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sábado, 14 de abril de 2012

"O homem faz-se a si próprio"

Esta postagem é uma tentativa de dissertar sobre a evolução da espécie humana em uma aula da Disciplina de Arqueologia e Pré-História no Curso de História. Há uma mistura de Ciência e Filosofia.
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O trabalho "O homem faz-se a si próprio" de Itacir José Santim foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - CompartilhaIgual 3.0 Brasil.


O homem faz-se a si próprio.”
Texto de: Itacir José Santim.
Cliffort Geertz em seu texto Transição para a Humanidade usa a expressão “o homem faz-se a si próprio” ao considerar que o ser humano atual representa o resultado de transformações tanto biológicas como cultural. Para antropólogos e historiadores esse é um fato, cuja discussão não é necessária, porém para aceitá-la o acadêmico precisa, pelo menos por uns instantes, esquecer das influências religiosas, da ideia de Deus como personagem principal explicando todo o processo da “criação”, de questionar o porquê de nossa existência e considerar somente as teorias científicas de como e onde surgiu a espécie humana. Assim, a expressão torna-se aceitável para se referir ao modo que o ser humano começou a produzir cultura e à formação de sua constituição física e biológica atuais.
O texto, discutido na aula passada, afirma que a capacidade de o ser humano comunicar-se, de produzir símbolos e dar significado aconteceu durante um processo demorado de transformações, cujo resultado foram várias mutações genéticas, adaptações como o aumento da massa cerebral em forma de “empilhamento”, a presença do dedo polegar que permite a ele fazer movimentos em pinça e a visão estereoscópica. Em Biologia, denomina-se isso de seleção natural, pela qual sobrevive num dado hábitat aqueles que nasceram adaptados a ele. Nesse contexto, imaginando o passado distante, por exemplo, numa selva escura, os primatas com olhos frontais e uma visão tridimensional graças à sobreposição do campo visual garantiram a sobrevivência deles. O aumento do número variado de estímulos que os hominídeos receberam devido aos seus aspectos físicos gerou a necessidade de uma reorganização do sistema neural para passar a colher e armazenar mais informações, aumentando, consequentemente, a massa cerebral. Novas camadas foram adicionadas sobre a primordial a fim de que surgisse no cérebro novas áreas sensoriais, de armazenamentos temporários e permanentes e de raciocínio intuitivo e lógico. Instintivamente, os hominídeos aprenderam a usar toda capacidade cerebral conforme suas experiências cotidianas. Ao passar dezenas de milhares de anos, o que tinha melhores condições de sobrevivência passou a ter uma maior capacidade de intuição, diferenciou-se do grupo, tornou-se individualista, criou as noções de propriedade primitiva, os primeiros aspectos culturais e os regramentos iniciais de sociedade e passou a dominar os menos favorecidos. Nota-se aqui o quão difícil é argumentar sem depender da filosofia.
Quando o ser humano tornou-se comunicativo e a se comportar segundo os padrões sociais, ele se tornou dependente, além da natureza de si mesmo e de seus semelhantes, pois no novo tipo de vida já não se podia mais viver como os outros animais. Vagarosamente, sua força física, agilidade na floresta e a intensidade de seu instinto natural diminuíram, pois não tinha mais muita necessidade, já que prevaleceram as conveniências sociais. Jean-Jacques Rousseau cita isso em seu ensaio A Origem da Desigualdade entre os Homens. É impossível não relacionar seu trabalho com a evolução, embora ambas as teorias tenham sido elaboradas em contextos históricos distintos. Ainda sobre a evolução cerebral, causa para o surgimento da cultura, não se pode deixar sem destacar que atualmente constatou-se que o tamanho do cérebro é reduzido, segundo a densidade populacional, pois os indivíduos em sociedades não dependem de uma inteligência maior para sobreviver, tendo ajuda dos outros membros. Mais uma vez, o comportamento influenciando e a expressão “o homem faz-se a si mesmo” continua valendo.
Referências:
Texto: Transição para a Humanidade de Clifford Geertz
Estudo: redução do cérebro humano é sinal evolutivo

EVOLUÇÃO HUMANA:
Levin,R. Evolução Humana. S. Paulo, Ateneu Editora, 1999, 526 pp.
MacAndrew, A. FOXP2 and the Evolution of Language.
http://www.evolutionpages.com/index.htm
Neves, W. A. E no princípio... era o macaco!Estudos avançados 20 (58), 2006
Arquivo em PDF baixado de:
Livro: A Origem da Desigualdade entre os Homens; Rousseau, Jean-Jacques; Editora Escala
Livro: Biologia em Foco; Carvalho, Wanderlei, Editora FTD







segunda-feira, 9 de abril de 2012

E se há dez mil anos tivéssimos sido visitados?




