Postagem em destaque

Missão nas Estrelas Teste

sábado, 30 de novembro de 2013

COELHO, Lauro Machado. O Fim da União Soviética: Dez anos que abalaram o mundo, Ática, São Paulo, 1996.

Lauro Machado Coelho ao iniciar a introdução explica que o livro pretende fazer um retrospecto dos antecedentes que levaram à dissolução da União Soviética formalmente acontecido a 25 de dezembro de 1991. Isso marcou o fim da guerra fria e do confronto entre os blocos comunistas e capitalista, além de remodelar o mapa europeu, pois com esse acontecimento as Repúblicas Soviéticas tornaram-se independentes, ressurgindo como Estados Nacionais. O autor diz que a Rússia, o país que representou o modelo do comunismo, aderiu ao FMI e privatizou suas empresas estatais, estimulando a iniciativa privada e mudando sua legislação para atrair investimentos estrangeiros. O Ministério Russo do Interior pediu a cooperação do FBI para ajudar a combater o crime organizado, principalmente a máfia que ganhou proporções internacionais.
Os frutos proibidos. Lauro Coelho Machado conta que antes de a União Soviética acabar ouvir rock, seguir a moda ou cultivar certas formas de lazer eram manifestações burguesas decadentes do ocidente que permaneceram proibidas e foram fortemente reprimidas. Pela primeira vez, romances, filmes e peças de teatro críticos circularam normalmente naquela região. Parte do problema a ser resolvido devido ao fim do comunismo são crise econômica, impasses políticos, proliferação vertiginosa do crime organizado, dificuldade em substituir por instituições novas as estruturas políticas soviéticas. Na Rússia, devido às privatizações há o risco de retrocesso em algumas conquistas socialistas nas áreas de educação e saúde.
No capítulo I o autor começa a descrever os antecedentes. Quando Leonid Bréjnev morreu em 1982, após dezoito anos de permanência no poder, a União Soviética sofria uma grande crise econômica. A população atingiu 270 milhões de habitantes, declinava a taxa de mortalidade e elevava-se a expectativa de vida, aumentando a população idosa inativa, prejudicando a assistência social, em cuja situação agravava-se ainda mais pela emigração, principalmente de membros da comunidade judaica que na União Soviética era discriminada.
Escassez de moradias e de bens de consumo que causavam filas intermináveis eram comuns no cotidiano soviético. A única maneira de se obter diversos produtos era contrabandeando-os pelo mercado negro.
A mais alta taxa de natalidade soviética era asiática, vinda daquelas repúblicas. Ela caiu pela metade e aumentou, assim, as reivindicações dos grupos étnicos asiáticos, obrigando o governo a dar o direito de usar suas próprias línguas e não restringir mais o acesso a certos escalões políticos, exemplifica o autor. Aplicações severas de punições judiciais não eram mais suficientes para coibir especialmente o crime organizado das máfias da Geórgia, do Azerbaijão e Tadjiquistão.
Desde 1978 o crescimento industrial começou a decair, porém a indústria pesada e de armamentos continuava prioritária. Usava-se tecnologia obsoleta para explorar as reservas de óleo e gás natura. Desviava-se muitas matérias-primas para a indústria militar, o que representa uma das causas da falta delas nas fábricas de bens de consumo. Além desses problemas também existia a crise política. Bréjnev retornou a perseguir dissidentes e a nova constituição de 1977 em nada melhorou o respeito das liberdades civis. Em 1971 o tratado Salt-1 foi assinado, atenuando a confrontação entre Estados Unidos e União Soviética. O projeto americano de instalar mísseis nos países-membros da OTAN e o da bomba de