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domingo, 16 de setembro de 2012

Admirável Mundo Novo: Exemplo de processo de Aprendizagem e Condicionamento Pavloviano





O livro Admirável Mundo Novo escrito em 1932 pelo inglês Aldous Huxley, publicado no Brasil pelo Circulo do Livro, é uma daquelas obras da Ficção Científica que exemplifica, considerando a época quando foi escrito o lado bom e ruim de se ter uma sociedade projetada através do conhecimento da biologia e das teorias comportamentais. É um romance louco, principalmente aos que estão acostumados a fazerem leituras sem demasiadas excentricidades.

Nele, devido às incertezas do período por causa da ascensão de governos totalitários ao poder, a crise econômica e o medo de uma nova guerra mundial, onde possivelmente a Alemanha ou a União Soviética desenvolveriam a primeira bomba atômica, ameaçando a destruição da civilização, o autor imaginou apenas duas possibilidades para o futuro distante: vários governos totalitários usando a ciência para construir mais armas nucleares espalhando o terror global ou constituir apenas um que através do conhecimento projetaria a partir de centros de reprodução humana artificial a nova sociedade. Huxley afirmava que só as descobertas da biologia, fisiologia e psicologia poderiam contribuir para melhorar a qualidade da vida humana. Através delas, os males que atormentam os indivíduos e que surgiram com o desenvolvimento gradual da cultura poderiam ser eliminados através de técnicas do condicionamento pavloviano e operante.

O romance inicia mostrando um laboratório denominado Centro de Incubação e Condicionamento de Londres Central e o lema do Estado Mundial: comunidade, identidade, estabilidade. Isto quer dizer que o governo controla toda a reprodução humana e por mais estranho que possa parecer as mulheres não ficam mais grávidas. Os bebês após a fertilização artificial que permite gerar centenas de indivíduos iguais, praticamente em escala industrial, desenvolvem-se em “úteros artificiais.” As mulheres não aceitam mais procriarem e as famílias compostas de mãe, pai e filho não existem mais. Foi criado o lema bastante “democrático” de que “todos são de todo mundo” e o objetivo do sexo alterou-se para apenas a busca pessoal por satisfação e prazer. A sociedade divide-se em castas, conforme a função que cada indivíduo foi condicionado ainda antes de nascer e durante sua infância no laboratório.
Relacionado às ideias sobre o condicionamento pavloviano, no capítulo II há uma cena em que enfermeiras distribuem numa longa fila vasos com rosas e em outra extremidade de flores de outras espécies. Posteriormente, elas trouxeram livros, distribuíram-os abertos em páginas com gravuras chamativas para crianças e foram pegar uns bebês de oito meses de idade. Eles foram liberados a fim de poderem engatinhar à vontade pela sala e mexerem no que ali estava posto. Engatinharam após um curto momento de quietude às rosas e aos livros abertos. Tocaram nos objetos, despetalando-as e amarrotando as páginas dos livros, enquanto alegravam-se. Quando a alegria, a concentração das crianças nas coisas, atingiu o ápice a enfermeira-chefe baixou uma alavanca fazendo soar com intensidade cada vez maior campainhas de alarma. “As crianças sobressaltaram-se, berraram; suas fisionomias estavam contorcidas pelo terror.” (p. 31) Ela baixou uma segunda alavanca causando maior desespero nelas, pois estavam tomando choques elétricos vindos do chão eletrificado. Depois de parar com essas duas ações, as enfermeiras ofereceram novamente as flores e os livros. “(...) Mas à aproximação das rosas, à simples vista de imagens alegremente coloridas do gatinho, do galo que faz cocoricó e do carneiro que faz bé, bé, as crianças recuaram horrorizadas; seus berros recrudesceram subitamente.” (p.32)

