Lauro Machado Coelho ao iniciar a
introdução explica que o livro pretende fazer um retrospecto dos
antecedentes que levaram à dissolução da União Soviética
formalmente acontecido a 25 de dezembro de 1991. Isso marcou o fim da
guerra fria e do confronto entre os blocos comunistas e capitalista,
além de remodelar o mapa europeu, pois com esse acontecimento as
Repúblicas Soviéticas tornaram-se independentes, ressurgindo como
Estados Nacionais. O autor diz que a Rússia, o país que representou
o modelo do comunismo, aderiu ao FMI e privatizou suas empresas
estatais, estimulando a iniciativa privada e mudando sua legislação
para atrair investimentos estrangeiros. O Ministério Russo do
Interior pediu a cooperação do FBI para ajudar a combater o crime
organizado, principalmente a máfia que
ganhou proporções internacionais.
Os frutos proibidos. Lauro Coelho
Machado conta que antes de a União Soviética acabar ouvir rock,
seguir a moda ou cultivar certas formas de lazer eram manifestações
burguesas decadentes do ocidente que permaneceram proibidas e foram
fortemente reprimidas. Pela
primeira vez, romances, filmes e peças de teatro críticos
circularam normalmente naquela região. Parte do problema a ser
resolvido devido ao fim do comunismo são crise econômica, impasses
políticos, proliferação vertiginosa do crime organizado,
dificuldade em substituir por instituições novas as estruturas
políticas soviéticas. Na Rússia, devido às privatizações há o
risco de retrocesso em algumas conquistas socialistas nas áreas de
educação e saúde.
No capítulo I o autor começa a descrever os antecedentes. Quando
Leonid Bréjnev morreu em 1982, após dezoito anos de permanência no
poder, a União Soviética sofria uma grande crise econômica. A
população atingiu 270 milhões de habitantes, declinava a taxa de
mortalidade e elevava-se a expectativa de vida, aumentando a
população idosa inativa, prejudicando a assistência social, em
cuja situação agravava-se ainda mais pela emigração,
principalmente de membros da comunidade judaica que na União
Soviética era discriminada.
Escassez de moradias e de bens de consumo que causavam filas
intermináveis eram comuns no cotidiano soviético. A única maneira
de se obter diversos produtos era contrabandeando-os pelo mercado
negro.
A mais alta taxa de natalidade
soviética era asiática, vinda daquelas repúblicas. Ela caiu pela
metade e aumentou, assim, as reivindicações dos grupos étnicos
asiáticos, obrigando o governo a dar o direito de usar suas próprias
línguas e não restringir mais o acesso a certos escalões
políticos, exemplifica o autor. Aplicações
severas de punições judiciais não eram mais suficientes para
coibir especialmente o crime organizado das máfias da Geórgia, do
Azerbaijão e Tadjiquistão.
Desde 1978 o crescimento industrial
começou a decair, porém a indústria pesada e de armamentos
continuava prioritária. Usava-se tecnologia obsoleta para explorar
as reservas de óleo e gás natura. Desviava-se muitas
matérias-primas para a indústria militar, o que representa uma das
causas da falta delas nas fábricas de bens de consumo. Além desses
problemas também existia a crise política. Bréjnev retornou a
perseguir dissidentes e a nova constituição de 1977 em nada
melhorou o respeito das liberdades civis. Em 1971 o tratado Salt-1
foi assinado, atenuando a confrontação entre Estados Unidos e União
Soviética. O projeto americano de instalar mísseis nos
países-membros da OTAN e o da bomba de nêutrons geraram polêmica
entre a Casa Branca e o Krêmlin. Em 1964, um golpe substituiu
Kruchóv por Bréjnev e quando este morreu Iuri Andropov foi
escolhido, depois Tchernenko
e por último Gorbatchóv. Foi este ministro que inicialmente se
preocupou em consolidar o poder e depois propor uma reformulação
nas estruturas econômicas que ficou conhecida como perestróika e
uma política, a glásnost pensada ainda durante a Conferência de
Helsinque sobre segurança europeia. Essa era uma política arrojada
destinada a mudar a mentalidade social, desburocratizar o país e
demonstrar vontade política de reformar o país.
A perestróika acabou criando
hábitos consumistas que antes eram desestimulados pelas autoridades
e glásnost deu ao povo o direito ao voto partidário e a eleições
diretas. O direito à reivindicações aguçou, então, desejos
nacionalistas e separatistas antes reprimidos a fim de manter a
unidade. O novo chefe de Estado colocou finalizou com o conflito
sino-soviético e iniciou as conversações sob os auspícios da ONU
para retirar as forças soviéticas do Afeganistão que foi concluída
em 1989 após um grande
desgaste militar. Aconteceram
nesse período também o fim do apoio soviético às ex-colônias
portuguesas de Angola e Moçambique e a aceleração do regime de
segregação racial na África do Sul. Os Estados Unidos sob a
presidência de Reagan interviram na Nicarágua. Os próximos
presidentes adotaram posições conciliatórias com a União
Soviética, mas foi na Guerra do Golfo quando ela colaborou
entregando seu aliado Iraque que as relações internacionais
demonstraram haver mudado.
No capítulo 2, o autor conta que
Gorbatchóv com a perestróika expulsava os velhos apoiadores do
stalinismo e inocentava gente considerada anteriormente traidora do
regime, indignando os veteranos dos Partidos Comunistas.