nêutrons geraram polêmica entre a Casa Branca e o Krêmlin. Em 1964, um golpe substituiu Kruchóv por Bréjnev e quando este morreu Iuri Andropov foi escolhido, depois Tchernenko e por último Gorbatchóv. Foi este ministro que inicialmente se preocupou em consolidar o poder e depois propor uma reformulação nas estruturas econômicas que ficou conhecida como perestróika e uma política, a glásnost pensada ainda durante a Conferência de Helsinque sobre segurança europeia. Essa era uma política arrojada destinada a mudar a mentalidade social, desburocratizar o país e demonstrar vontade política de reformar o país.
A perestróika acabou criando hábitos consumistas que antes eram desestimulados pelas autoridades e glásnost deu ao povo o direito ao voto partidário e a eleições diretas. O direito à reivindicações aguçou, então, desejos nacionalistas e separatistas antes reprimidos a fim de manter a unidade. O novo chefe de Estado colocou finalizou com o conflito sino-soviético e iniciou as conversações sob os auspícios da ONU para retirar as forças soviéticas do Afeganistão que foi concluída em 1989 após um grande desgaste militar. Aconteceram nesse período também o fim do apoio soviético às ex-colônias portuguesas de Angola e Moçambique e a aceleração do regime de segregação racial na África do Sul. Os Estados Unidos sob a presidência de Reagan interviram na Nicarágua. Os próximos presidentes adotaram posições conciliatórias com a União Soviética, mas foi na Guerra do Golfo quando ela colaborou entregando seu aliado Iraque que as relações internacionais demonstraram haver mudado.
No capítulo 2, o autor conta que Gorbatchóv com a perestróika expulsava os velhos apoiadores do stalinismo e inocentava gente considerada anteriormente traidora do regime, indignando os veteranos dos Partidos Comunistas. Documentários sobre as perseguições dos períodos anteriores começaram a ser mostrados na TV. Gorbabatchóv rompeu com a tradição ao sair para as ruas e ouvir as pessoas sobre os problemas que se agravavam no país. Mas, conservadores e dissidentes ainda consideravam tímidas, incompletas e insuficientes as reformas, porém para elas acontecerem efetivamente fazia-se necessário ampliar os poderes do secretário-geral. O premier fez isso em 1988 ao tornar a presidência um cargo com funções administrativas e aprovar a criação de um Legislativo que seria escolhido por eleições diretas e com voto secreto. Com essa abertura política, a povo descobria possibilidade de se fazer ouvir e realizavam passeatas, greves, manifestações e greves. Os Partidos Comunistas perdiam sua hegemonia, acabando com o monopólio de poder. Em 1990, foi aprovada a lei que permitia a criação de novos partidos políticos, garantiu a liberdade religiosa e estabeleceu a eleição por voto direto do Presidente com mandato de cinco anos e direito a uma única reeleição. Em 02 de julho decidiu-se aumentar a participação da repúblicas na cúpula e reduzir os poderes do Comitê Central, acabando de vez com o monopólio do poder do PCUS.
O movimento separatista espelhava o que acontecia no bloco socialista como um todo e só as repressões do Pacto de Varsóvia podiam contê-lo, mas naquele momento nada podia ser feito. O muro de Berlim foi demolido em 1989 e a Alemanha reunificado e uma revolução na Hungria derrubou o seu ditador Nicolae Ceausescu que com a mulher foi fuzilado. A União Soviética desmoronou como um bloco de cartas, compara o autor.
