes em uma cosmonave Soyuz para a estação espacial MIR. O comandante chefe da missão chamava-se Major Alan Donaldson, ex piloto da USAF, a pilota Comandante Julia que tinha estudado Matemática e Astrofísica na Universidade de Harvard e pilotava F18A na Marinha, Tomas Williams era cientista de bordo, a Capitã Jéssica Andrell era a oficial de comunicações e controladora do braço robótico, o Comandante Ivan Sviadov, cientista formado em Física pela Universidade de Moscou, Ex-comandante da Força Aérea Russa, o Dr. Peter Andersan, oficial médico a bordo e o Comandante Scott Dickissom, engenheiro de computadores e especialista de cargas. Estes nomes compunham os audaciosos homens e mulheres que se dedicam a tornar as viagens espaciais algo acessível à população normal e a explorar os mistérios do universo.
O controle comunicava-se com a Endeavar quando um técnico encontrou um pequeno defeito num dos motores da nave, no entanto ele ignorou a descoberta e prosseguiu com a operação de lançamento conforme estabelecido pelo cronograma.
-Endeavar aqui é o controle.
-Aqui é a Endeavar. -Respondeu o Major Donaldson.
-Iniciar checagem final dos sistemas. -Ordenou o controle.
Os alto falantes de todos os lugares no complexo de lançamento soaram ordenando o afastamento de todas as pessoas próximas da plataforma, enquanto os tripulantes da espaçonave iniciavam a verificação do funcionamento de todos os instrumentos de bordo.
-Muito bem, vamos lá. -Ordenou o diretor de lançamento do controle.
-Telemetria?
-Telemetria, certo. -Respondeu o Major enquanto os controles de Cabo Canaveral e Huoston confirmavam as informações que recebiam em seus terminais de computadores.
Os motores, impulsores, controle, navegação, posição, combustível, comunicação, propulsão e computadores foram verificados. O controle de lançamento e a tripulação confirmaram que a nave estava segura para decolar. Nenhum terminal informou a existência de algum problema que impedisse o prosseguimento da missão.
-Todas as alas, iniciando contagem regressiva para o lançamento. T menos dez segundos. Dez... nove... oito... sete... seis... cinco... quatro... três... dois... um... ignição. - Dizia uma voz nos altos falantes.
Os impulsores, acoplados nas laterais do enorme tanque de combustível que possui a espaçonave acoplada sobre si, elevaram todo o conjunto acelerando rapidamente até atingir a velocidade necessária para atingir altura orbital. As antenas que acompanhavam todo o percurso desde o disparo movimentaram-se perpendicularmente a fim de continuar a captar os sinais da nave. Ela rapidamente acelerou e os gases de escape esconderam o corpo aerodinâmico com asas em delta dos olhos dos espectadores e observadores da agência espacial e de notícias.
-Transferindo controle para Huoston. -Informou por rádio o Diretor.
-Entendido. -Respondeu o Major Donaldson.
Logo, o centro de controle da missão sito em Huoston começou a se comunicar e a instruir a tripulação da Endeavar a executar as operações necessárias para atingir o espaço orbital.
-Aqui é Huoston... preparar para iniciar rotações.
-Entendido Huoston, iniciando rotações. -Respondeu.
A nave continuou a acelerar e rotacionou pela primeira vez.
-Completando primeira rotação. -Informou o Major Donaldson.
Em seguida, a Endeavar completou a segunda rotação.
-Segunda rotação completada.
Ela completou a terceira rotação sobre o Pacífico Norte.
-Terceira rotação completada.
-Entendido Endeavar. -Respondeu o controle da missão. -Iniciem a desaceleração, preparem-se para separar os impulsores e o tanque externo. -Entendido Huoston.
-Iniciando desaceleração e preparando separação do primeiro impulsor.
-Entendido, desengatem o primeiro impulsor e prossigam.
A nave deu um giro de cento e oitenta graus em torno de seu eixo. Nesse momento, a comandante Julia movimentou um dos controles no painel central. O segundo impulsor foi desengatado. O espaço orbital foi alcançado.
-Segundo impulsor separado. -Informou o Major.
-Preparar para separar a nave do tanque externo.
Um novo giro de cento e oitenta graus em torno do eixo colocou o ônibus espacial com seu corpo branco virado contra a atmosfera terrestre.
-Tanque externo desengatado e iniciando manobra com motores auxiliares para entrar em órbita.
-Entendido, prossigam.
-Mudando para VHF. -Comunicou o major Donaldson.
-Acionando as UAPs. -Disse a comandante Julia enquanto movimentava os controles do seu lado esquerdo. Como piloto, ela se acomodava à direita na cabine.
-Endeavar aqui é Huoston.
-Prossiga Huoston.
-Programem as últimas coordenas e marquem uma trajetória para a estação orbital.
-Programando coordenadas e marcando trajetória para a estação espacial.