O que aconteceu na cena foi uma associação que as crianças fizeram aos livros e o barulho intenso, as flores e o choque elétrico e após variadas repetições seria concluída. Elas, então, cresceriam com um ódio “instintivo” aos livros e às flores, assim aprenderam a detestar o campo e à literatura. É o condicionamento clássico, o qual consegue reprimir a liberdade individual até certo nível. Aplica-se-o em casa, possivelmente. O livro tem muitos outros exemplos, mas o mais memorável a mim ao aprendizado foi o dessa descrição. Huxley imaginou uma sociedade organizada em castas, onde cada indivíduo seria condicionado a uma tarefa específica durante o seu desenvolvimento e que a estabilidade mundial resultaria do controle de natalidade feito com o auxílio de estatísticas exatas, assim como numa fábrica quando se calcula quanto vai se gastar de matéria-prima para atingir a meta necessária de produção.

Uma dica com outros exemplos é o livro Laranja Mecânica do Anthony Burgess que Hollywood tornou filme.

sábado, 14 de abril de 2012

"O homem faz-se a si próprio"

Esta postagem é uma tentativa de dissertar sobre a evolução da espécie humana em uma aula da Disciplina de Arqueologia e Pré-História no Curso de História. Há uma mistura de Ciência e Filosofia.
Licença Creative Commons
O trabalho "O homem faz-se a si próprio" de Itacir José Santim foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - CompartilhaIgual 3.0 Brasil.


O homem faz-se a si próprio.”
Texto de: Itacir José Santim.
Cliffort Geertz em seu texto Transição para a Humanidade usa a expressão “o homem faz-se a si próprio” ao considerar que o ser humano atual representa o resultado de transformações tanto biológicas como cultural. Para antropólogos e historiadores esse é um fato, cuja discussão não é necessária, porém para aceitá-la o acadêmico precisa, pelo menos por uns instantes, esquecer das influências religiosas, da ideia de Deus como personagem principal explicando todo o processo da “criação”, de questionar o porquê de nossa existência e considerar somente as teorias científicas de como e onde surgiu a espécie humana. Assim, a expressão torna-se aceitável para se referir ao modo que o ser humano começou a produzir cultura e à formação de sua constituição física e biológica atuais.
O texto, discutido na aula passada, afirma que a capacidade de o ser humano comunicar-se, de produzir símbolos e dar significado aconteceu durante um processo demorado de transformações, cujo resultado foram várias mutações genéticas, adaptações como o aumento da massa cerebral em forma de “empilhamento”, a presença do dedo polegar que permite a ele fazer movimentos em pinça e a visão estereoscópica. Em Biologia, denomina-se isso de seleção natural, pela qual sobrevive num dado hábitat aqueles que nasceram adaptados a ele. Nesse contexto, imaginando o passado distante, por exemplo, numa selva escura, os primatas com olhos frontais e uma visão tridimensional graças à sobreposição do campo visual garantiram a sobrevivência deles. O aumento do número variado de estímulos que os hominídeos receberam devido aos seus aspectos físicos gerou a necessidade de uma reorganização do sistema neural para passar a colher e armazenar mais informações, aumentando, consequentemente, a massa cerebral. Novas camadas foram adicionadas sobre a primordial a fim de que surgisse no cérebro novas áreas sensoriais, de armazenamentos temporários e permanentes e de raciocínio intuitivo e lógico. Instintivamente, os hominídeos aprenderam a usar toda capacidade cerebral conforme suas experiências cotidianas. Ao passar dezenas de milhares de anos, o que tinha melhores condições de sobrevivência passou a ter uma maior capacidade de intuição, diferenciou-se do grupo, tornou-se individualista, criou as noções de propriedade primitiva, os primeiros aspectos culturais e os regramentos iniciais de sociedade e passou a dominar os menos favorecidos. Nota-se aqui o quão difícil é argumentar sem depender da filosofia.
Quando o ser humano tornou-se comunicativo e a se comportar segundo os padrões sociais, ele se tornou dependente, além da natureza de si mesmo e de seus semelhantes, pois no novo tipo de vida já não se podia mais viver como os outros animais. Vagarosamente, sua força física, agilidade na floresta e a intensidade de seu instinto natural diminuíram, pois não tinha mais muita necessidade, já que prevaleceram as conveniências sociais. Jean-Jacques Rousseau cita isso em seu ensaio A Origem da Desigualdade entre os Homens. É impossível não relacionar seu trabalho com a evolução, embora ambas as teorias tenham sido elaboradas em contextos históricos distintos. Ainda sobre a evolução cerebral, causa para o surgimento da cultura, não se pode deixar sem destacar que atualmente constatou-se que o tamanho do cérebro é reduzido, segundo a densidade populacional, pois os indivíduos em sociedades não dependem de uma inteligência maior para sobreviver, tendo ajuda dos outros membros. Mais uma vez, o comportamento influenciando e a expressão “o homem faz-se a si mesmo” continua valendo.
Referências:
Texto: Transição para a Humanidade de Clifford Geertz
Estudo: redução do cérebro humano é sinal evolutivo