O autor escreveu no terceiro capítulo que a glásnost obteve os resultados mais rápidos e visíveis na área na área da cultura, onde a repressão do governo foi maior. O papel do Departamento de Censura, a Glavlit, foi reduzido e não se falseavam mais as notícias a fim de passar uma imagem idealizada do país. Na literatura russa, tanto tempo reprimida, iniciou-se uma fase de revisão do passado. Em 1987 na revista Nóvy Mir o poema proibido O Direito à Memória foi publicado, onde Aleksandr Tvadvski, morto em 1971, condenava as supressões fatos e pessoas indesejáveis nos livros oficiais. Livros de ficção e realidade antes censurados agora voltavam a ser publicados. Um censurado foi o Dr. Jivago. Os pintores abstracionistas abandonaram as amostras clandestinas e a música do tipo heavy metal e erudita pode ser ouvida por um público maior. O ano de 1987 também marcou a época do retorno dos filmes censurados. Cinquenta e seis deles censurados foram exibidos. Nesse mesmo ano, a revista de moda alemã Burda começou a circular no país e pouco tempo depois aconteceu a instalação do MacDonalds, a abertura da fábrica de jeans Calvin Klein e a liberação para importar artigos de luxo. Produtos supérfluos começaram a ser consumidos.
O quarto capítulo discorreu sobre os novos da economia. De 1981 a 1985 houve uma sequência de más colheitas por todo o país, obrigando, por exemplo, à importação de cereais. Em 86 o preço do petróleo baixou, duplicando o déficit comercial. Era urgente modernizar a economia e acabar com a escassez de produtos de qualidade. O XII Plano Quinquenal (1986-1990) priorizava o investimento em novas tecnologias, renovar os métodos de gestão estatais e incrementar o comércio com o ocidente. Não deu certo. O planejamento centralizado, então, foi abandonado e buscou-se um programa econômico mais flexível e receptivo às forças do livre mercado. Em 1988 a economia ainda mostrava um desempenho precário e a renda nacional não atingiu o limite necessário. Trinta e cinco por cento da pulação viviam abaixo da linha pobreza. No ano de 1989 foi preciso racionar açúcar. O arrendamento das lavouras passou a ser feito por longo prazo às famílias camponesas e cogitava-se tornar os velhos kolkhozes em cooperativas. Em maio de 1990, o governo tentou o Plano de Transição Gradual para a Economia de Mercado, mas teve de adiar a medida, pois a população correu freneticamente para as lojas.
Em 1991 o governo divulgou as estatísticas nacionais, informando redução do PNB, da renda nacional e um aumento do déficit comercial. A estabilidade política, assim, afirmou o autor, já não era possível.
O quinto capítulo descreveu a morte da União Soviética. Os conservadores começaram a questionar as atidudes de Gorbatchóv. Este em 1991 convocou um pleibiscito, onde 76,4 % do eleitorado concordou em preservar a unidade nacional e propôs o Tratado da União. Isso aumentou ainda mais o descontentamento dos conservadores que tramaram um golpe. Seis e vinte da manhã de 19 de agosto de 1991 a agência TASS divulgou a falsa notícia de que o premier estaria incapacitado de exercer suas funções e em seu lugar assumiu um Comitê Estatal presidido pelo vice que declarou estado de emergência em várias regiões por seis meses. Houve uma forte reação popular contra o golpe, sendo que Boris Iéltsin conclamou a população à resistência. O golpe fracassou. Gorbatchóv mantido prisioneiro voltou a Moscou. Depois disso, a União Soviética desmembrava-se totalmente e tornava-se em Comunidade dos Estados Independentes que sempre funcionou mal e não conseguiu os objetivos para a qual foi criada. Iéltsin tornou-se Presidente da Federação Russa independente em 25 de dezembro de 1991 e herdeira da maior parte do complexo industrial-militar soviético e que não tolera o separatismo de seus membros como a Chechênia. Assim, terminou a guerra fria.