Documentários sobre as perseguições dos períodos anteriores
começaram a ser mostrados na TV. Gorbabatchóv rompeu com a tradição
ao sair para as ruas e ouvir as pessoas sobre os problemas que se
agravavam no país. Mas, conservadores e dissidentes ainda
consideravam tímidas, incompletas e insuficientes as reformas, porém
para elas acontecerem efetivamente fazia-se necessário ampliar os
poderes do secretário-geral. O
premier fez isso em 1988 ao tornar a presidência um cargo com
funções administrativas e aprovar a criação de um Legislativo que
seria escolhido por eleições diretas e com voto secreto.
Com essa abertura política,
a povo descobria possibilidade de se fazer ouvir e realizavam
passeatas, greves, manifestações e greves. Os Partidos Comunistas
perdiam sua hegemonia, acabando com o monopólio de poder. Em 1990,
foi aprovada a lei que permitia a criação de novos partidos
políticos, garantiu a liberdade religiosa e estabeleceu a eleição
por voto direto do Presidente com mandato de cinco anos e direito a
uma única reeleição. Em 02 de julho decidiu-se aumentar a
participação da repúblicas na cúpula e reduzir os poderes do
Comitê Central, acabando de vez com o monopólio do poder do PCUS.
O movimento separatista espelhava o
que acontecia no bloco socialista como um todo e só as repressões
do Pacto de Varsóvia podiam contê-lo, mas naquele momento nada
podia ser feito. O muro de Berlim foi demolido em 1989 e a Alemanha
reunificado e uma revolução na Hungria derrubou o seu ditador
Nicolae Ceausescu que com a mulher foi fuzilado. A
União Soviética desmoronou como um bloco de cartas, compara o
autor.
O autor escreveu no terceiro
capítulo que a glásnost obteve os resultados mais rápidos e
visíveis na área na área da cultura, onde a repressão do governo
foi maior. O papel do Departamento de Censura, a Glavlit, foi
reduzido e não se falseavam mais as notícias a fim de passar uma
imagem idealizada do país. Na literatura russa, tanto tempo
reprimida, iniciou-se uma fase de revisão do passado. Em 1987 na
revista Nóvy Mir o poema proibido O
Direito à Memória foi
publicado, onde Aleksandr Tvadvski, morto em 1971, condenava as
supressões fatos e pessoas indesejáveis nos livros oficiais. Livros
de ficção e realidade antes censurados agora voltavam a ser
publicados. Um censurado foi o Dr.
Jivago.
Os pintores abstracionistas abandonaram as amostras clandestinas e a
música do tipo heavy metal e erudita pode ser ouvida por um público
maior. O ano de 1987 também marcou a época do retorno dos filmes
censurados. Cinquenta e seis deles censurados foram exibidos. Nesse
mesmo ano, a revista de moda alemã Burda começou a circular no país
e pouco tempo depois aconteceu a instalação do MacDonalds, a
abertura da fábrica de jeans Calvin Klein e a liberação para
importar artigos de luxo. Produtos supérfluos começaram a ser
consumidos.
O quarto capítulo discorreu sobre os novos da economia. De 1981 a
1985 houve uma sequência de más colheitas por todo o país,
obrigando, por exemplo, à importação de cereais. Em 86 o preço do
petróleo baixou, duplicando o déficit comercial. Era urgente
modernizar a economia e acabar com a escassez de produtos de
qualidade. O XII Plano Quinquenal (1986-1990) priorizava o
investimento em novas tecnologias, renovar os métodos de gestão
estatais e incrementar o comércio com o ocidente. Não deu certo. O
planejamento centralizado, então, foi abandonado e buscou-se um
programa econômico mais flexível e receptivo às forças do livre
mercado. Em 1988 a economia ainda mostrava um desempenho precário e
a renda nacional não atingiu o limite necessário. Trinta e cinco
por cento da pulação viviam abaixo da linha pobreza. No ano de 1989
foi preciso racionar açúcar. O arrendamento das lavouras passou a
ser feito por longo prazo às famílias camponesas e cogitava-se
tornar os velhos kolkhozes em cooperativas. Em maio de 1990, o
governo tentou o Plano de Transição Gradual para a Economia de
Mercado, mas teve de adiar a medida, pois a população correu
freneticamente para as lojas.
Em 1991 o governo divulgou as estatísticas nacionais, informando
redução do PNB, da renda nacional e um aumento do déficit
comercial. A estabilidade política, assim, afirmou o autor, já não
era possível.
O
quinto capítulo descreveu a morte da União Soviética. Os
conservadores começaram a questionar as atidudes de Gorbatchóv.
Este em 1991 convocou um pleibiscito, onde 76,4 % do eleitorado
concordou em preservar a unidade nacional e propôs
o Tratado da União. Isso aumentou ainda mais o descontentamento dos
conservadores que tramaram um golpe. Seis e vinte da manhã de 19 de
agosto de 1991 a agência TASS divulgou a falsa notícia de que o
premier estaria incapacitado de exercer suas funções e em seu lugar
assumiu um Comitê Estatal presidido pelo vice que declarou estado de
emergência em várias regiões por seis meses. Houve uma forte
reação popular contra o golpe, sendo que Boris Iéltsin conclamou a
população à resistência. O golpe fracassou. Gorbatchóv
mantido
prisioneiro voltou a Moscou. Depois disso, a União Soviética
desmembrava-se totalmente e tornava-se em Comunidade dos Estados
Independentes que sempre funcionou mal e não conseguiu os objetivos
para a qual foi criada. Iéltsin tornou-se Presidente da Federação
Russa independente em 25 de dezembro de 1991 e herdeira da maior
parte do complexo industrial-militar soviético e que não tolera o
separatismo de seus membros como a Chechênia. Assim, terminou a
guerra fria.
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