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sábado, 9 de novembro de 2013

As populações indígenas do Brasil até 1500




Autor: Itacir José Santim



Estima-se que até a chegada dos portugueses existiam cerca de três milhões de pessoas nas terras que hoje é o Brasil e suas diferenças eram imensas. Atualmente, usa-se a classificação linguística para estudar os povos indígenas do Brasil. Distribuição dos principais povos Tupi – Tupinámbá (Bahia), Tupiniquins (dominaram a costa do Espirito Santo) Guarani – Mbya, Caiua, Nhandeva, Patos, carijós, Arachanes etc. Jê – Tapuías que designavam os Caruíbas e os Cariri, Aimorés ou botocudos em Minas Gerais, Xocleng e Kaingang no sul do Brasil. Aruaques – Terêna (MT), Paresi (RO) Dos povos que os portugueses mais contataram, os tupi-guarani controlavam grande parte do território desde o Maranhão até São Vicente. O Tupinambá era o principal grupo na Capitania da Bahia, enquanto ao sul os Tupiniquins dominavam até a costa do Espírito Santo, embora sempre estivessem sob ameaça dos Aimorés (Botocudos). A organização tupinambá Os tupinambás viviam em aldeias de 400 a 800 indivíduos distribuídos em grandes unidades familiares de 4 a 8 malocas alongadas. As responsabilidades na organização eram divididas segundo o parentesco de linhagem paterna, sexo e idade. Essas duas últimas definições eram mais usadas para definir privilégios e responsabilidades durante a captura de inimigos e no ritual de antropofagia. A economia tupinambá era de subsistência e de autoconsumo. Não se realizava muitas trocas entre as aldeias. Feijão, milho, diversos tubérculos e mandioca, transformada em farinha, faziam parte da alimentação deles. Os Tupinambás praticavam a coivara. Aos homens cabia o trabalho de abrir clareiras e derrubar as árvores maiores. Incendiava-se a vegetação rasteira e aproveitava-se suas cinzas como adubo. As mulheres plantavam colhiam, encarregavam-se dos artesanatos, de cuidar dos filhos e preparavam os alimentos. Os homens pescavam e caçavam. Os tupinambas e seus vizinhos praticavam uma economia de uso, não de troca, suprindo suas necessidades sem a preocupação de produzir excedentes. Organização política em geral Liderança por chefe ou xamã e os guerreiros; Redes estreitas por parentesco e alianças; Esses grupos eram nômades. Importância do chefe. Além das situações de guerra, era dever do líder determinar o deslocamento de uma facção, escolher o terreno para a nova aldeia, supervisionar a construção das malocas e selecionar o terreno para horticultura, além de demonstrar exemplo a todos como começar a trabalhar antes de todos. Em cada maloca também havia um líder, limitando a autoridade do chefe que ficava sujeita ao consentimento dos seguidores. Os xamãs. Eles juntos do líder tinham o papel de guardar as tradições, ser intermediários entre o sobrenatural e os humanos, interpretar sonhos e proteger a sociedade local contra ameaças externas, como espíritos malignos. Também decidiam quando era o melhor momento de guerrear. Antropofagia Antropofagia e sacrifícios causaram muita controvérsia no século XVI, porém ela constituía a base das relações interaldeias. As batalhas frequentemente congregavam guerreiros de diversas unidades locais. Nas vitórias, reuniam-se para comemorar e na derrota para reconstruir suas aldeias. O ritual de antropofagia era aceito por todo mundo, incluir pelo prisioneiro. Ser devorado era uma honra. Preso, o prisioneiro era levado à aldeia, lá bem tratado, pintado, podia ter mulheres, depois morto, conzido, limpo e comido. O executor, também tinha uma preparação e depois de matá-lo adicionava o nome do inimigo ao seu. Os Tupinambás viam no ritual uma espécie de vingança pelos seus ancestrais e essas sociedades indígenas, como antes dito, viam honra nele, conforme Hans Staden relatou. 