Este texto é o prologo de um livro que por ora eu cancelei
Criado em: 08/10/2009

A Grande Floresta das Sombras. Um ambiente gelado, repleto de árvores tão altas e com copas volumosas que impediam a passagem da luz solar para a superfície, perturbada por espíritos que buscam o eterno descanso, contendo assustadores monstros e mistérios capazes a coragem dos maiores guerreiros das tribos da região. Dentro desse lugar, correndo já ferido, com a pele de seus membros rasgada, o caçador fatigado perseguia a sua presa. Ele precisava matá-la, conseguir carne e impedir que o povo de sua aldeia passasse fome, além de conquistar o seu lugar de valor e a esposa desejada. Fazia muitas luas desde o prélio de sua caçada.
Construiu armadilhas, farejou o rastro de um monstro perigoso que garantiria alimento, óleo para uma fogueira e um grosso agasalho a fim de resistir aos dias gelados, e iniciou um difícil combate. Infelizmente, a besta fera tinha o vencido de dia com suas garras afiadas, mas naquela noite, a última de lua cheia, o duelo final aconteceria e escolheria o guerreiro mais forte.
O caçador tinha adentrado muito na floresta. Ninguém havia ousado ir para onde a escuridão impera, exceto ele, um homem desesperado, já se sentindo perdido, desorientado e faminto. A besta nesse instante se encontrava distante se não estivesse faminta, pois sendo assim ela o esperaria para atacá-lo, estripá-lo e comê-lo ainda vivo.
O caçador empunhando a sua lança com a mão direita, carregando o arco e as flechas a tiracolo tentava desviar dos troncos de árvores, batia neles, caía no meio de espinhos, erguia-se e voltava a correr. Ele precisava escapar da escuridão, pois sentia que os estranhos moradores da floresta procuravam-no sedentos de sangue. Virava-se para todas as direções, ouvia os rugidos dos monstros e corria velozmente até que uma pequena abertura alumiada devido ao brilho da lua cheia surgiu. Sentia que não conseguiria alcançar o objetivo. Parecia que a distância não diminuía, quando sua visão diminuiu, o caçador tropeçou em um amontoado de pedras ocultadas sobre a relva.
Instantes depois, ele se ergueu e descobriu estar no meio de uma grande clareira, um circulo perfeito dentro da floresta que perturbava a paz humana. Então, sentindo-se seguro olhou para o alto a fim de se localizar pelas fogueiras das tribos celestes e teve medo. Não era a lua que iluminava fortemente a superfície, mas um clarão vermelho intenso vindo do céu de parte do lado direito da clareira. O que era aquilo? A floresta em chamas? Mas, cadê a fumaça do incêndio e por que os animais estavam quietos?
O caçador nada entendeu. Ele se agachou na relva temendo aquele clarão que se intensificava e consigo vinha um vendaval. Surgiu repentinamente uma esfera de fogo que cegava quem observava. O ruído desse novo monstro lembrava a um trovão e continuava ininterruptamente. Toda a clareira refletiu a intensa nesse instante.
O caçador permaneceu escondido e apavorado com a visão de um objeto gigantesco repleto de pequenas chamas sitas a distâncias concêntricas de um circulo flamejante central. Ele não compreendeu o formato geométrico do objeto. Um polígono oblongo de seis lados, com as extremidades maiores que as laterais e de revestimento externo escuro. Um feixe luminoso de seu centro atingiu a superfície amassando a relva.
O caçador ergueu-se subitamente aturdido e pôs a correr de volta para dentro da floreta sem pensar em qual direção havia seguido. Ele tinha visto algo proibido por suas crenças, fabuloso e inacreditável: os deuses visitando seu mundo.























segunda-feira, 2 de abril de 2012

Parte do Capítulo L de O Encontro Final

Capítulo L (Pág. 105)

       (...)
No acampamento, o comandante fazia um gesto de puro amor pelo Estado do Rio Grande do Sul que sentiu sobre seus pagos a marcha de grandes exércitos e viu homens valentes lutando em nome de ideais como liberdade, democracia e igualdade. Era algo simples, mas muito simbólico para quem sempre viveu nessas terras e lutou várias batalhas por elas. João passou uma cuia de mate amargo para um soldado de aparência bem cansada que tentava se aquecer próximo do fogo de chão que aquentava a água de uma chaleira encarvoada. Ali, acontecia como em muitos lugares desse rico chão a ‘roda de chimarrão’, enquanto todos os militares esperavam as carnes espetadas em bambus fincados no chão ao redor da fogueira terminarem de assar. O calor fazia a água borbulhar e a gordura do churrasco despencar queimando a grama verde do campo de futebol.
O mate amargo ajudava a aquecer os corpos cansados de quem tentava combater uma forma maligna cuja aparência poderia ser de qualquer individuo e também ele aproximava as pessoas que proseavam acerca de suas vidas como se todo mundo ali presente conhecesse-se fazia muito tempo. O chimarrão dispensado de um exame científico para provar o seu efeito psicológico sobre as relações humanas e passado de mão em mão causava o nascimento de novas amizades, além de conseguir aprofundar as antigas. Dessa maneira, o grupo permanecia unido e estabilizado em mais uma noite tranquila que o inimigo de outro mundo poderia perturbar, mas os soldados não se aturdiriam, pois eles levantariam suas espadas e seus escudos para a grande batalha.
Sentir o sabor amargo e suave de um mate quente cevado com a erva mais pura que existe na companhia dos melhores amigos tornou-se uma maneira de manter vivos os antigos ideais que os primeiros gaúchos começaram a cultivar e de lutar para a sobrevivência de uma cultura enraizada por este chão e cuja influência estrangeira tenta destruir. Cada cuia passada a uma nova pessoa traz de volta lembranças de épocas antigas, onde o mal imperava e a ousadia de muita gente corajosa tentava trazer o bem de volta a quem sofria por causa da dominação dos mais poderosos. Ela relembra com honra os indivíduos valorosos que o tempo extinguiu.
(...)