EVOLUÇÃO HUMANA:
Levin,R. Evolução Humana. S. Paulo, Ateneu Editora, 1999, 526 pp.
MacAndrew, A. FOXP2 and the Evolution of Language.
http://www.evolutionpages.com/index.htm
Neves, W. A. E no princípio... era o macaco!Estudos avançados 20 (58), 2006
Arquivo em PDF baixado de:
Livro: A Origem da Desigualdade entre os Homens; Rousseau, Jean-Jacques; Editora Escala
Livro: Biologia em Foco; Carvalho, Wanderlei, Editora FTD







segunda-feira, 9 de abril de 2012

E se há dez mil anos tivéssimos sido visitados?




Este texto é o prologo de um livro que por ora eu cancelei
Criado em: 08/10/2009

A Grande Floresta das Sombras. Um ambiente gelado, repleto de árvores tão altas e com copas volumosas que impediam a passagem da luz solar para a superfície, perturbada por espíritos que buscam o eterno descanso, contendo assustadores monstros e mistérios capazes a coragem dos maiores guerreiros das tribos da região. Dentro desse lugar, correndo já ferido, com a pele de seus membros rasgada, o caçador fatigado perseguia a sua presa. Ele precisava matá-la, conseguir carne e impedir que o povo de sua aldeia passasse fome, além de conquistar o seu lugar de valor e a esposa desejada. Fazia muitas luas desde o prélio de sua caçada.
Construiu armadilhas, farejou o rastro de um monstro perigoso que garantiria alimento, óleo para uma fogueira e um grosso agasalho a fim de resistir aos dias gelados, e iniciou um difícil combate. Infelizmente, a besta fera tinha o vencido de dia com suas garras afiadas, mas naquela noite, a última de lua cheia, o duelo final aconteceria e escolheria o guerreiro mais forte.
O caçador tinha adentrado muito na floresta. Ninguém havia ousado ir para onde a escuridão impera, exceto ele, um homem desesperado, já se sentindo perdido, desorientado e faminto. A besta nesse instante se encontrava distante se não estivesse faminta, pois sendo assim ela o esperaria para atacá-lo, estripá-lo e comê-lo ainda vivo.
O caçador empunhando a sua lança com a mão direita, carregando o arco e as flechas a tiracolo tentava desviar dos troncos de árvores, batia neles, caía no meio de espinhos, erguia-se e voltava a correr. Ele precisava escapar da escuridão, pois sentia que os estranhos moradores da floresta procuravam-no sedentos de sangue. Virava-se para todas as direções, ouvia os rugidos dos monstros e corria velozmente até que uma pequena abertura alumiada devido ao brilho da lua cheia surgiu. Sentia que não conseguiria alcançar o objetivo. Parecia que a distância não diminuía, quando sua visão diminuiu, o caçador tropeçou em um amontoado de pedras ocultadas sobre a relva.
Instantes depois, ele se ergueu e descobriu estar no meio de uma grande clareira, um circulo perfeito dentro da floresta que perturbava a paz humana. Então, sentindo-se seguro olhou para o alto a fim de se localizar pelas fogueiras das tribos celestes e teve medo. Não era a lua que iluminava fortemente a superfície, mas um clarão vermelho intenso vindo do céu de parte do lado direito da clareira. O que era aquilo? A floresta em chamas? Mas, cadê a fumaça do incêndio e por que os animais estavam quietos?
O caçador nada entendeu. Ele se agachou na relva temendo aquele clarão que se intensificava e consigo vinha um vendaval. Surgiu repentinamente uma esfera de fogo que cegava quem observava. O ruído desse novo monstro lembrava a um trovão e continuava ininterruptamente. Toda a clareira refletiu a intensa nesse instante.
O caçador permaneceu escondido e apavorado com a visão de um objeto gigantesco repleto de pequenas chamas sitas a distâncias concêntricas de um circulo flamejante central. Ele não compreendeu o formato geométrico do objeto. Um polígono oblongo de seis lados, com as extremidades maiores que as laterais e de revestimento externo escuro. Um feixe luminoso de seu centro atingiu a superfície amassando a relva.
O caçador ergueu-se subitamente aturdido e pôs a correr de volta para dentro da floreta sem pensar em qual direção havia seguido. Ele tinha visto algo proibido por suas crenças, fabuloso e inacreditável: os deuses visitando seu mundo.