Reflexão sobre a antropofagia indígena e a praticada pela Igreja Católica.
Uma observação pessoal. Nem todos os grupos praticavam o ritual antropofágico. É preciso compreendê-lo dentro da cosmologia e dos meios que regiam as sociedades nativas antes da invasão portuguesa e espanhola nas Américas, pois só assim pode se evitar a criação de preconceitos. Ela é parte de um ritual religioso. Não comiam gente por gosto ou por terem fome, mas apenas em cerimônias religiosas ocasionais para adquirir as qualidades da vítima. Continuando o pensamento, a própria Igreja Católica mantém desde sua fundação por Constantino em 325 um ritual antropofágico, a chamada Eucaristia, ou seja, comer o corpo de Deus, correção, o corpo de Jesus Cristo (ele não é Deus, mas seu filho) para adquirir algumas de suas qualidades. Isso é bem próximo do que algumas sociedades indígenas praticavam. Se é horrível pensar em comer carne humana, saiba que os católicos também o fazem, mesmo que simbolicamente, mas o que incomoda e o simples fato de imaginar, mas as pessoas que frequentam a Igreja Católica nunca refletiram sobre isso e levam o ritual da Eucaristia como algo mecânico e aceitam passivamente, sem questionar a prática, por talvez querer viver a fé assim como esses indígenas ou por continuarem achando que dogmas não devem ser questionados, quando isso é uma necessidade e muitos por ventura precisam ser quebrados.
 
 Referências
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2009.
 
 BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: Das Cavernas ao Terceiro Milênio – Da Formação da Europa Medieval à Colonização do Continente Americano. 2° Ed, São Paulo: Moderna, 2006. 
 
 GAMBINI, Roberto. Espelho índio. São Paulo: Axis Mundi: Terceiro Nome, 2000. 
 
 MELLATI, Júlio Cézar. Indios do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1989. 
 
 MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: indio e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
 
 STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Porto Alegre: LPM, 2008. 
 
SCHWARTZ, Stuart B.; MOTTA, Laura Teixeira. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.


domingo, 15 de setembro de 2013

Breve História da Reforma e Contrarreforma

 Autor: Itacir José Santim 

No século XVI a vida humana continuava sendo organizada conforme o calendário, o horário e os ritos religiosos. Os chamados dias santos eram respeitados. Aos sábados e nas vésperas das festas, a jornada de trabalho era reduzida para a preparação das cerimônias religiosas do dia seguinte. A morte como na Idade Média ainda preocupava muito as pessoas que desejavam saber com antecipação o que aconteceria a elas depois que morressem: iriam ao inferno, ao paraíso ou ao purgatório. Muitas pessoas temerosas e com recursos financeiros tentavam buscar uma solução para esse medo através da compra do perdão de Deus (Indulgência) vendido pela Igreja. Se a pessoa em vida tivesse cometido pecados considerados leves e pudessem ser redimidos após morrer ela passaria algum tempo no inferno do meio, conhecido como Purgatório, espécie de inferno temporário, onde passaria por muitos suplícios até ser recompensada com a entrada no paraíso. Seria, então, preciso que a mesma possuísse algum familiar vivo com recursos financeiros. Para isso, o familiar deveria comprar alguma indulgência ou fazer alguma boa obra em nome de quem morreu, assim o tempo de sofrimento poderia ser reduzido ou até mesmo cancelado. Se a pessoa morta fosse um usurário, pessoas que emprestavam dinheiro a juros, tudo o que ela recebeu a mais teria de ser devolvido para receber o perdão divino, senão deveria permanecer no Purgatório.
O clero nesse período era constituído por dois grupos: o alto clero e o baixo clero. Os membros do alto clero eram originários da nobreza e levavam uma vida luxuosa. Pode-se afirmar que eles sempre conseguiam os cargos maiores, mesmo sem ter as atribuições necessárias. Leiam esta crítica extraída do livro História geral das civilizações: os séculos XVI E XVII: os progressos da civilização europeia de Maurice Crouzet (1995):

Essa companhia de cônegos de Notre-Damme, recrutada na alta burguesia ou na nobreza, e entre os teólogos e canonistas mais reputados, mostra-se antes de tudo ciosa de administrar os bens da Igreja e defender os seus direitos e seus privilégios. Os curas das paróquias urbanas de Paris imitam-na. Mas o clero das cidades de província também se ocupa principalmente dos rendimentos de suas castelanias, de suas rendas e de seus dízimos. (p. 94)