-Entendido, preparem-se para acionar a retropropulsão.
-Acionando retropropulsão em: 10... 9... 7... 6... 5... 4... 3... 2...1...
De repente, uma explosão no terceiro tubo de escape acontece. A nave descontroladamente direciona-se à Terra devido à atração gravitacional. A tripulação não conseguia mais se comunicar com o controle da missão.
-Huoston... Huoston... responda. -Chamava a capitã Andrell.
-Perdemos totalmente o controle. -Informou a comandante Julia.
-Não temos mais contato com Huoston. -Disse a capitã Andrell.
II
No centro de controle da missão em Huoston, os controladores haviam perdido totalmente as comunicações com o ônibus espacial Endeavar.
-Perdemos totalmente as comunicações com a Endeavar e a espaçonave está correndo grande perigo. -Disse um dos controladores.
-A nave está perdendo altura orbital. -Comunicou outro que monitorava a trajetória dela por radar.
-E nós vamos ficar aqui assistindo sem fazer nada. -Lamentou o Diretor do controle da missão e decidiu de imediato: -Quero uma reunião de emergência para solucionar esta crise.
III
A tripulação tinha de se manter calma nessas horas terríveis, pois a espaçonave havia perdido totalmente o controle. O Major estava tentando usar os dois motores que restaram para manobrar e recuperar estabilidade. Porém, ambos não conseguiam mais desenvolver a potência necessária.
-A temperatura de um dos motores está aumentando, vou isolar a passagem de hélio. -Dizia o Major.
-Mudando para controle manual e transferindo toda força para os motores quatro e cinco. -Prosseguia.
-A gravidade começou a nos atrair. -Informava a Comandante Julia.
-Motor quatro com aumento de temperatura e temos perda de pressão.
-Estabilizadores falhando e não conseguimos atingir altura orbital. -Informava já demonstrando nervosismo enquanto operava os controles a Comandante Julia.
-Aumentando potência dos motores operacionais.
A comandante Julia conseguiu manobrar a espaçonave que girava em torno de seu eixo descontroladamente e dirigia-se contra a atomosfera. As habilidades de piloto de combate da oficial garantiram a salvação naquele instante. Em dez minutos ela poderia ter sido queimada durante o atrito atmosférico.
O Major conseguiu acelerar a Endeavar usando as únicas duas Unidades Auxiliares de Força (UAFs) e os jatos retropropulsores para aumentar a altura orbital. O veículo percorreu uma trajetória perpendicular de noventa graus com a superfície terrestre. Porém:
-Unidades propulsoras e UAFs começando a falhar. -Informou a comandante julia.
-Nós não conseguimos atingir altura suficiente para permanecer em órbita. -Disse o Major.
Os jatos retropropulsores falharam. O Major Donaldson e a Comandante Julia conseguiram estabilizar a nave e posicionaram-na rapidamente numa órbita de baixa altura antes do sistema de propulsão parar de operar. Instantes depois, as comunicações com o controle da missão foram restabelecidas. Entretanto, se a tripulação ou as equipes de Terra não conseguirem solucionar as dificuldades antes que a nave comece novamente a perder altura orbital, nada mais poderá ser feito.
-Huoston aqui é a Endeavar. -Pelos alto falantes a tripulação escutou os brados de vivas dos controladores que se encontravam a apreensivos.
-Endeavar, prossiga.
-Nós tivemos perda de força auxiliar e três motores foram avariados.
-Entendido. Preparem-se para retornar. A missão está sendo abortada.
-Infelizmente, nós não poderemos voltar até corrigirmos o problema de perda de pressão no motor cinco.
-Permaneçam, então, em órbita. -Respondeu o Diretor do controle.
Nesse momento, a atenção dele foi atraída por um dos controladores que monitorava a trajetória da nave, enquanto que outro subordinado continuava a transmitir instruções.
IV
-Senhor, a Endeavar está orbitando a uma altura muito baixa.
-Então, eles poderão não conseguir solucionar o problema a tempo.
-Hum, traga-me imediatamente um técnico para descobrir uma alternativa que possamos usar. -Ordenou pensativo o Diretor.
Quando o técnico chegou, uma reunião de emergência começou, as alternativas foram expostas e uma decisão tomada:
-Com problemas de estabilidade, avarias graves devido a uma explosão, perda de potência e despressurização de um dos motores é muito arriscado que a espaçonave reingresse na atmosfera. -Arguia o técnico espacial.
-Então, nós optaremos pelo Plano B. -Respondeu num tom decidido o Diretor.
V
Em órbita, o Major Donaldson descobriu algo de anormal quando ele estava revendo as informações do computador de bordo. Havia a notificação de defeito no terceiro motor da nave. Algo surgido antes do lançamento.
-Scott, veja isso. -Chamou o Major.
-Meu Deus! Pode haver um cabo solto no injetor de combustível. Talvez ele tenha se soltado durante a ignição, por um curto. Isso poderia ter destruído a nave.