segunda-feira, 2 de abril de 2012

Parte do Capítulo L de O Encontro Final

Capítulo L (Pág. 105)

       (...)
No acampamento, o comandante fazia um gesto de puro amor pelo Estado do Rio Grande do Sul que sentiu sobre seus pagos a marcha de grandes exércitos e viu homens valentes lutando em nome de ideais como liberdade, democracia e igualdade. Era algo simples, mas muito simbólico para quem sempre viveu nessas terras e lutou várias batalhas por elas. João passou uma cuia de mate amargo para um soldado de aparência bem cansada que tentava se aquecer próximo do fogo de chão que aquentava a água de uma chaleira encarvoada. Ali, acontecia como em muitos lugares desse rico chão a ‘roda de chimarrão’, enquanto todos os militares esperavam as carnes espetadas em bambus fincados no chão ao redor da fogueira terminarem de assar. O calor fazia a água borbulhar e a gordura do churrasco despencar queimando a grama verde do campo de futebol.
O mate amargo ajudava a aquecer os corpos cansados de quem tentava combater uma forma maligna cuja aparência poderia ser de qualquer individuo e também ele aproximava as pessoas que proseavam acerca de suas vidas como se todo mundo ali presente conhecesse-se fazia muito tempo. O chimarrão dispensado de um exame científico para provar o seu efeito psicológico sobre as relações humanas e passado de mão em mão causava o nascimento de novas amizades, além de conseguir aprofundar as antigas. Dessa maneira, o grupo permanecia unido e estabilizado em mais uma noite tranquila que o inimigo de outro mundo poderia perturbar, mas os soldados não se aturdiriam, pois eles levantariam suas espadas e seus escudos para a grande batalha.
Sentir o sabor amargo e suave de um mate quente cevado com a erva mais pura que existe na companhia dos melhores amigos tornou-se uma maneira de manter vivos os antigos ideais que os primeiros gaúchos começaram a cultivar e de lutar para a sobrevivência de uma cultura enraizada por este chão e cuja influência estrangeira tenta destruir. Cada cuia passada a uma nova pessoa traz de volta lembranças de épocas antigas, onde o mal imperava e a ousadia de muita gente corajosa tentava trazer o bem de volta a quem sofria por causa da dominação dos mais poderosos. Ela relembra com honra os indivíduos valorosos que o tempo extinguiu.
(...)