Sabe-se também que a vida religiosa era destinada aos filhos mais novos das famílias nobres para evitar a divisão da herança. Já o baixo clero compunha-se de pessoas vindas de famílias pobres e sem prestígio, sendo muitos analfabetos. Eles precisam brigar com os beneficiários de suas paróquias para conseguir alguns centavos e/ou administrar algum negócio como lojas ou albergues com suas famílias e possuem maus costumes: bebem, brigam, jogam etc, conforme o autor acima citado.
A religião tinha se tornado uma sucessão de ritos mecanizados, repetitivos, pois dizia-se apenas palavras e repetia-se os gestos, era preciso acreditar naquilo que a Igreja afirmava, mesmo se contradissesse as Escrituras e nela própria. Nesse contexto, surgiram dois humanistas, os quais passaram a criticar ferrenhamente a Igreja e seus dogmas. Erasmo de Rotterdam e Martinho Lutero, porém eles divergiram entre si. O primeiro escreveu o famoso O Elofio da Loucura e o segundo no Sacro Império Romano Germânico fundou a Igreja Luterana, cujas características estão abaixo:

Quadro Comparativo entre Reforma Luterana e Reforma católica
Reforma Luterana
Reforma Católica (Contrarreforma)
A Bíblia é a única fonte da verdade divina e deve ser lida livremente por todas as pessoas.
A Bíblia só pode ser lida e interpretada por membros do clero.
Fim da hierarquia eclesiástica e do celibato.
Manutenção do celibato e da hierarquia na Igreja.
Abolição dos cinco dos sete sacramentos, restando somente o batismo e a eucaristia (comunhão)
Manutenção dos sete sacramentos: Batismo, Eucaristia, crisma, Penitência ou Confissão, Ordem, Unção dos Enfermos e Matrimônio
Negação da presença era do corpo e sangue de Cristo na hóstia e no vinho.
A Igreja Católica manteve a crença, confirmando-as no Concílio de Trento.
Fim do culto das imagens e santos
Confirmação do culto de imagens e santos.


O sacerdote francês convertido ao luteranismo, João calvino (1519 – 1564) influenciado por Lutero foi mais longe. Registrou sua obra em Instituição da religião cristã, pela qual pregava a aceitação exclusiva das sagradas escrituras, a predestinação e a eliminação das imagens de santos. O calvinismo surgido na Suíça ensinava que o lucro não era pecado e que a única maneira de alguém saber se estava predestinado à salvação era vencer nas relações econômicas com muito trabalho.
Na Inglaterra, o Rei Henrique VIII agindo mais por motivos políticos e religiosos rompe com o Papa em 1534 e publica o Ato de Supremacia. Nos anos posteriores a Inglaterra oscilou entre o Protestantismo e o Catolicismo. Os puritanos aderiram definitivamente às doutrinas calvinistas, dividindo o reino que levariam às Revoluções Inglesas do século XVII.
Enquanto isso, a Igreja Católica realizava a contrarreforma. A Inquisição ressurgiu, a Companhia de Jesus foi criada para difundir o catolicismo, livros foram proibidos através de uma lista chamada Índex e não houve nenhuma alteração da doutrina, conforme definiu os dezoito anos do Concílio de Trento, reunião realizada de 1545 a 1563, pela qual aconteceu a condenação do protestantismo, estabeleceu a doutrina sobre a autoridade do papa, as indulgências, os sacramentos, definiu os deveres e obrigações dos bispos, estabeleceu a regulamentação de formação do clero em seminários, manteve o celibato, proibiu a intromissão dos reis nos negócios eclesiásticos, confirmou o culto dos santos, o carácter indissolúvel do casamento, a crença no purgatório e organizou a congregação do índex. Apesar disso tudo, ela já não detinha mais seu monopólio de poder. Essas grandes mudanças estimularam o desenvolvimento capitalista e Lutero incentivou a alfabetização. Também muitas guerras religiosas aconteceram por toda a Europa, causando como consequência a fuga de milhares de pessoas para a América do Norte, constituindo, por exemplo, as Treze Colônias da América.

Referências:
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: Das Cavernas ao Terceiro Milênio – Da Formação da Europa Medieval à Colonização do Continente Americano. 2° Ed, Moderna, São Paulo, 2006.
CROUZET, Maurice. História geral das civilizações: os séculos XVI e XVII: os progressos da civilização europeia, Bertrand, Rio de Janeiro, 1995.

FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. Editora Ática, São Paulo, 2005.

SOUZA, Osvaldo Rodrigues. História moderna e contemporânea. Ática, São Paulo, 1988.



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um antecedente da "Independência" do Brasil na visão de Maria Graham: Conflito entre as Juntas Governativas de Recife contra a de Goiana

Conflito entre as Juntas Governativas de Recife contra a de Goiana
Autor: Itacir José Santim 

Maria Graham nasceu em Pepscastle, perto de Cockermouth, na Inglaterra, em 19 de junho de 1785 e viveu até 1842. Ela era filha do comissário do Almirantado Britânico vice-almirante George Dundas. Recebeu boa educação e tornou-se hábil conhecedora em literatura inglesa e estrangeira, arte e uma excelente desenhista. Seu primeiro livro de viagens surgiu após a viagem à Índia feita com o pai em 1808. No ano seguinte, casou-se com o Capitão da Marinha Thomas Graham. Pode-se afirmar que foi uma das viajantes beneficiadas com a abertura dos portos brasileiros permitida por D. João VI. Em 1821, a bordo da Fragata Dóris capitaneada pelo marido ela, como professora de literatura de uma turma de guardas-marinha, vem pela primeira vez ao Brasil, desembarcando em Pernambuco, onde o governador Luís do Rêgo sentiu dificuldades em recebê-la, devido ao sítio de Recife pelas forças que apoiavam a Junta Governativa de Goiana. O bloqueio efetuado por elas tornou necessário que o Capitão Graham enviasse uma missão para negociar a liberação de víveres ao navio e graças a isso sua esposa conseguiu deixar para a posteridade uma viva descrição sobre a junta revolucionária estabelecida em Goiana. A segunda visita ocorre em 1822 após retornar do Chile.
Os antecedentes do conflito. Revolução Liberal em Portugal. Em 24 de agosto de 1820, constituíram-se na cidade do Porto as Cortes que exigiam a promulgação de uma constituição liberal nos moldes da espanhola, cujo juramento o Rei D. João VI deveria prestar antes de ela ser aprovada pela assembleia e o seu retorno imediato ao Reino.
Brasil. Pernambuco. A notícia dos acontecimentos em Portugal causou expectativas entre as elites agrárias pernambucanas que viam nela a possibilidade de maior autonomia à província e passaram a desconfiar do Rio de Janeiro como um defensor do Antigo Regime. Em Pernambuco, o governado Luís do Rêgo Barreto, tendo observado a situação como um militar experiente que participou das guerras napoleônicas, decidiu reconhecer as autoridades das cortes lisboetas e sua constituição, conforme o decreto régio, assim a 3 de março no Recife ele reuniu as autoridades locais, a tropa e o povo a fim de efetuar o juramento. Quatro dias depois, a contragosto, o rei embarca de volta a Portugal.
O governador depois promoveu uma eleição a um conselho consultivo composto por pessoas que o apoiavam e no fim do mês nomeou a Junta Constitucional Governativa que só se reportaria a Lisboa, conforme os decretos das Cortes de 24 de abril. Esses acontecimentos aumentaram os descontentamentos em Pernambuco, cuja memória da Revolução de 1817 persistia e as execuções do ano anterior agravaram a situação, o que fez o governador conduzir cautelosamente a nova política, inclusive conciliando os presos dela soltos na Bahia após a formação da nova junta governativa de lá. Enquanto, isso silenciosamente formava-se a resistência contra esta denominada de Junta de Recife, cuja liderança coube a Francisco de Paula Gomes dos Santos, um rico plantador que perdeu tudo por ter atuado no conflito citado acima e participaram da organização da conspiração realizada no engenho de Cangahu Felipe Mena Calado, escrivão português do Ceará, Manuel Cavalcanti de Albuquerque, um dos irmãos Cavalcanti, ambos soltos da prisão da Bahia, e Joaquim Martins da Cunha Souto Maior, dono da propriedade.