sábado, 9 de novembro de 2013

As populações indígenas do Brasil até 1500




Autor: Itacir José Santim



Estima-se que até a chegada dos portugueses existiam cerca de três milhões de pessoas nas terras que hoje é o Brasil e suas diferenças eram imensas. Atualmente, usa-se a classificação linguística para estudar os povos indígenas do Brasil. Distribuição dos principais povos Tupi – Tupinámbá (Bahia), Tupiniquins (dominaram a costa do Espirito Santo) Guarani – Mbya, Caiua, Nhandeva, Patos, carijós, Arachanes etc. Jê – Tapuías que designavam os Caruíbas e os Cariri, Aimorés ou botocudos em Minas Gerais, Xocleng e Kaingang no sul do Brasil. Aruaques – Terêna (MT), Paresi (RO) Dos povos que os portugueses mais contataram, os tupi-guarani controlavam grande parte do território desde o Maranhão até São Vicente. O Tupinambá era o principal grupo na Capitania da Bahia, enquanto ao sul os Tupiniquins dominavam até a costa do Espírito Santo, embora sempre estivessem sob ameaça dos Aimorés (Botocudos). A organização tupinambá Os tupinambás viviam em aldeias de 400 a 800 indivíduos distribuídos em grandes unidades familiares de 4 a 8 malocas alongadas. As responsabilidades na organização eram divididas segundo o parentesco de linhagem paterna, sexo e idade. Essas duas últimas definições eram mais usadas para definir privilégios e responsabilidades durante a captura de inimigos e no ritual de antropofagia. A economia tupinambá era de subsistência e de autoconsumo. Não se realizava muitas trocas entre as aldeias. Feijão, milho, diversos tubérculos e mandioca, transformada em farinha, faziam parte da alimentação deles. Os Tupinambás praticavam a coivara. Aos homens cabia o trabalho de abrir clareiras e derrubar as árvores maiores. Incendiava-se a vegetação rasteira e aproveitava-se suas cinzas como adubo. As mulheres plantavam colhiam, encarregavam-se dos artesanatos, de cuidar dos filhos e preparavam os alimentos. Os homens pescavam e caçavam. Os tupinambas e seus vizinhos praticavam uma economia de uso, não de troca, suprindo suas necessidades sem a preocupação de produzir excedentes. Organização política em geral Liderança por chefe ou xamã e os guerreiros; Redes estreitas por parentesco e alianças; Esses grupos eram nômades. Importância do chefe. Além das situações de guerra, era dever do líder determinar o deslocamento de uma facção, escolher o terreno para a nova aldeia, supervisionar a construção das malocas e selecionar o terreno para horticultura, além de demonstrar exemplo a todos como começar a trabalhar antes de todos. Em cada maloca também havia um líder, limitando a autoridade do chefe que ficava sujeita ao consentimento dos seguidores. Os xamãs. Eles juntos do líder tinham o papel de guardar as tradições, ser intermediários entre o sobrenatural e os humanos, interpretar sonhos e proteger a sociedade local contra ameaças externas, como espíritos malignos. Também decidiam quando era o melhor momento de guerrear. Antropofagia Antropofagia e sacrifícios causaram muita controvérsia no século XVI, porém ela constituía a base das relações interaldeias. As batalhas frequentemente congregavam guerreiros de diversas unidades locais. Nas vitórias, reuniam-se para comemorar e na derrota para reconstruir suas aldeias. O ritual de antropofagia era aceito por todo mundo, incluir pelo prisioneiro. Ser devorado era uma honra. Preso, o prisioneiro era levado à aldeia, lá bem tratado, pintado, podia ter mulheres, depois morto, conzido, limpo e comido. O executor, também tinha uma preparação e depois de matá-lo adicionava o nome do inimigo ao seu. Os Tupinambás viam no ritual uma espécie de vingança pelos seus ancestrais e essas sociedades indígenas, como antes dito, viam honra nele, conforme Hans Staden relatou. 

Reflexão sobre a antropofagia indígena e a praticada pela Igreja Católica.
Uma observação pessoal. Nem todos os grupos praticavam o ritual antropofágico. É preciso compreendê-lo dentro da cosmologia e dos meios que regiam as sociedades nativas antes da invasão portuguesa e espanhola nas Américas, pois só assim pode se evitar a criação de preconceitos. Ela é parte de um ritual religioso. Não comiam gente por gosto ou por terem fome, mas apenas em cerimônias religiosas ocasionais para adquirir as qualidades da vítima. Continuando o pensamento, a própria Igreja Católica mantém desde sua fundação por Constantino em 325 um ritual antropofágico, a chamada Eucaristia, ou seja, comer o corpo de Deus, correção, o corpo de Jesus Cristo (ele não é Deus, mas seu filho) para adquirir algumas de suas qualidades. Isso é bem próximo do que algumas sociedades indígenas praticavam. Se é horrível pensar em comer carne humana, saiba que os católicos também o fazem, mesmo que simbolicamente, mas o que incomoda e o simples fato de imaginar, mas as pessoas que frequentam a Igreja Católica nunca refletiram sobre isso e levam o ritual da Eucaristia como algo mecânico e aceitam passivamente, sem questionar a prática, por talvez querer viver a fé assim como esses indígenas ou por continuarem achando que dogmas não devem ser questionados, quando isso é uma necessidade e muitos por ventura precisam ser quebrados.
 
 Referências
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2009.
 
 BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: Das Cavernas ao Terceiro Milênio – Da Formação da Europa Medieval à Colonização do Continente Americano. 2° Ed, São Paulo: Moderna, 2006. 
 
 GAMBINI, Roberto. Espelho índio. São Paulo: Axis Mundi: Terceiro Nome, 2000. 
 
 MELLATI, Júlio Cézar. Indios do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1989. 
 
 MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: indio e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
 
 STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Porto Alegre: LPM, 2008. 
 
SCHWARTZ, Stuart B.; MOTTA, Laura Teixeira. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.