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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Trecho do livro "O Encontro Final" para apreciação


Apresentação de O Encontro Final

O livro tem versão impressa e ebook kindle que pode ser acessado por aqui


            Confesso que resisti em republicar O Encontro Final por não ter um bom retorno do público. Escrevi o romance em um caderno durante horas vagas entre uma atividade escolar e outra quando estudava na 8ª. Série, hoje 9°. Ano. De fato, ela continuaria uma série de contos que comecei a escrever um ano antes. Infelizmente, os manuscritos das histórias anteriores foram perdidos, o que me fez reescrever boa parte do livro. Ele foi uma interessante construção fictícia usando minha própria cidade como cenário. Muçum encontra-se na região norte do Estado, há cerca de cento e vinte quilômetros de Porto Alegre. É um município pacato conhecido por suas pontes ferroviárias e paisagens verdes. Contudo, no romance toda tranquilidade é destruída com acontecimentos assustadores. Por que escolhi uma cidade real? Influência da literatura brasileira moderna. Sou fanática por Érico Veríssimo.

            Escrevo no feminino, pois há dois anos assumi-me como mulher transgênero chamada Poliana Gabriela Santim, contudo não quis mudar o pseudônimo de autora, pelo menos para este trabalho, já que ele é antigo e está registrado na Biblioteca Nacional. Enfim, a obra foi escrita em 2004 e publicada em 2011 por conta própria. Na época, queria sentir a experiência de ter um livro lido pelas pessoas. Confesso que muitas se sentiram ofendidas, pois imaginei na situação literária pessoas reais. A Ficção Científica é especulativa por natureza. Ela problematiza de conceitos a personagens em eventos hipotéticos. A temática de invasão extraterrestre é recorrente. Não inventei nada. Por anos, assisti Arquivo X, então colhi algumas referências televisivas para usar no trabalho. Li pouco sobre Física e Astronomia, pois não tinha acesso a livros nem computador com Internet. Comprei o meu primeiro quando adulta em 2008 com o trabalho de auxiliar de produção em um frigorífico da BRF (Brasil Foods). Então, digitei o livro muitas vezes reduzindo minhas horas de sono antes de ir novamente para a empresa.  Em 2011, despediram-me, decidi mandar a obra para impressão, pagando com o dinheiro da rescisão de contrato de trabalho e FGTS e ingressei para a faculdade de história na Univates em Lajeado/RS.

            A obra representa parte de uma vida em que possuía idealização. Criei personagens baseados em pessoas que admirava e estava gostando. Retrato do meu inconsciente? Quem sabe? Hoje busco uma definição para o livro. Primeira experiência? O modo de entender como escrever. Ainda não entendi. Acho mais fácil escrever artigo científico, monografia. Contudo, meus colegas e amigos de curso sempre me disseram para continuar fazendo literatura. Houve vários momentos em que parei de fazê-la por falta de disponibilidade. Posto isto, quero dar ao leitor esta obra com um aviso: “Cuidado com pesadelos.”

        


Capítulo I

           

             Sábado. Amanhecia tranquilamente na pequena cidade de Muçum. Havia pouco movimento nas ruas. Alguns carros trafegavam pela avenida principal, pessoas mateavam em frente de suas casas e saiam para se exercitar. Umas conhecidas encontravam-se durante o passeio e paravam a fim de prosear. A maioria fazia isso, pois em uma vizinhança pequena é costume falar do que um ou outro fez no dia anterior. Assim, surgiam as fofocas.

             A cidade possui duas cadeias de montanhas esverdeadas capazes de transmitir a sensação de estar dentro de um grande buraco, no entanto ela se encontra dentro de um grande vale com um rio que percorre paralelamente a extensão urbana. Sobre ele, na entrada de Muçum, existe uma ponte rodoferroviária que ao cruzá-lo passa a possuir arcos de concreto unidos com a lateral esquerda da usada por automóveis. Do outro lado do rio, há uma estrada de chão, uma favela com seus barracos ambíguos ao barranco fluvial e um longo túnel de trem. Existem apenas duas avenidas principais que se unem após uma virar para a direita, onde se encontra a maioria das lojas de roupas, brinquedos e outros produtos. Pode-se andar a pé para qualquer localidade da zona urbana devido às pequenas distâncias.

             O lugar permaneceu tranquilo, enquanto prosseguiu a alvorada. Na Escola Estadual General Souza Doca, única de Ensino Médio existente no município, faxineiros, professores e membros da administração arrumavam as salas de aula para o retorno às atividades curriculares que aconteceria na Segunda-Feira.  Os primeiros raios solares dispersaram-se pelo pátio e depois atingiram os três prédios de dois andares que constituíam com o ginásio municipal de esportes um retângulo.

             Algumas faxineiras variam a poeira e as folhas das árvores quedadas no pátio. Tinha começado a ventar, no entanto a previsão meteorológica havia indicado tempo ensolarado. Repentinamente, na sala de aula do segundo prédio, Turma-71 no ano anterior, perto da extremidade da cantina e do portão com acesso à escadaria para o setor da administração e dos outros recintos de ensino, aconteceu um rugido semelhante a um trovão. Uma mulher que varia o piso e encontrava-se ambígua ao recinto atingido pelo barulho entrou a fim de verificar o que se passava. O lugar estava congelado. Algo invisível e pequeníssimo absorvia todo o ar do interior da sala e produzia raios para todas as direções. A faxineira apavorou-se. Ela gritou, gritou, gritou, mas ninguém ouviu nada por causa do vendaval.  Mesas e classes eram arremessadas contra as paredes como brinquedos infantis e permaneciam nelas coladas. Quando o fenômeno havia aumentado de intensidade, ele empurrou a porta com tanta intensidade que ela rachou ao bater. Subitamente, o estranho fenômeno terminou e um raio atingiu a faxineira lançando-a contra o piso, enquanto continuava a gritar.

             Do exterior, o último grito de pavor foi ouvido chamando a atenção do Diretor da escola que nesse instante se encontrava em seu gabinete. Ele correu preocupado para a sala da Turma-71, entrou e encontrou várias criaturas disformes que andavam sob duas pernas, possuíam peles cinzentas melequentas, três dedos homólogos longos em suas mãos e pés, cabeças triangulares com uma extensão que constituía uma massa cônica para trás, olhos negros tão volumosos que se assemelhavam a uma lupa, dois orifícios para respirar logo abaixo e bocas pequenas. Elas eram magérrimas e repulsivas.

             Os curiosos que se aproximaram da sala tinham sido dominados. Restava agora aprisionar quem administrava a escola, por isso uma criatura andou contra o Diretor, este saltou apavorado para trás, ela estendeu o seu braço direito desdobrando os seus três dedos magérrimos e a porta fechou-se como se houvesse magnetismo. Então, os estranhos seres agarraram-no, sofreram resistência dele, mas conseguiram deixá-lo inconsciente graças ao toque dos seus dedos homólogos. Depois de concluir a investida, as criaturas assumiram as aparências de cada pessoa aprisionada.