-Major, nós estamos numa órbita bastante baixa e não temos como aumentá-la. -Informou a comandante Julia.
-Quanto tempo ainda temos?
-Creio que menos de vinte e quatro horas.
VI
Em Huoston, no Centro de Controle da Missão, os técnicos discutiam o planejamento da missão de resgate da tripulação da Endeavar com os administradores da agência espacial. O Plano B exigiria a preparação apressada de um ônibus espacial e de uma tripulação que coordenaria o acoplamento usando a câmera de vácuo para receber a tripulação mal fadada. Porém, por ora, a primeira alternativa parecia mais viável.
-Sr. Diretor, nós não temos nenhuma nave preparada para um resgate em órbita. -Informava um dos técnicos.
-Diga-me quais as possibilidades disso dar certo? -Perguntava um outro técnico.
-Uma missão de resgate é menos arriscada por haver somente transferência de tripulantes do que um pouso com um veículo instável devido a avarias nos estabilizadores e motores. -Respondeu um especialista em astronáutica.
A discussão prosseguiu por mais meia hora, porém sabendo que a Endeavar logo começaria a perder altura orbital o grupo decidiu implementar o plano de resgate.
Por rádio, o plano foi informado:
-Endeavar, nós decidimos utilizar um Plano B.
-Ah, que bom! A NASA sempre tem um Plano B, mas melhor que seja rápida por que temos menos de vinte horas. -Respondeu o Major.
-Nós decidimos enviar uma missão de resgate. -Comunicou o Diretor.
-Mas Huoston, nós estamos numa órbita muito baixa. -Arguiu o Major preocupado com o insucesso dessa tentativa.
-Nós acreditamos que é a alternativa menos arriscada para salvar suas vidas.
-Nós entendemos Huoston, porém segundo nossas estimativas temos menos de dezenove horas até a gravidade puxar-nos.
-Sabemos da situação e a nave de resgate já está sendo preparada. -Respondeu o Diretor.
VII
O ônibus espacial Endeavar estava orbitando tão próximo da atmosfera que qualquer manobra para colocá-lo num ângulo de reingresso poderia destruí-lo. Por isso, a energia restante foi direcionada para a manutenção da trajetória atual. Uma última tentativa de usar os propulsores a fim de alcançar uns poucos quilômetros a mais para aumentar o tempo de permanência orbital.
-Acionando UAFs com pouca potência. -Informou a Comandante Julia.
-Que cheiro é esse? -Perguntou o Major.
-Fogo a bordo. -Alertou a Capitã Andrell.
-Origem: laboratório. -Informou o Comandante Sviadov
-Acionando extintores e isolando laboratório dos outros compartimentos. -Informou a Comandante Julia.
Por sorte, o incêndio havia começado num local externo e pôde ser controlado, mas teria sido mais difícil de controlá-lo se ele acontecesse nos instrumentos e componentes isolados pelas paredes internas da nave, ainda mais com o ar rarefeito, a baixa pressão, a bordo.
-Huoston aqui é Endeavar, respondam.
-Prossigam, Endeavar.
-Estamos com problemas a bordo. Tivemos um início de incêndio.
-Aqui é Huoston, nós entendemos, mas pedimos que mantenham a calma e permaneçam em órbita que é o mais seguro a ser feito.
No controle da missão alguém comentava:
-Senhor, o laboratório foi isolado, mas existe o perigo de algum gás nocivo ter se misturado à atmosfera da nave.
-Eu compreendo, mas os riscos são maiores para um pouso de emergência.
Nave Endevour |
Dez horas antes de o ônibus espacial Endeavar reingressar descontroladamente na atmosfera, aconteceu o lançamento do Discovery, a maior espaçonave da frota, que executaria a audaciosa tentativa de resgate. Após atingir a mesma órbita, este abriu seu compartimento de carga, virou-se contra a atmosfera, aumentou em algumas centenas de metros a altura e iniciou a intercepção. Meia hora depois, o resgate estava concluído. As duas naves voavam coladas por seus túneis de vácuo. Uma virada contra a outra.
-Huoston, aqui Discovery.
-Prossigam.
-Resgate bem sucedido, iniciando desacopl...
O ônibus espacial Discovery desaparece repentinamente das telas de monitoramento do Controle da Missão.
-Quero confirmação da explosão e tentem restabelecer as comunicações com a missão de resgate. -Ordenava tenso e surpreendido pelo novo incidente o Diretor.
-Perdemos contato com o radar também, Senhor.
-Não captamos mais nenhum sinal das duas naves.
-As duas foram destruídas por uma explosão. -Confirmou um dos controladores.
Num gesto de derrota e tristeza, ele atira seus fones de comunicação contra o seu terminal. O Diretor baixou a cabeça derrotado. Houve um silêncio fúnebre na sala de controle. Na grande tela, havia a notificação: sem sinal.