Esta postagem é uma tentativa de dissertar sobre a evolução da espécie humana em uma aula da Disciplina de Arqueologia e Pré-História no Curso de História. Há uma mistura de Ciência e Filosofia.
O trabalho "O homem faz-se a si próprio" de Itacir José Santim foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - CompartilhaIgual 3.0 Brasil.
O trabalho "O homem faz-se a si próprio" de Itacir José Santim foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - CompartilhaIgual 3.0 Brasil.
“O homem faz-se a si próprio.”
Texto
de: Itacir José Santim.
Cliffort Geertz em seu texto Transição para a Humanidade usa
a expressão “o homem faz-se a si próprio” ao
considerar que o ser humano atual representa o resultado de
transformações tanto biológicas como cultural. Para antropólogos
e historiadores esse é um fato, cuja discussão não é necessária,
porém para aceitá-la o acadêmico precisa, pelo menos por uns
instantes, esquecer das influências religiosas, da ideia de Deus
como personagem principal explicando todo o processo da “criação”,
de questionar o porquê de nossa existência e considerar somente as
teorias científicas de como e onde surgiu a espécie humana. Assim,
a expressão torna-se aceitável para se referir ao modo que o ser
humano começou a produzir cultura e à formação de sua
constituição física e biológica atuais.
O texto, discutido na aula passada,
afirma que a capacidade de o ser humano comunicar-se, de produzir
símbolos e dar significado aconteceu durante um processo demorado de
transformações, cujo resultado foram várias mutações genéticas,
adaptações como o aumento da massa cerebral em forma de
“empilhamento”, a presença do dedo polegar que permite a ele
fazer movimentos em pinça e a visão estereoscópica. Em Biologia,
denomina-se isso de seleção natural, pela qual sobrevive num dado
hábitat aqueles que nasceram adaptados a ele. Nesse contexto,
imaginando o passado distante, por exemplo, numa selva escura, os
primatas com olhos frontais e uma visão tridimensional graças à
sobreposição do campo visual garantiram a sobrevivência deles. O
aumento do número variado de estímulos que os hominídeos receberam
devido aos seus aspectos físicos gerou a necessidade de uma
reorganização do sistema neural para passar a colher e armazenar
mais informações, aumentando, consequentemente, a massa cerebral.
Novas camadas foram adicionadas sobre a primordial a fim de que
surgisse no cérebro novas áreas sensoriais, de armazenamentos
temporários e permanentes e de raciocínio intuitivo e lógico.
Instintivamente, os hominídeos aprenderam a usar toda capacidade
cerebral conforme suas experiências cotidianas. Ao passar dezenas de
milhares de anos, o que tinha melhores condições de sobrevivência
passou a ter uma maior capacidade de intuição, diferenciou-se do
grupo, tornou-se individualista, criou as noções de propriedade
primitiva, os primeiros aspectos culturais e os regramentos iniciais
de sociedade e passou a dominar os menos favorecidos. Nota-se aqui o
quão difícil é argumentar sem depender da filosofia.
Quando o ser humano tornou-se comunicativo e a se comportar segundo
os padrões sociais, ele se tornou dependente, além da natureza de
si mesmo e de seus semelhantes, pois no novo tipo de vida já não se
podia mais viver como os outros animais. Vagarosamente, sua força
física, agilidade na floresta e a intensidade de seu instinto
natural diminuíram, pois não tinha mais muita necessidade, já que
prevaleceram as conveniências sociais. Jean-Jacques Rousseau cita
isso em seu ensaio A Origem da Desigualdade entre os Homens. É
impossível não relacionar seu trabalho com a evolução, embora
ambas as teorias tenham sido elaboradas em contextos históricos
distintos. Ainda sobre a evolução cerebral, causa para o surgimento
da cultura, não se pode deixar sem destacar que atualmente
constatou-se que o tamanho do cérebro é reduzido, segundo a
densidade populacional, pois os indivíduos em sociedades não
dependem de uma inteligência maior para sobreviver, tendo ajuda dos
outros membros. Mais uma vez, o comportamento influenciando e a
expressão “o homem faz-se a si mesmo” continua valendo.
Referências:
Texto: Transição para a Humanidade de Clifford Geertz
Estudo: redução do cérebro humano é sinal evolutivo
EVOLUÇÃO HUMANA:
Levin,R. Evolução
Humana. S. Paulo, Ateneu Editora, 1999, 526 pp.
MacAndrew, A. FOXP2
and the Evolution of Language.
http://www.evolutionpages.com/index.htm
Neves,
W. A. E no princípio... era o macaco!Estudos avançados 20 (58),
2006
Arquivo em PDF
baixado de:
Livro: A Origem da
Desigualdade entre os Homens; Rousseau, Jean-Jacques; Editora Escala
Livro: Biologia em
Foco; Carvalho, Wanderlei, Editora FTD