Luís do Rêgo havia se negado a promover uma eleição para a Junta Governativa aumentando a oposição e passando a ser alvo de uma tentativa de assassinato à bala cometida em 21 de Julho por João Souto Maior que fracassou e fez aumentar a repressão pelo governo lega.
Em 29 de setembro de 1821, seiscentos homens compostos da milícia, de desertores da companhia de caçadores e de outras forças nativas, sob o comando do Tenente-coronel de milícias Manuel Inácio Bezerra de Melo invadem a Câmara Municipal de Goiana proclamando o fim do governo de Luís do Rêgo e estabelecendo naquela localidade, perto da fronteira com a Paraíba, um governo provisório até haver condições de estabelecer uma junta constitucional na capital.
Na noite de 21 de setembro, antes do desembarque de Maria Graham, os opositores atacaram Olinda ao norte e Afogados ao sul, mas foram rechaçados pelas forças realistas e depois aconteceu um novo ataque em 1° de outubro ao segundo local citado, tendo causado a mesma consequência anterior. Na manhã desse dia, a Junta de Recife dirigiu um manifesto à de Goiana oferecendo-lhe a paz e reiterando que Luís do Rêgo estava pronto a se demitir, ademais ela insinuou que o governo contava com apoio das fragatas inglesas e francesas ancoradas em Recife, porém segundo a viajante e esposa do Capitão da Dóris, a tripulação só tinha ordens de atuar na proteção da propriedade inglesa na cidade. Enquanto nas outras províncias, as eleições de juntas enfraqueciam o poder da elite local que dependia do apoio dos militares acontecia o oposto em Pernambuco governado por um, cuja capacidade administrativa reduzia-se.
Maria Graham teve a oportunidade de se encontrar com os membros da Junta de Goiana, devido ao bloqueio efetuado por seus membros que impediu o retorno de roupas pertencentes ao navio de guerra britânico e o embarque de mantimentos. Ao seguir até o quartel deles, ela encontrou na cavalgada uma deputação paraibana que ia propor condições a Luís do Rêgo. Na sede, escutou um longo discurso do secretário Filipe Mena Calado da Fonseca que expôs a injustiça do governo em relação ao Brasil, aos pernambucanos em particular e do governador português, justificando, assim, a constituição da junta adversária. O discurso lembrou-a dos manifestos carbonários italianos. Em seu diário datado de 1821, questionou se o governador não poderia ser chamado de rebelde por infidelidade ao rei. Os membros da Junta de Goiana alegavam não querer prejudicar D. João VI e estavam cientes do que dizia o decreto das cortes.
Sem uma alternativa para a vitória, a Junta de Recife decidiu dialogar. Em 05 de outubro, na povoação de Beberibe, aconteceu o encontro entre a deputação paraibana representando a Junta de Goiana com Luís do Rêgo e seus membros. Eles acordaram em deixar Recife sob o comando do governador e o restante com os goianos até a eleição de uma nova. Segundo, registra a viajante ambos os lados deveriam passar a ter representantes no conselho e parte igual na administração, os opositores deveriam retirar as tropas invasoras e permitir que o governador cuidasse dos negócios militares até chegar novas ordens de Lisboa.


Referências:
CARVALHO, Marcus J. M. Cavalcantis e cavalgados: a formação das alianças políticas em Pernambuco, 1817-1824. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.18, n.36. 1998. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S01020188199 8000200014&lng=e n&nrm=iso >. Acesso em: 28 out. 2012.

COSTA, Emília Viotti. Da Monarquia à República: Momentos Decisivos. 1a ed, Editorial Grijalbo, São Paulo, 1977.

GRAHAM, Maria. Diário de uma Viagem ao Brasil. Edusp, São Paulo / SP, 1990. (Coleção Reconquista do Brasil)


domingo, 28 de julho de 2013

Missão nas Estrelas II Curiosidades e aguardem o próximo episódio

Enquanto preparo o novo episódio, aqui estão algumas curiosidades da série de contos que comecei na minha adolescência e agora reescrevo para dividir com vocês.
A Viagem da Espaçonave Horizontes antes de ser reescrita chamava-se de O Novo Reino e foi o episódio que começou com a série. O leitor vai questionar a numeração das narrativas que escolhi. Para ela, decidi considerar os episódios O Império Estelar e A Ameaça do Horizonte como únicos, embora sejam duas histórias e escritas com um ano de diferença.
Nessa história, tivemos o retorno do personagem Ender Shin. Envelhecido e já no posto de Almirante da Armada Espacial, ele recebe ordens para voltar a capitanear a nave Horizontes, construída em segredo faz noventa e cinco anos na cronologia da série e encontrar um planeta onde haveria uma civilização com poder o suficiente para derrotar Zark. Como o alienígena, comentou: “Vieram atrás de um milagre”. Podem achar estranho, mas foi isso mesmo. O achar que conseguindo encontrar uma espécie de deus as coisas poderiam ser resolvidas num passo de mágica. Essa ideia surgiu-me enquanto eu reescrevia a estória e fazem parte das mudanças durante o processo de reescrita. A ideia original era que Ender Shin procuraria por esse sistema por uma civilização que se aliasse à Liga Interplanetária e pudesse derrotar Zark através de um conflito em conjunto.
A ideia de Império vem de Star Wars, porém em muitas narrativas de Sci-Fi vários impérios galácticos foram criados. A origem da concepção, segundo um livro de crítica literária para Ficção Científica está na inspiração de autores no reinado da Rainha inglesa Elisabeth I e suas políticas imperialistas. O mais conhecido na literatura deve ter sido o Império Galáctico que ruiu nos fantásticos e emocionantes episódios da série Fundação do Isaac Asimov. A concepção e origem de Zark na série Missão nas Estrelas ainda não foi totalmente desenvovida.
Bem, voltando a tratar da narrativa. Ela se passaria em outra galáxia e cinco bilhões de anos antes de nossa existência. Tinha escrito: “...o universo tem apenas dez bilhões de anos” e não quinze ou vinte como nossos astrofísicos teorizam, conforme observações de estrelas antigas. Preferi transferir tudo para a Via Láctea.
O setor de Épisilon Eridani. A estrela encontra-se há 10,5 anos-luz. É uma anã alaranjada e foi pesquisada na procura por vida inteligente através da radioastronomia em 1960. Decidi ao reescrever colocar o cenário Estrela de Mira nessa região. É preciso imaginar um cubo e colocar estrelas em seu interior, sugiro, para melhor compreender. Isso corresponde a um setor, divisão usada na série pela Liga Interplanetária ao mapear a galáxia para facilitar a navegação.
O Império Zark, mesmo depois de sua repentina aparição em A Ameaça do Horizonte e noventa e cinco anos depois ainda é incompreendido, pois não defini suas características principais ainda, excetuando uma profunda relação com a Civilização Escorpiana que apareceu nas narrativas anteriores e é a espécie do General Kalar. Nesse episódio, além desse personagem podem ser vistos em duas ilustrações a bordo da nave Horizontes.
O salto interestelar mais rápido q ue a velocidade da luz não pode ser executado devido à limitações impostas pelo universo, cuja explicação encontra na Teoria da Relatividade Especial. Nenhum corpo pode ser mais rápido que a velocidade da luz. Bem, mas não há nada fisicamente que impeça viajar a velocidades próximas dela. Eu, por necessidades da trama na série, decidi que pela quinta dimensão, dentro dos buracos de vermes as espaçonaves como a Horizontes excederiam esse limite. Na trama as leis que regem o hiperespaço diferem um pouco das do universo físico, o qual temos consciência. Isso se chama de tecno baboseiras. Concepções ou conceitos científicos inventados por escritores de Ficção Científica para reger a trama e impor ou exceder limites impossíveis para a realidade.
A título de curiosidade, essa foi a segunda vez que a nave Horizontes apareceu como cenário e a primeira vez demonstrando a sua utilização. Nos próximos dois episódios, ela não mais aparecerá. O estrago foi tão grande que passará meses no estaleiro para reparos. Os desenhos dela foram praticamente refeitos literalmente, principalmente o da cena em que ela passa pela frente do sol e é interceptada pela nave discoide. Escaneei a nave do quinto episódio que está sendo escrito e ao apagar os elementos problemáticos e refazer os traços antes de colorizar inseri o novo elemento. As ilustrações originais foram feitas a lápis em 2002 e todas são em preto e branco. Aqui está o desafio que espero conseguir continuar.

Aos leitores minha gratidão.
Aceito críticas e sugestões de bom grado. Elas podem ser feitas pelo e-mail da página de créditos.

http://universofantasticodeijsantim.blogspot.com.br/2013/01/missao-nas-estrelas-ii-viagem-da.html